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Obesidade em alta, fígado em risco: Além da esteatose hepática, excesso de peso pode desencadear inúmeras patologias

Movimento Saúde Unimed Cuiabá

Atualmente, pela falta de tempo, as pessoas cada vez mais optam por consumir comidas rápidas, industrializados e alimentos processados. Também levam uma vida sedentária causando diversas doenças modernas que antes não existiam. As consequências desse mal para o organismo são graves e trazem consigo uma série de complicações, uma delas é a obesidade.

O problema do excesso de peso e da obesidade tem alcançado proporções alarmantes no mundo todo. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que no Brasil, 56,9% das pessoas com mais de 18 anos estão com excesso de peso. Além disso, 20,8% das pessoas são classificadas como obesas por terem IMC igual ou maior que 30. Os números não param de crescer, entre todas as idades e todos os grupos de renda.

Mas afinal, quais são as causas da obesidade? De acordo com o médico gastroenterologista, cooperado da Unimed Cuiabá e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Edgard Wilson Gripp, a obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura no organismo. A doença atinge indivíduos de ambos os sexos e todas as idades, porém é mais frequente em adultos do sexo feminino.

Gripp explica que se trata de fenômeno multifatorial cuja origem envolve componentes genéticos, endocrinológicos, metabólicos, comportamentais, psicológicos e sociais. “A obesidade não é um problema moral, nem mental ou de falta de força de vontade, como por desinformação era tratada até bem pouco tempo. Hoje se sabe que é uma doença e que o seu tratamento leva a redução do número de complicações e da mortalidade de pessoas que teriam sua expectativa e qualidade de vidas diminuídas”, frisa.

Os quilos extras podem causar outras complicações como o aumento das taxas de mortalidade, diminuição da expectativa e qualidade de vida. A obesidade representa um fator de risco para o surgimento de outras doenças, a exemplo do refluxo, diabetes, hipertensão arterial, hiperlipidemia, coronariopatias como angina e infarto, doenças articulares, apneia do sono, insuficiência respiratória e cardíaca, além de diversas formas de câncer. “O controle dessas doenças necessariamente envolve a perda do excesso de peso”, enfatiza Gripp.

Como diagnosticar a obesidade?

O diagnóstico da obesidade é feito através do cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC). Este índice mede a corpulência, que se determina dividindo o peso (quilogramas) pela altura (metros), elevada ao quadrado.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, considera-se que há excesso de peso quando o IMC é igual ou superior a 25 e que há obesidade quando o IMC é igual ou superior a 30.

Gordura no fígado

Quem está acima do peso ou obeso não deve esquecer que ambas as situações podem provocar excesso de gordura no fígado. A doença, denominada esteatose hepática, é um acúmulo de gordura nas células do fígado.

Não é só o sobrepeso ou a obesidade que causam a doença. Abuso de álcool, hepatites virais e diabetes podem provocar a esteatose. Segundo o gastroenterologista Edgard, em média, uma em cada cinco pessoas com sobrepeso desenvolvem esteatose hepática não alcoólica.

Outro fator preocupante: Os sintomas são praticamente inexistentes. “Esta gordura permanecendo no fígado por tempo prolongado, pode levar aos processos inflamatórios do fígado, provocando a cirrose”, alerta. O diagnóstico pode ser feito com exames laboratoriais e de imagem (ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética). “Pode ser necessário biopsias de fígado ou mais atualmente a realização da elastografia hepática, conhecida como FibroScan”, esclarece.

Prevenção da obesidade

A prevenção da obesidade deve vir desde a infância, com o costume de hábitos alimentares saudáveis e a pratica regular de exercícios. Para Edgard Gripp, “um mau hábito alimentar e uma vida sedentária são uma porta escancarada para o ganho do peso e todas as suas consequências sobre a saúde”.

Tratamento

Conforme Gripp, o tratamento da obesidade deve envolver uma equipe multidisciplinar para a orientação do paciente, com nutricionista, psicólogo, psiquiatra, endocrinologista, cirurgião e outros especialistas, dependendo de cada caso.

Os pacientes com sobrepeso e obesidade grau I devem ser incentivados a mudança de hábitos alimentares, a realização de exercícios frequentes e se for necessário, a utilização de alguma droga para o controle do apetite. Estas devem ser orientadas por profissionais específicos de cada área.

Os pacientes obesos grau II com comorbidades, ou seja, uma série de doenças associadas à obesidade, e os pacientes a partir do grau III, mesmo sem comorbidades, que não conseguem reduzir peso ou não conseguem manter o peso perdido, devem ser encaminhados para o procedimento cirúrgico. “Aos que procuram o procedimento cirúrgico, aconselho a buscar cirurgiões na área de bariátrica, membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e que se informem de cada técnica, de preferência com cirurgiões que façam técnicas diferentes, para que possam fazer a melhor escolha”, frisa o médico gastroenterologista e cirurgião bariátrico.
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