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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Machete: o anti-herói subversivo que mata...de rir

Arquivo Pessoal

O anti-herói é uma criação que tende a ser, naturalmente, uma subversão e,por isso, muito mais interessante do que o herói comum. Nisso, há o culto merecido a ao quadrinho Watchman, de Allan Moore e Dave Gibbons, onde protagonizam uma legião de anti-heróis. O ator Danny Trejo é mais que necessário para a proposta do diretor Robert Rodrigues, em sua trilogia Machete, que recentemente lançou seu segundo filme, MacheteKills.

O que faz de Trejo tão essencial para o personagem que dá título ao filme são, exatamente, suas faltas em relação aos padrões estabelecidos para este gênero, se entendermos o filme enquanto gênero de ação. Trejo é feio, latino, robusto, porém, baixo e, principalmente, um ator limitado. Seu personagem é um herói trash, logo um anti-herói.Ele é convocado pelo então presidente americano, Charlie Sheen, para capturar um revolucionário mexicano que pretende bombardear a capital estadunidense. Sim, você já viu muitas coisas parecidas nos Carga Explosiva, Duro de Matar e afins. O roteiro de fato não se sustenta. O antagonista mexicano morre na metade do filme, um personagem interessante que parece fazer falta no restante do longa.

Boa parte de problema de Rodrigues está em encachar tantos rostos conhecidos neste trabalho, vários deles aparentam ter sido convidados antes mesmo que seus personagens existissem. Este elenco inchado conta com Mel Gibson, Lady Gaga, Cuba Gooding Jr., Antonio Banderas, Jessica Alba e Michelle Rodrigues, além dos já mencionados. Boa parte deles dão vida a personagens desnecessários.

As virtudes deste filme estão muito mais em suas características bizarras, presentes no cinema trash. Tarantino, que é parceiro de Rodrigues, também bebe desta fonte, donde jorra muito sangue em esguichadas quilométricas, por vezes decorrentes de dilacerações. Explosões, frases de efeito e armas em forma de genitália, também contribuem para a linguagem deste trash de boutique. Não digo com desdém, é apenas uma comparação rápida com outros filmes trashs como o Mangue Negro, de Rodrigo Aragão, feito com 80 mil reais, que não contam com a grife hollywoodiana.

A violência e o humor de Rodrigues mais uma vez conseguem extasiar. Este êxtase, todavia, não é suficiente para propiciar uma experiência que vá além dos risos. Tem o trunfo inegável de divertir tanto os fãs do trash, mais ligados ao underground, quanto os amantes dos blockbusters de ação, que por vezes também respondem pelos que apreciam as comédias provenientes dos mesmos estúdios.

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