Há quatro anos, quando se formou em arquitetura pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), a paulista Emanuelle Oliveira, 28, que hoje vive em Cuiabá, esbarrou em um problema: em plena crise, projetos arquitetônicos eram vistos como algo de ‘luxo’, e eram inacessíveis a grande parte da população. Hoje, unindo um dom de família e uma aptidão antiga, ela integra objetos de decoração artesanais em seu trabalho, o que faz com que ele seja bem mais barato e alcance mais pessoas.
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“Eu me formei há quatro anos, e trabalhei por um tempo em escritórios. Mas acho que todo arquiteto sonha em ter o próprio negócio, e eu queria também”, lembra. No início, para incrementar a renda, Emanuelle começou ajudando uma tia, que já trabalha com artesanato e tinha muitas encomendas. “A maioria das coisas que ela faz são coisas pra crianças, quadrinho de bebê, essas coisas. Então eu acabei aprendendo e gostando”.
A partir desta ajuda, ela começou a pensar em como poderia unir as duas paixões e, ao mesmo tempo, popularizar o seu trabalho. “Ano passado teve um congresso no dia do arquiteto, e foi apresentada uma pesquisa que falava que apenas 15% da população têm acesso ao trabalho do arquiteto, porque eles ainda julgam que é um luxo. Então o que eu pensei: como eu faço pra ter acesso a essas pessoas que precisam, que gostam, mas que tem medo até de conversar com um arquiteto porque acham que vai ser muito caro?”.
A resposta estava no artesanato. E Emanuelle descobriu isso depois que foi convidada para um chá de bebê e fez um quadrinho de espírito santo para dar de presente. Quando a mãe soube que a lembrancinha era feita à mão pela própria arquiteta, pediu que ela produzisse também o quadro de maternidade de seu filho.
A segunda cliente foi a maquiadora Cinthia Zanuni, que precisava de um projeto para seu ateliê de maquiagem, mas que não fosse muito caro. Emanuelle sugeriu colocar objetos de decoração artesanais, e ela aceitou.
No ateliê, os quadrinhos da parede, com brincos de lojas parceiras de Cinthia, outros quadros com cílios e os pufes foram feitos pela arquiteta. “Eu sempre gostei de saber como as coisas eram feitas. Se eu chegava na loja e via, por exemplo, um quadro, eu olhava a moldura, via qual material era usado, sempre tinha essa curiosidade... E com a minha tia eu tive contato com a matéria prima, então soube o que poderia usar”.
Além disso, Emanuelle também fez o projeto dos móveis do ateliê, e vai projetar o quarto e a sala da maquiadora.
Tutoriais
Depois dos primeiros projetos, e instigada por Cinthia, Emanuelle decidiu começar a filmar tutoriais de como fazer os objetos e postar em seu Instagram e em seu Facebook. Agora, o próximo passo será criar um canal no Youtube especificamente para publicar estes vídeos, além de dicas de decoração baratas. “Meu foco vai ser, além dos itens de decoração, essas dicas de como você pode mudar um ambiente gastando pouco”, explica.
Para o futuro, Emanuelle espera encontrar clientes abertos a suas ideias, mas continua também com os projetos mais ‘quadrados’. “A Cinthia foi minha primeira cliente que arriscou. Se tiver um cliente que vai aceitar a minha ideia como ela aceitou, com certeza eu vou querer. Porque eu gosto disso de ser mais acessível, de deixar o ambiente com a cara da pessoa, e não aquela decoração capa de revista, que parece que não mora ninguém na casa”.
O que pode ajudar, inclusive, é o preço. No quadrinho que ela deu de presente para o chá de bebê, por exemplo, o gasto foi de R$60, em algo que poderia ser comprado em loja por R$180. Para oferecer essa economia, ela aposta nas ideias. “As pessoas acham, por exemplo, que um quadro só pode ser colocado na parede com moldura. Mas existem formas de expor um quadro na parede sem a moldura, que é o mais caro. Você pode simplesmente imprimir uma imagem em uma qualidade boa, em papel fotográfico, e encontrar uma alternativa diferente pra colocá-la na parede”.
Emanuelle alerta que, no entanto, não são todos os itens de um projeto que são possíveis de fazer com as mãos. Mesmo assim, existem formas de baratear. “Se você me contrata para fazer seu quarto, o guarda-roupa eu não vou conseguir te ajudar a fazer. Mas se você tem um guarda-roupa na sua casa, eu posso te ajudar a dar uma cara nova pra ele”, explica. “Se estiver em um estado pior a gente pode sugerir uma reforma, ou às vezes só uma pintura já dá uma cara totalmente nova para o móvel”, finaliza.
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