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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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​Vestida de preto

Literatura e música sertaneja: Eles no circo e elas no celular... ou no livro

Foto: Reprodução

Literatura e música sertaneja: Eles no circo e elas no celular... ou no livro
No recém-lançado livro Vestida de preto & outras crônicas, segunda coletânea publicada por Marinaldo Custódio pela editora Entrelinhas, de Cuiabá (leia mais aqui) chama a atenção o permanente diálogo que o escritor estabelece com outras artes e mídias, em especial a música popular e o rádio. E dentro desse foco, há uma em especial que é toda musical: “Eles no circo, elas no celular”, a crônica de nº 20 da coletânea. ‘Eles’, no caso, são Milionário e José Rico; ‘elas’, Lorena e Rafaela.

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As cenas registradas no texto descrevem um universo cheio de marcas biográficas do autor: o pêndulo geográfico no qual ele oscila, entre a terra natal, o oeste paulista, e a terra adotiva, o oeste mato-grossense; a sua identificação com as coisas da roça e das pequenas cidades; as estradas; os costumes interioranos; o seu gosto pela música popular que em nenhum momento deixa de fora a modalidade sertaneja.
 
No texto desfilam personagens do ontem (São Paulo) e do hoje (Mato Grosso). Mesmo sem serem citados nominalmente, são por certo evocados na crônica amigos que compartilharam a juventude do autor no Estado de São Paulo, sendo a maioria, senão todos, também grandes fãs de Milionário e José Rico. “Então, lembrando aquele tempo, tenho de destacar obrigatoriamente o meu irmão Nilson, nosso vizinho e colega de colégio Valcir Bortolaia, os amigos Orides e Alcides Bonfim, Nilton Furlan, Laércio ‘Mussum’ e Cícero, o ‘Rino’ (in memoriam)”, diz o autor. 
 
Foi num pequeno circo na cidade de Turmalina (SP), em 1971, pois, que Marinaldo viu, e ouviu, pela primeira vez, maravilhado, aquela dupla de cantores nem belos fisicamente nem tão jovens, como costuma ser a maioria dos novatos na arte musical.
 
E tão maravilhado ficou que registra na crônica em questão:
 
Desde que saímos dali, ainda continuei falando deles por dias, semanas, meses, encravado no assunto, atormentando todo mundo com minha cantilena:

– Mas os caras cantam demais e as músicas deles também não são de jogar fora! Então, por que ainda não estouraram? Tanta porcaria por aí, que faz... Será que é só porque eles são feios?!
 
 
Já com Lorena e Rafaela, o ‘encontro’ aconteceu num dia de 2016. E, sobre aquele momento, o autor se recorda: “Fiquei sabendo delas por intermédio do meu amigo Juscelino (Tim) que num domingo de manhã as ‘apresentou’ a mim pelo celular, na rua em frente à casa dele no bairro Pedra 90, em Cuiabá”.
 
Era o registro de uma apresentação em TV, pelo YouTube:
 
De outro lado, com elas não houve circo nem picadeiro, nem melodrama esquisito, antes, a tela chapada de um celular transmitindo um vídeo do YouTube. (...) Não me recordo qual era o mês, só sei que era início de 2016. E as meninas eram Lorena e Rafaela , no Programa do Ratinho, cantando Escravo do amor, de José Rico.
 
À época, Lorena tinha 15 anos; Rafaela, 14. Para o escritor, foi o bastante. Percorrendo um intervalo de 45 anos, o destino de cigarra de ambas as duplas, a vida,
 a voz, a Estrada da Vida chegavam-lhe, num instante, como revelação de coisas que se somavam, com lógica e magia. E que faziam (e fazem) total sentido, afinal.
 
Destaco aqui essa crônica porque acho que ela pode oferecer uma experiência para além da literatura. Comigo foi assim. Difícil alguém que não conheça – ou pelo menos não tenha ouvido falar – de Milionário e José Rico, dois medalhões da música sertaneja. Mas Lorena e Rafaela ainda são talentos que traçam suas carreiras à margem da grande indústria fonográfica monopolizada por seus colegas de gênero.
 
Quando li “Eles no circo, elas no celular”, sabia exatamente quem eram (aqu)eles que provocaram o encantamento no autor, mas quanto a elas, as únicas impressões que tive foram as que Marinaldo relatava no texto. Para mim, por muito tempo, foi elas na crônica. Só agora resolvi procurar o que acredito ser o vídeo que impressionou Marinaldo a ponto de fazê-lo escrever. Disponibilizarei a gravação abaixo, mas me dirijo agora somente a quem não as conhece com uma provocação: você pode descobrir quem são Lorena e Rafaela dando o play no vídeo ou optar por primeiro as conhecer pelo olhar do cronista Marinaldo Custódio. “Vestida de preto e outras crônicas” foi publicado pela editora Entrelinhas, mas pode ser adquirido diretamente com o autor pelos contatos: mcmarinaldo@hotmail.com e marinaldoescritor@gmail.com.


 
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