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Colunas

Implosão de um viaduto em BH

Isolda Risso

Ando tão aborrecida com tudo que estamos vivendo em nosso país, que ao sentar-me para escrever me propus a falar de algo leve e se possível com um toque de humor. Busquei na memória alguma situação alegre, com sorte algo engraçado, afinal, as notícias de que temos notícias andam tão deprimentes, que faça-me o favor, mais uma aqui noticiando fatos ruins, ninguém merece.

Minha natureza é naturalmente otimista, mesmo em meio às tempestades eu procuro ter uma postura de calma, nem sempre alcançada. Alguém um dia me disse, que em horas de turbulência, devemos nos perguntar: o que eu preciso aprender com isso?

Já fiz este exercício algumas vezes e obtive respostas, outras, a resposta demorou a chegar e existem perguntas que estou aguardando o esclarecimento até agora e nada. Houve também, acontecimentos que me provocaram dor, raiva e que eu não quis me indagar de nada, aprender nada, simplesmente taquei o foda-se e vivi a raiva com toda sua pujança.

Todavia, uma coisa não posso negar, às vezes em que o vento bateu mais forte e me dispus a enxergar o que estava além da ventania, aprendi muito. Isso não é privilégio meu, todo mundo que troca a revolta pela disposição de aprender com as dificuldades se torna uma pessoa melhor, ou no mínimo mais fortalecida.

Voltando ao meu desejo de escrever algo divertido.
Então... gostaria muito, vasculhei aqui dentro e que coisa né, até o que antes eu via como agradável, hoje senti como sem graça. O fato é que venho me sentindo mais introspectiva do que o habitual.

O que será que anda se passando comigo?
Será conflito de idade?
Não tenho problemas com isso, mas como seria bom se o tempo desse uma paradinha.
Tem tanta coisa que eu ainda quero viver, modificar, que vou precisar de muito mais tempo que o previsto para os mortais.

Olha só, não sei por que, neste momento me veio à mente uma cena que vi na TV e olha que já tem tempo, mas se me apareceu vamos ver porque ela voltou. Estava assistindo o JN e naquele dia eles mostraram a implosão de um viaduto em Belo Horizonte. Me recordo de como fiquei abismada com a rapidez com que desconstruíram aquela obra, em questão de segundos aquele trabalho opulento de linhas retas se transformou em escombros e pó.

Lembrei que naquele momento experimentei uma pontinha de inveja daquele viaduto. Ele não estava bom, não estava seguro, não servia para o fim que foi feito. Suas estruturas estavam comprometidas e para agravar, colocava em risco a vida de outras pessoas. Só lhe restava a demolição. Alguns cálculos, um bom planejamento, toneladas de dinamite e “buuuummmmm”.

Que inveja...
Como seria bom apertar um botão e anos e anos de crenças limitadoras desaparecem no ar.
Como seria bom dar uma ordem de comando aos pensamentos e sentimentos insalubres e eles sumirem como em um passe de mágica.

Ahhh...
Que benção seria fazer um bom planejamento e todas as suas incertezas se transformarem em convicções.

Fala sério...
Teria deleite maior que deixar de gostar daquilo que nos faz mal?
Meu... abrir mão do que é bom não é fácil, agora, abrir mão dos lixos que carregamos é tanto quanto ou mais difícil. Mente quem diz que não.

Há lixos que compõem nossa personalidade, que ao cogitar viver sem eles provoca verdadeira angústia, seria como sofrer uma amputação.

É como jogar-se fora...
O curioso é que não nos damos conta de que estamos nos jogando fora todas as vezes que nos mantemos atrelados a sentimentos, crenças, pessoas indigestas, atitudes ultrapassadas, que não servem mais e mesmo assim ficamos agarradas a elas como se não houvesse outro amanhã.

Há muitos lixos que são verdadeiros portos inseguros.
Há muita gente que faz da vingança sua razão de viver, prefere viver no lixão a abrir mão de ver o desafeto em maus lençóis. Com isso, nega o direito adquirido de ser feliz.É como aquele sapato velho que não dá mais para usar e o mantemos guardado no armário tomando o lugar de um novo que poderia vir.O mesmo se da para os sentimentos mofados por anos e anos aprisionados no coração.

Que inveja daquele viaduto...
Um botão e tudo que não serve mais se desconstrói.
Com gente... ahhh... com gente não é bem assim.

Um abraço

Isolda

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*Isolda Risso é Personal & Professional Coaching Executive, Xtreme Life Coaching, Neurociência no Processo de Coaching, Programação Neurolinguística (PNL) pedagoga por formação, cronista, retratista do cotidiano, empresária, Idealizadora do Café Com Afeto, mãe, aprendiz da vida, viajante no tempo, um Ser em permanente evolução. Uma de suas fontes prediletas é a Arte. Desde muito cedo Isolda busca nos livros e na Filosofia um meio de entender a si, como forma de poder sentir-se mais à vontade na própria pele. Ela acredita que o Ser humano traz amarras milenares nas células e só por meio do conhecimento, iniciando pelo autoconhecimento.

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