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Infância no Porto, poesias e papel importante no tratamento de HIV em MT: relembre trajetória

Da Redação - Bruna Barbosa

Durante a infância, o médico infectologista e poeta Ivens Cuiabano Scaff viveu no bairro Porto, em Cuiabá, região tradicional da cuiabania. Em uma de suas memórias, ele lembrou das “crianças da cidade” que iam ao Porto com os pais para pescar ou quando chegavam as lanchas do comércio fluvial. Para Ivens, a convivência com o rio Cuiabá foi mais estreita, “zanzando” por onde queria, rodeado pelas lavadeiras da Pedra 21 e pelos pescadores. 

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Ivens também destacou a presença dos quintais que eram “um universo sem limites” e de muros facilmente transponíveis. Parte das lembranças com Cuiabá foi usada nas obras do poeta que ocupava a cadeira 7 da Academia Mato-grossense de Letras (AML) desde 2014. Ele morreu na madrugada desta quarta-feira (21), em Brasília. 

Scaff se formou em Medicina na Universidade do Rio de Janeiro, fez pós-graduação na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e foi médico do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Sua trajetória na Saúde ficou marcada pela atuação ativa na linha de frente do tratamento de pacientes com HIV em Mato Grosso durante mais de três décadas, período em que assistiu de perto o avanço da ciência. 

O médico atendeu o primeiro caso de infecção pelo vírus na década de 80, quando um paciente chegou dos Estados Unidos buscando informações sobre o teste. O cuiabano chegou a lamentar a perda de amigos pessoais, pessoas conhecidas e pacientes que foram infectados nas décadas passadas. 

Em Mato Grosso, Ivens ainda contribuiu significativamente com a literatura e poesia cuiabana. Entre suas obras estão títulos como “Kyvaverá”, “O amor são asas de Ícaro”, “Uma maneira simples de voar” e “Mil Mangueiras”, livro de poesias que inaugura uma fase de compreensão sobre Cuiabá. 

A AML lamentou a morte do poeta que também colaborou com a revista “Vôte!, Estação Leitura”. Ivens foi conselheiro municipal de cultura, posição usada para alavancar uma geração de novos escritores mato-grossenses. 

“Entre outros livros de enorme sucesso, é importante sublinhar Kyvaverá e Asas de Ícaro, ambos publicados pela ed. Entrelinhas. Seu trabalho é atualmente objeto de estudo nos cursos de graduação e pós-graduação de diversas universidades públicas”, diz trecho da nota de pesar.  

A presidência da AML comunicará aos amigos e admiradores sobre a data da Cerimônia da Saudade, que será realizada na Casa Barão de Melgaço, sede da AML. 

Fonte:
https://periodicos.unemat.br/index.php/recs/article/view/8406
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