As salas quase sempre fechadas da Academia Mato-Grossense de Letras (AML) perderam seus limites na manhã deste domingo, 24 de janeiro. Representantes do círculo áureo da cultura no Brasil central ganharam o sol para intervir, poeticamente, grafitando textos em tapumes que cercam a Casa Barão de Melgaço.
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A tentativa de marginalizar, para o bem, a seiva da “alta” arte em Cuiabá deve permanecer até o fim das obras de revitalização da Casa Barão, financiadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Toda a caminhada recente obedecendo à ânsia de um encontro entre os acadêmicos e o povo foi iniciada pelo advogado, membro e ex-presidente da AML, Eduardo Mahon. Na Mais contemporânea intervenção, agora sobre o comando da professora e escritora Marília Beatriz de Figueiredo Leite, estiveram presentes variados nomes.
O momento, incomum para o histórico da instituição, pode simbolizar a efetiva fruição de um pólo antes envaidecido. No passado, em lugares distantes, talvez influenciados pela arte manifesto da esquerda brasileira, eram públicas frases encorpadas pelo lema "Seja Marginal, Seja Herói".
O novo grito poético da Academia Mato-Grossense de Letras surgiu na máxima expressão citadina: o desconforto do grafite. A caminhada, que deixa o salão nobre de uma bela casa e pretende desprezar tapumes e muros, cobiça durar por um tempo sem fim. Paulo Leminsk, o poeta morto, profanou antes de todos: “A rua é daqueles que passam, o grafite é daqueles que passam”.
A AML (Casa Barão de Melgaço) está na Rua Barão de Melgaço, nº 3869, Centro de Cuiabá.