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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Colunas

Fotografia: Observação e participação social

Conheço poucas profissões que permitem observar a sociedade tão de perto e, ao mesmo tempo, de maneira tão ampla, como a fotografia. Em especial o fotojornalismo e a fotografia documental. Diferentemente do repórter de texto, que possui outros meios de investigação e coleta de informações além da observação, o fotógrafo precisa estar onde a história acontece. Do contrário, não há foto.



Isso nos dá, a meu ver, uma serenidade e certa calma ao falar sobre os problemas do mundo. Seja do ponto de vista político, humano ou econômico. Nós, fotógrafos presenciamos uma infinidade de situações. Fotografamos presidentes, grandes empresários e no outro dia contamos a história de famílias que sofrem sem os serviços mais básicos. Registramos grandes vitórias, alegrias, ao mesmo tempo que precisamos narrar visualmente e estar muito próximo das tragédias do mundo. Por vezes, nos vemos encurralados entre as lanças da ética. Será que nosso único dever é fotografar? Ou deveriamos agir para mudar aquilo que vemos? Realmente existirá a fotografia engajada? Ou apenas um impuslo egocêntrico e pessoal para conquistar degraus profissionais mais altos, reconhecimento, fama?

São grandes questões. E já disseram por aí que elas é que nos movem para frente. Mais que as respostas. Talvez o grande poder da fotografia, assim como da arte de uma maneira geral, seja este. Além de nos trazer beleza, poder questionar através dessa poderosa caixinha de luz.

Uma boa foto. Uma boa pergunta.

*Lucas Ninno é fotógrafo e editor da agência Alvorada Imagens.

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