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Fotógrafos passam por Cuiabá após percorrer 15 mil km pela América do Sul em um fusca 68

09 Fev 2017 - 14:20

Da Redação - Isabela Mercuri e Rogério Florentino

Foto: Instagram / Daniel Marenco

Expedição Fusca América

Expedição Fusca América

O fotógrafo Nauro Júnior iniciou, em 2013, uma expedição para registrar as paisagens, pessoas e histórias dos países do Mercosul. A bordo de um fusca 1968, ele fez a primeira viagem, de 300 quilômetros, pelo Rio Grande do Sul. No ano seguinte, aceitou o desafio de seguir até o Uruguai, e percorreu dois mil quilômetros. Em 2015, o ‘segundinho’ (nome carinhoso dado ao carro) chegou até a Cordilheira dos Andes e passou por quatro países. Desde dezembro de 2016, ao lado do também fotógrafo e jornalista Daniel Marenco, ele enfrenta seu maior desafio e, em um mês, já percorreu mais de quinze mil quilômetros e passou por sete países. Na última quarta (8), ele desembarcou em Cuiabá para visitar o ‘Centro Geodésico da América do Sul’.

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Os dois já passaram por Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru e Brasil, e de Cuiabá seguem para o Pantanal e para o Paraguai, último país da viagem. Até o final do ano, suas aventuras vão se transformar em um documentário chamado “Expedição Fusca América – Sete Pátrias em um Fusca”, narrado pelo presidente do Uruguai, Pepe Mujica - que deve entrar para o catálogo da Netflix - e em um livro.


Salar de Uyini, Bolívia (Foto: Instagram)

“A gente está viajando pela América do Sul pra mostrar que a América nada mais é do que um grande país, habitado por pessoas que vivem da mesma forma”, explicou Nauro ao Olhar Conceito, no centro geodésico, na manhã desta quinta (9). “Estamos fazendo um documentário que não tem nada a ver com propaganda de fusca e nem com guia de viagem, é para mostrar para as pessoas que ser feliz é simples, o difícil é ser simples, né?”.

Para provar a simplicidade, Nauro escolheu o fusquinha como meio de transporte e a cada cidade que chegou teve a certeza de que tinha feito a escolha certa. “O fusca é um agregador, porque quando a gente está em uma caminhonete importada, com ar condicionado, você chega a um lugar como extrativista. Quando você está num fusca, você chega ao lugar se integrando”, afirma.

Em Cuiabá, por exemplo, os dois viajantes chegaram por volta das 20h30 na noite de quarta-feira (8), e foram recebidos pelos criadores do Fusca Sebo - um sebo itinerante - que souberam da chegada via Facebook. “A gente dormiu na casa deles, levaram a gente pra jantar, e isso é um pouco do fusca. É você chegar com humildade nos lugares”.
Além disso, Nauro também tem uma relação de memória afetiva com o carro. “O primeiro carro da minha família foi um fusca, minha lembrança mais antiga é de um fusca chegando na minha casa, quando eu tinha apenas três anos. Depois, quando eu fui fazer faculdade de filosofia, eu precisava de um carro pra ir pra aula, eu comprei um fusca e essa paixão voltou”.


Nauro Junior no Centro Geodésico (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Para financiar essa viagem - que já é a oitava no Segundinho - o fotógrafo conta com o patrocínio de uma empresa de operação marítima do Rio Grande do Sul e de algumas ajudas de custo de agências de viagem. “As primeiras viagens eu tirava do meu bolso, juntava dinheiro, eu e minha esposa, e saia pra viajar. Porque ninguém ia acreditar num maluco que queria passear de fusca, e ninguém ia querer nos patrocinar nas primeiras. A gente teve que provar que era possível, que a gente não ia ficar pelo caminho”, conta.

O patrocínio só veio depois do reconhecimento, que aconteceu principalmente por meio das redes sociais. ‘Expedição Fusca América’ tem hoje mais de dois mil e setecentos seguidores no Instagram, e quase oito mil no Facebook. “Todo mundo que acredita no nosso sonho, na nossa loucura, de alguma forma viaja com a gente através da mídia social, através do que sai na imprensa, na televisão, nos rádios, em sites”, comemora. “A cada lugar que a gente chega, aumenta o número de seguidores e aumenta o número de pessoas que, de alguma forma, sai a viajar dentro desse fusca”.

Para Nauro, o que fica da experiência é uma visão de mundo diferente. Ele, que trabalhou por 28 anos como jornalista do Zero Hora, em Porto Alegre, e atualmente é professor universitário, se surpreende a cada cidade. “Ano passado eu decidi que queria ter mais liberdade, porque no jornal diário você não sabe da sua rotina, do que vai ter que fazer. Então decidi que ia continuar fazendo a mesma coisa, mas pra mim. Viajando e contando histórias de um mundo melhor. Porque no dia-a-dia do jornalismo você tem que contar muita história triste. E o mundo tem muita história triste que deve ser contada, mas tem também muita história legal, que acaba passando despercebida no nosso cotidiano maçante”, finaliza.
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