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Domingo, 05 de maio de 2024

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Reflexões sobre o sentido humano

Arquivo Pessoal

Estava pensando sobre algumas reações das quais nos deparamos no nosso dia-a-dia e pude perceber o quão egoísta é o ser humano ao ver que muitas das realidades das quais nos são impostas, nada mais é do que o reflexo do complexo projeto humano. A cultura, tópico extremamente cabível de debate, é tratada, apenas, em uma simples abordagem que resulta no não entendimento do ser , mas na divagação da idéia,da qual não se obtém um resultado epistemológico.

A sociedade contemporânea, dotada de ideais neoliberalistas, com uma prática construtivista de ensino leva à decadência do que realmente é pensar. Primeiro, é de forma extremamente pertinente a analise filológica do “pensar”.

Pensar, na concepção da lingüística é apenas o modo de organização das idéias, contudo, pensar é, nas línguas românicas, ato ou modo de encontrar o “mot juste” para expressar aquilo que, segundo a filosofia grega, é a expressão da alma e tão bem exposta no Realismo Francês.

Todavia, o que nos leva a expressar o que sentimos, ou seja, aquilo que percebemos, captamos. Pois, sentir, vocábulo interessante, pode apresentar, na língua italiana, também o ato de perceber, ouvir, ligar, conectar.

Nos dias atuais, a falta de conexão destes sentidos nos conduz a não percepção daquilo que vemos,fazemos ou ouvimos, quando o mesmo se refere à expressão do outro.

O egoísmo, tão bem explicado filologicamente, nos remonta à idéia de que pensar, nos leva à sentir, que logo nos faz vivenciar e não apenas existir nesse universo paralelo de alienação humana.

A grande problemática exposta é: saber pensar ou saber a verdade? Porque quando expressamos aquilo que sentimos ou captamos, fazemos um juízo de valor do qual não temos certeza da realidade em que estamos inseridos.

Mas para sentir, ou melhor, saborear a verdade, não podemos fazê-la pelos sentidos tampouco pelo intelecto, mas pela Razão descrita pelos romanos como Ratio, e pelos gregos como Lógos.

Segundo Huberto Rohden (...) A harmonia entre o meu pensamento, ou a minha experiência, e a Realidade se chama Verdade. A desarmonia se chama erro. A ausência tanto da harmonia como da desarmonia chama-se ignorância.

Toda a natureza infra-humana, subconsciente ou inconsciente acha-se em estado de ignorância. O homem-ego pode achar-se em estado de erro ou de verdade parciais.

Visando todas as concepções cabíveis ao processo de desenvolvimento do pensar, do viver e do saber, eis a grande questão: Como (com) viver como resquícios culturais impostos e repassados sendo que os mesmos não são aplicados? Onde se encontra o culto? Onde se encontra a cultura, ou melhor, o cultivo do conhecimento? A resposta, tão difícil de ser encontrada, nos leva a uma dicotomia, pensar ou não pensar?A segunda opção é mais fácil, tendo em vista que não se obtém dor. No entanto, neste caso, creio que a dor física seja mais suportável, do que a dor que eu sinto quando me vejo cercado por várias pessoas e ao mesmo tempo tão limitado no âmbito social. A questão social é um reflexo da nossa história. O prisma nos induz a decifrar essa longitude da vida sob a ótica limitada do ver, que se difere do enxergar.

Em resumo, os verbos de sentido são os que mais denotam a condição humana, pois sentir, enxergar, ouvir, perceber, tocar, são verbos tão proferidos cotidianamente, mas, infelizmente, na realidade são tão longínquos na aplicação da razão humana.

Resta-me apenas esperar, estático, os quartéis da vida me mostrarem em quais caminhos esta sociedade se embasará.

*Jefferson Almeida é professor de línguas estrangeiras, estudante de letras da UFMT e membro do grupo de pesquisa “História do português brasileiro” da USP/UFMT. É amante de literatura, têm 24 anos e fala seis línguas.



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