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Colunas

Espelho, espelho meu, quem sou eu ?

Isolda Risso

Pode parecer simples ou óbvio essa resposta, mas não é.
Pode parecer que sou desajuizada por dizer que não, e também não é... para saber quem se é com a profundidade necessária, são necessários anos de empenho para se autoconhecer.

Às vezes afirmo que não sei quem sou. Outras, digo que sei e quando penso que sei, não é bem assim. Nessa confusão toda, a frase que me deixa mais confortável é : “Sou um Ser em constante aprendizado, mutação e evolução”.

Hoje, posso me agradar com o branco, amanhã quem sabe me encantarei com o azul, o preto ou cor alguma, preferindo a neutralidade. E qual é a cor da neutralidade? Bege, gelo, branco ou translúcido ?

Será que ela existe ou nada mais é do que uma cor enrustida, descaradamente covarde, medrosa, hipócrita que não quer se posicionar ? Ou ela quer se preservar, guardando seus pensamentos, seus sentimentos ?
Ou ao contrário, quer se impor, mas com ares de imparcialidade?

Quem sabe faça parte dos politicamente corretos, aff... tenho birra desse povo com o seu politicamente correto ou incorreto, na boa, para mim estão bloqueando a livre manifestação do pensamento e da linguagem.
Com essa estrofe do politicamente correto, desconfio que o que querem é dominar, mandar, amordaçar.

Hoje estou vestida em uma pele branca, amanhã poderei renascer negra, mulata, quem sabe uma asiática?
Quem pode afirmar que não irei optar por uma pele vermelha, posso repetir uma das anteriores também.

Hoje eu privilegio o vinho à cerveja. O champanhe ao vinho.
Gosto mais de São Paulo do que do Rio, mais de escutar do que falar.

Depois de anos e anos dormindo ao raiar do dia , resolvi mudar, experimentei e gostei. Estou acordando às 6h30 da manhã e saio para caminhar. Até quando isso vai durar?
Sei lá... Por que que tenho que saber? Que dure o tempo que durar...

Odeio gente definitivamente definida, terminada, concluída, a mim cheira a mesmice, sempre sabe o que esperar. Onde fica a novidade, gente? A inventividade ? Quem disse que deve ter novidade em gente? De onde tirei essa de inventividade ? E quem disse que isso é bom ? Quem falou que tem que ser assim? Assim para quem?
Minhas respostas e incertezas não servem a mais ninguém.
Muitas vezes nem a mim.

Tudo que relatei acima diz respeito ao que gosto, desgosto
Penso e deixo de pensar
Minhas preferências
Minhas referências
Minhas deferências
Mas quem eu sou continua em branco na tela do meu computador.
É mais complexo do que se pode supor
Agora sou uma
Daqui a pouco posso ser outra
Um pouco adiante ser inúmeras
Quem sabe não ser nenhuma e todas ao mesmo tempo...

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*Isolda Risso é pedagoga por formação, coach, cronista, retratista do cotidiano, empresária, mãe, aprendiz da vida, viajante no tempo, um Ser em permanente evolução. Uma de suas fontes prediletas é a Arte. Desde muito cedo Isolda busca nos livros e na Filosofia um meio de entender a si, como forma de poder sentir-se mais à vontade na própria pele. Ela acredita que o Ser humano traz amarras milenares nas células e só por meio do conhecimento, iniciando pelo autoconhecimento, é possível transformar as amarras em andorinhas libertadoras.
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