Há momentos, que tenho a nítida sensação de que a terra saiu do lugar e a vida virou de cabeça para baixo. Não sei se vira de forma natural, ou se somos nós quem damos um empurrãzinho. Seja lá como for, são momentos difíceis, a insegurança e o medo se avizinham da alma entre outros temores.
Em decorrência disso, o sorriso some, a vitalidade cai por terra, o humor desaparece e a paciência bate em retirada. Bom, isso acontece comigo, não quer dizer que aconteça com você também.
Mas quando acontece comigo, a tensão me abraça, e dependendo da ocasião, involuntariamente eu perco a fome ou me acabo de tanto comer. Até gosto quando a fome foge, me sinto mais leve em todos os sentidos, a dificuldade até se abranda, uns gramas a menos são sempre muito bem vindos, porque quando é a vez do ataque a geladeira, além do enrosco já existente, surge a culpa por comer e comer e o ponteiro da balança subir e subir e as roupas apertarem.
Dependendo dos hormônios ou do ciclo da lua, também de forma automática posso ter dois comportamentos distintos.
Primeira possibilidade: recolho-me, calo-me, tornando-me monossilábica (o mudismo seria ideal, mas para isso eu teria que ir para um mosteiro) vontade não me falta.
Segunda possibilidade: busco alguém para falar, ser ouvida, simplesmente ouvida, absolutamente nada além e este alguém não precisa necessariamente ser humano.
Quando consigo colocar para fora minhas preocupações ou dores seja lá que apuro for, normalmente encontro as respostas no próprio ato de falar porque as respostas para as nossas indagações e as melhores soluções estão dentro de nós.
Por razões diversas que vai da cultura, passando pela educação ao imediatismo tão faminto por resultados rápidos, não aprendemos a buscar em nós o esclarecimento das questões que tanto nos inquietam.
Podem ser inquietações de momento, ou aquelas que estamos arrastando desde que nos entendemos por gente. Falar sobre si e ainda falar sobre nossas dores e angústias é um ato difícil, muitos paralisam, afinal, não fomos educados para ter intimidade com a nossa alma.
Acostumamos-nos a buscar explicações para nossos aborrecimentos em ocorrências externas. Um trânsito pesado, um credor que não salda seu débito conosco, um filho que não vai bem na escola, um chefe arrogante, são motivos suficientes para tirar nosso sossego, mas há situações que nos perturbam que estão em áreas mais ocultas da nossa alma e enquanto ficarem ocultas, irão nos perturbar.
Devemos aprender a perder o medo de olhar para dentro de si. Desde cedo adotei o hábito de escrever meus sentimentos, fiz do caderno meu confidente e você pode pensar que sou doidinha, tudo bem... nunca tive a pretensão de estar sempre certa, mas meu caderno muitas vezes responde as minhas perguntas.
Existe dentro de nós um sábio, sempre pronto a elucidar nossas dúvidas, mas é preciso que nos aproximemos dele, é indispensável que se estabeleça uma relação de confiança e uma comunicação periódica. Dificilmente criamos intimidade com alguém sem que haja contato com certa regularidade, não se estabelece intimidade sem diálogo e respeito. Nem sempre este contato precisa ser presencial, mas ser transparente é fundamental. Nestes dias que a vida vira de pernas para o ar, se não tiver ninguém para te ouvir, não se sinta só ou esquecido, ninguém esta completamente só, existe dentro de nós alguém que nos ama e quer nos ajudar, mas somos nós quem devemos buscar. Este alguém é sábio e os sábios sabem que nada se impõe, tudo se cultiva.
Fica parado aí não, busque seu coração...
Beijo.
Isolda