Olhar Conceito

Domingo, 05 de maio de 2024

Colunas

Uma história sobre as estrelas, a sociedade e o medo

Arquivo Pessoal

As estrelas brilhavam calmamente no céu escuro da madrugada silenciosa. O vento balançava algumas folhas de árvores dormentes, refrescando em clima ameno o gramado. A sombra de um casal, feita pela lua cheia levemente azulada, revelava os companheiros da noite e os amantes do silêncio. Levemente, a cabeça dela repousava sobre o ombro do rapaz, e olhos observavam o infinito acima deles.

– É tudo tão calmo... – disse ela.
– Sim...
– Até onde será que vai o universo?
Ele acariciou levemente a mão dela.
– Alguns dizem que é infinito.
– E os outros?
– Provavelmente se perguntam o que é ser infinito. Há quem diga que o universo está em expansão, mas, se estiver, como diferenciar o infinito de um finito muito grande que se expande rapidamente?

Ela ficou algum tempo em silêncio, pensando sobre o assunto. Lá fora deveria haver milhões de planetas, sóis, buracos-negros e diversos outros tipos conhecidos ou não de formas e composições, visíveis ou não sob diversas formas de análise. Os filmes retratavam viagens inter-galácticas e saltos hiperestelares, naves que conseguiam transdobrar o espaço-tempo para realizarem viagens mais rápidas, supercomputadores que eram capazes de mostrar todas as estrelas a partir de qualquer ponto do espaço que fosse imaginado, restaurantes e bares espaciais em que diversos viajantes das mais variadas aparências e dos mais estranhos idiomas se juntavam...

– Será que um dia será possível viajar pelo espaço?
– Talvez... Pode ser que isso seja algo impossível que ainda não descobrimos, ou pode ser que seja possível, só não sabemos como fazer. Espero que seja a segunda opção.
– Eu também. Seria interessante viajar por mundos desconhecidos, ver outras possibilidades da natureza, perceber, de fato, que não temos motivos para nos considerarmos superiores, já que somos inferiores a tudo...
– Embora essa fosse ser apenas a primeira impressão, né? Não demoraria muito até ser iniciada uma campanha de colonização espacial.

Ela suspirou profundamente. Mesmo que relutante, sabia que era a verdade, já que era da essência de sua espécie o espírito imperialista e conquistador. Não haveria diálogo se não houvesse benefício, e isso poderia inclusive resultar em uma guerra de poder entre governos, para mostrar a todos do planeta quem era mais forte e inteligente, conseguindo conquistar mais territórios, estrelas, constelações, galáxias, ao invés de unirem recursos e buscarem um bem comum. O céu não seria mais tão calmo como era agora.

– Você acha que existe vida lá fora?
– Do tipo que pensa e vive em sociedade?
– Sim... Como nós.
– Se tiver... E se eles nos observam, devem ter bastante medo da gente.

Alguns milhares de anos-luz de distância, em um pequeno planeta azul de um sistema solar de apenas oito planetas, um outro casal olhava as estrelas, tentando fugir dos problemas do dia-a-dia.

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