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Quarta-feira, 01 de maio de 2024

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A vida que imita o vídeo; as séries de TV e seus contrastes

Arquivo pessoal

Não é de hoje que as séries de TV norte-americanas e até mesmo britânicas retratam a vida por perspectivas diferentes. Seja o relato cômico de uma família suburbana, como em The Middle, passando pelo drástico ambiente de trabalho, como em The Office. Tudo se torna um “conto que aumenta um ponto” sobre a vida em suas diversas facetas.

E a TV está na sua melhor fase. Vale lembrar que as séries sempre se equivaleram à coqueluche das novelas brasileiras. Enquanto enfartamos com finais dramáticos aqui, os americanos se esbaldam com seasons finales de programas que chegam a ser populares até mesmo em terras tupiniquins. De qualquer forma, não faltam séries que retratem – fielmente – a história que sempre quisemos saber, mas esteve tão secretamente guardada.



Quando a HBO entrou em cena para investir nesse universo, ninguém sabia o que estava por vir. Afinal, o canal de TV a cabo não era um mero filtro de divulgação de obras hollywoodianas? Aparentemente. Só que não. Desde sua fundação, em 1972, o canal tem se renovado, a ponto de investir no que, futuramente, se tornaria uma das melhores séries de TV já feitas: Família Soprano. Máfia, mortes épicas, sangue escorrendo na tela. O típico lar de uma família siciliana destrinchado em esquemas e jogos de intriga. Um banquete.

De lá pra cá, o universo televisivo nunca mais foi o mesmo. Sabendo que a fórmula “investimento milionário+atores talentosos e desconhecidos” funciona, todos os demais canais decidiram seguir a linha. Com leves mudanças e elenco de peso, mas permanecendo no mesmo ritmo.

Como resultado, o telespectador, maníacos por séries e zapeadores de TV, foram presenteados com o melhor que temos hoje. Se você quer uma boa época para vivenciar programas bons, está no tempo certo. Shows como Mad Men, Boardwalk Empire, Game of Thrones, Newsroom e Homeland nos relatam com precisão o epicíssimo de seus contos.

Enquanto Mad Men trás ares saborosos do meio das agências de Publicidade e Propaganda da década de 60, mesclando as transformações de estilo e mente da população mediante à tragédias e acontecimentos históricos (como os assassinatos de Kennedy e Martin Luther King), Boardwalk Empire nos leva à década de 20. Deliciosamente histórica, esta última nos trás para um momento genial: a Lei Seca norte-americana, o surgimento da máfia italiana com Al Capone e o contrabando de álcool. Sangrento, violento, honesto.

Game of Thrones, ou Guerra dos Tronos, já caiu no gosto de jovens amantes da literatura fantástica. A adaptação da saga de livros de George R. R. Martin é capaz de transportar o público aos tempos medievais. Guerras, duelos tradicionais e disputa por poder como nos tempos de hoje. Já Newsroom e Homeland podem atrair jornalistas e apaixonados pela guerra ao terror. A primeira trata os eventos dos bastidores de um popular canal de notícias, enquanto esta última trás a atriz Claire Danes em um thriller psicológico, em que uma oficial de operações da CIA corre incessantemente atrás de um suposto terrorista.



E o melhor de tudo? O Brasil aos poucos acorda para essa sede do público. Com uma cartela de “fregueses” mais exigentes, séries de TV originais como a recém-estreada O Negócio – que trata da prostituição de luxo – caem nos gostos dos brasileiros.

Com boa forma, pique para atrair mais pessoas e uma grade de programação que aliena menos e discute mais, séries de grande qualidade visual acabam remontando estilos. Abordam costumes tradicionais, quebram paradigmas e trazem novas manias e gostos que são adotados pela população. Como parte dessa grande viagem, elas também nos levam para uma realidade há tempos discutida: que de fato, a vida é que imita o vídeo.
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