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Terça-feira, 16 de abril de 2024

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África Abuntu

Fotógrafa de Sinop cria projeto e vende telas para ajudar causas sociais da África

Foto: Arquivo Pessoal

Celita (dir.) na África

Celita (dir.) na África

Uma angústia no peito, uma preocupação, um incômodo muito grande. A paranaense radicada em Sinop, Celita Schneider, – hoje com 31 anos – lembra-se bem de quando começou a ter essa sensação, que só foi sanada ao viajar para a África e iniciar um projeto social com seu dom: a fotografia. Hoje, quatro anos depois do primeiro passo, o ‘África Abuntu’, que nasceu de tudo isso, continua agindo e pretende crescer ainda mais.

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“Na verdade em 2014 eu estava sentindo um incomodo muito grande, uma preocupação, angústia, e eu pedi pra Deus me mostrar o que era”, contou ao Olhar Conceito. “Eu fui pra um congresso de fotografia em São Paulo, comprei alguns livros, e na volta eu acabei vendo uma história de um fotógrafo que tinha ido pra uma guerra na África, postado uma foto num jornal francês, e arrecadado milhões praquele lugar”.

A história inspirou Celita. No mesmo ano, ela conseguiu ir para Uganda junto a um grupo missionário da igreja católica que frequenta. “Meu projeto era sempre de ir pra África fotografar a realidade lá, trazer pro Brasil, vender e arrecadar dinheiro pra eles. Surgiu dessa vontade de poder ajudar com as minhas imagens”.

Assim nasceu o ‘África Abantu’ (Abantu significa ‘humano’ no dialeto de Mwisi, cidade da Uganda). A fotógrafa ficou na cidade por vinte dias, depois voltou, fez uma exposição, vendeu algumas telas e arrecadou R$12.650. O dinheiro, no entanto, ficou parado por um tempo, já que os missionários também voltaram, e Celita não tinha condições de segurança de voltar sozinha para o continente para levá-lo.

Em 2017, um empresário cuiabano decidiu ajudar o grupo missionário, que viajou para Uganda. Celita os encontrou em 2018, junto com outras duas pessoas de Sorriso. Desta vez, ela, Laynara Katize Cibele Pasini, Guilherme D`Ávila, Graziela Filipetto e Julia Parizzi também viajaram ao Quênia, onde Celita descobriu outros projetos sociais que quer ajudar. 

De volta ao Brasil, o ‘África Abantu’ segue se estruturando e ainda quer crescer. “A gente vai ter um CNPJ disso, uma conta bancária. A gente [quer] ter vários produtos com imagens da África pra que as pessoas comprem, e pra que esse dinheiro seja revertido parte para os projetos na África e, no futuro, para projetos do Brasil também”, explica Celita.

As telas continuam à venda e todo o lucro, sempre, será encaminhado a outros projetos sociais que a fotógrafa conheceu nas cidades de Nairóbi e Mwizi, por onde passou. Para além disso, a experiência mudou a vida de Celita. “É transformador mesmo. Uma venda que a gente tira dos olhos, é um contato de amor imediato com eles, com as crianças, com aquela população de extrema miséria. Porque lá eles não têm nada de graça”, lamenta.

Foto: Celita Schneider

“O África Abantu é um projeto que viabiliza dinheiro pra outros projetos que já existem, muitas escolas, enfim, a gente quer que as crianças tenham condição de sentar numa carteira melhor, ter luz, material pra estudar, que os professores sejam remunerados de forma correta, [que tenham] saúde... então tem vários projetos legais que já existem lá, e que a gente quer apoiar. É isso que transforma. A gente poder ver que é uma realidade que se outras nações não forem até lá, eles não tem como se ajudar entre si”.

A mudança veio até mesmo em seu trabalho. “A gente fica mais humano. A minha fotografia começou a ficar mais simples. Eu comecei a dar valor pra outras coisas. É algo bem de instinto mesmo, e é uma experiência única. Quando você vai, não tem como não querer voltar pra lá de novo. Já estou querendo voltar, é muito forte”, finaliza.

Onde encontrar

As telas do projeto ‘África Abuntu’ podem ser compradas diretamente com a fotógrafa, em contato via Instagram. Em breve, a ideia é ter também um site para vender tanto as telas quanto o material que foi feito em 2018.

A fotógrafa

Celita Schneider nasceu em Chopinzinho, no Paraná, mas vive em Sinop. Começou a fotografar na brincadeira, quando desistiu de ser modelo e uma amiga lhe pediu para fazer algumas fotos. “Eu pedi pra ela pegar a câmera da irmã dela emprestada, era uma câmera digital na época, aquela primeira que saiu. Fiz umas fotos dela, e ela levou na faculdade pra mostrar. As meninas gostaram muito e passaram a pedir pra fazer fotos”, lembra.

O ano seguinte inteiro, ela passou fotografando as amigas. Depois, foi para os Estados Unidos, onde morou por um tempo e, quando voltou, decidiu comprar uma câmera semi-profissional para ter uma renda extra. Os pedidos aumentaram muito, Celita fez cursos e segue fotografando até hoje. Acompanhe seu trabalho AQUI.
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