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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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O ácido mais corrosivo de todos: o silêncio e o diálogo com mundos internos

Arquivo Pessoal

O que fazer quando dentro de você há um turbilhão de vozes que teimam em conversar? O silêncio nos parece ser um momento em que nos encontramos conosco mesmos, mas, apesar disso, nos encontramos com vozes de outros dentro da nossa própria voz.

Certa vez, ouvi dizer que nenhum tipo de fala que enunciamos é decorrente de nós mesmos, somos seres “pensantes” que reproduzimos aquilo que um dia fora dito por outrem, no entanto, buscamos na nossa mente a solução para vários questionamentos.

Quando vemos alguém em silêncio, sempre nos indagamos o seu ato, o fato é que, quando estamos em silêncio, estamos dialogando com os mundos interno e externo. Até mesmo a etimologia nos ajuda a entender melhor esse processo. Silêncio vem de silentium, de silens (silere) que significa estar em repouso, tranquilidade, descanso.

Contudo, na Grécia antiga, Sofócles, em seu livro Antígona, afirmara que há algo de ameaçador num silêncio muito prolongado. Já Monica Santos nos traz uma dualidade entre ruído e silêncio. Vejamos: O ruído, ao negar o silêncio, torna-se criação, representação do mundo, símbolo da vida. Ao enfrentar este “muro de silêncio”, o homem através do mito exprime-se e afirma a dualidade ruído/vida, reação do dualismo silêncio/morte.

Com base nestes pensamentos, quero levá-los a reflexão, pois quando estamos em situação de agonia ou transtorno, vamos direto à raiz da palavra: tranquilidade.

No silêncio não há tempo, o tempo é o além. Todo o misticismo vai além da nossa mente, somos seres condenados a seguir falas de outros em todos os sentidos, ignoramos os problemas reais por comodidade, evitamos o conhecimento pela sua história: conhecer a si mesmo e simplesmente, quando quaisquer problemas externos nos ocorre buscamos soluções internas que outrora foram internas.

O silêncio, como já dizia Frangias, é o mais corrosivo ácido de todos.

*Jefferson Almeida é professor de línguas estrangeiras, estudante de letras da UFMT e membro do grupo de pesquisa “História do português brasileiro” da USP/UFMT. É amante de literatura, têm 24 anos e fala seis línguas.



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