Olhar Conceito

Quinta-feira, 28 de março de 2024

Colunas

Uma carta para Nietzsche

Será mesmo que há alguma loucura no amor?

E o que pensar de sempre haver um pouco de razão na loucura?

Nietzsche meu caríssimo, de razão e de louco todos temos um pouco, mas de amor meu amigo, cada dia mais miseráveis ficamos.

O que você acha de reunir-se com Sócrates, Platão e Aristóteles, e juntos organizarem um passeio pela terra?
Venham nos falar um pouco mais desse sentimento que tem sido banalizado e tão difícil de encontrar.
Todos querem Nietzsche, todos anseiam , clamam e reclamam pelo amor, mas nossas preces , clamores e lamurias, pouco ou quase nada tem resolvido.

Me parece, que quanto mais rogamos, mais indigentes ficamos.

Estimado Nietzsche, se você se encontrar com Sêneca, pergunte a ele como fazemos para sentir o amor, afinal, ele antes de partir para os cumes do universo, deixou escrito em algum lugar, que o amor não se define, sente-se.

Se para encontrar o amor já esta difícil, calcula senti-lo como esta.

Só a titulo de te manter atualizado, por aqui, passou um moço chamado Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, um alagoano dos bons, sabido que só.

Ele nos deixou um livro muito importante, todos que desejam errar menos o consulta.

Amuada que ando com essa falta de amor, até cogitei estar mal informada sobre seu conceito, peguei o Aurélio para me consultar, quem sabe meu coração pudesse sossegar.

Pois bem meu caro Nietzsche, entre outras coisas, ele deixou escrito que o amor é um sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem.

Depois de ler o que o moço escreveu, minha tristeza só aumentou, quão longe estamos disso.
Por aqui o que mais se tem visto é gente muito pouco interessada no bem do outro.

A coisa anda tão esquisita, que nem mais ficamos surpreendidos quando ouvimos falar que a mãe matou o filho e que o filho matou os pais.

Lembra meu caro, o que nos disse Boaventura de Bagnoregio de que o amor é a verdadeira sabedoria?

Que é a força que dá ao ser humano a capacidade de elevar-se a Deus?

Tomas de Aquino, quando passou por aqui também deixou dito que o amor constitui a essência central da própria vida de Deus e para completar, uns e outros contam que ele batia na tecla de que : “quando amamos, amamos á Deus “.

Deus me livre, me arrepio só de pensar, mas acho que o povo anda mesmo é cultivando o diabo e Bagnoregio nos classificando todos de tolos.

Afinal se amar é a essência da sabedoria, o que pensar de uma sociedade que esta cada dia mais indiferente ás necessidades básicas do outro?

Deus, Nietzsche, anda de boca em boca, de uns tempo para cá tem surgido muitos locais que falam sobre ele, mas só aqui entre nós, Deus anda cada dia mais distante dos corações.

Mudando um pouco de assunto Nietzsche, tem tido notícias de Cícero?

Sabe me dizer se ele ainda mantém aspirações na política?

Quanto a política meu caro, nem quero entrar no mérito, os séculos passaram e o homem público continua o mesmo.

Para chegar ao poder e manter-se nele, vale tudo.

Deixemos essa chaga de lado, prefiro me recordar do que Cícero nos deixou sobre o amor e a amizade: “ Dos amores humanos, o menos egoísta, o mais puro e desinteressado é o amor da amizade”.

 Lindo sentimento meu estimado Nietzsche, embora não tão escasso quanto o amor, a amizade anda deveras abalada na sociedade de hoje.

A bem da verdade, os sentimentos nobres tem sido desprezados pelas criaturas que habitam a terra.
Ah… antes que eu me esqueça, quando se encontrar com Sócrates, diga a ele que seu ideal de casamento, onde a mulher seja cega e o homem surdo, não se concretizou.

A mulher do século XXI enxerga cada dia mais e o homem avança com sua surdes na mesma intensidade que expande a visão feminina.

E se cruzar com Confúcio por ai, assevere á ele que sua constatação de que ainda não viu ninguém amar a virtude tanto quanto ama a beleza do corpo, chegou na contemporaneidade de forma inabalável.

O culto ao corpo nunca foi tão valorizado na história da humanidade como nos dias atuais, e o desinteresse pelos livros na mesma proporção.

Uma tristeza Nietzsche, um desencontro total.

O homem e a mulher continuam se desejando, se buscando, mas não se entendem.

Mesmo com todo conhecimento disponível e de fácil acesso, eles não conseguem ou não querem entender que as diferenças naturais que cada gênero trás em seu DNA, deveriam servir para os complementar e não os afastar.

Para nos servir de exemplo, podemos lançar mão daquele pensamento de Confúcio quando ele deixou dito que: “Não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligencia do lavrador”.

É mais ou menos assim que esta acontecendo no relacionamento homem e mulher.

Na fase da conquista, para seduzir, lançam mão de flores, bombons, respeito, amizade e compreensão.

Garantido o afeto em questão, acredita-se que não seja mais necessário a dedicação, esquecem que o amor é uma planta delicada, que exige cuidados permanentes para que se mantenha vivo e florido.

A competição dentro dos relacionamentos amorosos é algo que se acentuou muito nas ultimas décadas, e com isso meu presado Nietzsche, o índice de gente sozinha e infeliz só aumenta.

São os novos tempos, ou será o final dos tempos?

E por falar em tempo, nos últimos tempos, um sociólogo polonês que atende pelo nome de Zygmunt Bauman conceituou nossa sociedade de liquida, e não é que o polonês esta certo!

Os relacionamentos andam tão frágeis, tão inconsistentes que tem afetado nossa capacidade de amar.
Sabe Nietzche, eu não sei se é porque sou de uma geração que valoriza e respeita o sentido das palavras, assim como o sentimento alheio, que me espanto com a facilidade com que as pessoas tem em dizer “eu te amo” sem ao menos conhecer o outro.

Não pensam nas consequências que uma fala pode provocar.

Hoje ama-se pela manhã e a noite já deixou de amar.

Você deve estar pensando que ando deveras amarga, afinal venho relatando através desta, somente fatos que levaria a uma descrença total de que o amor seja possível.

Asseguro a você que amarga não estou, mas confesso que tem passado pela minha cabeça de que não seria o amor uma ilusão?

Não estaríamos todos loucos e embriagados com a ideia de que este sentimento nos levaria a salvação?

*Isolda Risso é Personal & Professional Coaching Executive, Xtreme Life Coaching, Neurociência no Processo de Coaching, Programação Neurolinguística (PNL) pedagoga por formação, cronista, retratista do cotidiano, empresária, Idealizadora do Café Com Afeto, mãe, aprendiz da vida, viajante no tempo, um Ser em permanente evolução. Uma de suas fontes prediletas é a Arte. Desde muito cedo Isolda busca nos livros e na Filosofia um meio de entender a si, como forma de poder sentir-se mais à vontade na própria pele. Ela acredita que o Ser humano traz amarras milenares nas células e só por meio do conhecimento, iniciando pelo autoconhecimento
 

Comentários no Facebook

Sitevip Internet