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Domingo, 05 de maio de 2024

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A angústia, o medo e os dilemas da existência humana

Em verdade temos medo, nascemos no escuro, as existências são poucas. Carlos Drummond de Andrade já refletira sobre a existência humana e principalmente discorreu em uma de suas brilhantes poesias modernistas sobre um sentimento tão presente na nossa sociedade contemporânea: o medo.

Muitas vezes sentimos medo ou algo semelhante que pode ser também caracterizado como angústia. No campo da psiquiatria a angústia é caracterizada como uma doença que precisa ser tratada e no campo filosófico/ filológico/ literário deve ser debatida.

Chamo a atenção para dois filósofos que fizeram estudos acerca da existência humana: Kierkegaard e Heidegger.

Kierkegaard, filósofo e teólogo dinamarquês afirmava que a existência humana possuía três dimensões: estética, ética e religiosa. Já Heidegger tinha como centro de sua filosofia existencialista alemã o problema do ser.

Para entendermos melhor, vamos à denominação etimológica do termo angústia. A palavra é de origem latina e possui a mesma ortografia e seu significado é “aperto, sufocação, estreitamento”.

Tendo como partida este estreitamento, entendemos que a angustia é o ato filosófico de pensar a existência indo além da existência. No entanto, o que difere desses dois filósofos é que em Kierkegaard a angustia nos mostra o nosso ser como finito diante da infinitude de Deus, da eternidade; enquanto Heidegger exclui a visão teológica e reflete apenas no fenômeno existencial da finitude humana.

Quando nos deparamos como essa sensação psicológica, estamos oscilando entre diversos Versos dentro de um uno, pois assim como afirmava HubertoRohden- Crear,( palavra latina) é a manifestação da Essência em forma de existência enquanto Criar é a transição de uma existência para uma outra existência.

Devemos, então, sair deste dilema que é refletir sobre os fatos que ainda não ocorreram e pensarmos em crear a nossa essência, e não criarmos situações, pois tanto no teocentrismo quando no etnocentrismo, somos seres dualísticos e por essa razão, somos seres existenciais.

Agora, só me resta sentir um pouco da doce poesia de Paul Verlaine, cuja obra “Melancolia”, é um alívio para nossa discussão:
Já farta de existir, com medo de morrer,
Como um brigue perdido entre as ondas do mar,
A minha alma persegue um naufrágio maior.
 
*Jefferson Almeida é professor de línguas estrangeiras, estudante de letras da UFMT e membro do grupo de pesquisa “História do português brasileiro” da USP/UFMT. É amante de literatura, têm 24 anos e fala seis línguas.
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