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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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palco de liu arruda

Em crise, IFMT pede ajuda da sociedade para reformar teatro que está fechado há oito anos

Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito

Local está lacrado e só pode ser visto de cima

Local está lacrado e só pode ser visto de cima

Palco de grandes nomes regionais, como Liu Arruda, berço do Grupo de Teatro Ânima e local de passagem de artistas nacionais, como Elisabeth Savalla, Irene Ravache, Derci Gonçalves, Paulo Autran, Nicete Bruno, e os músicos Artur Moreira Lima, Antônio Guedes e Baden Powell, o anfiteatro Hélio Vieira do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), campus Cuiabá, está fechado há quase oito anos. Sem dinheiro para continuar a reforma já iniciada, a instituição pede socorro à sociedade cuiabana.

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O teatro foi construído nos anos 70, e durante 30 anos passou apenas por pequenos reparos, até que em 2010, fechou as portas sob a promessa de, um ano depois, reabrir totalmente reformado. De acordo com uma matéria publicada na época, pelo site da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, as obras custariam R$2 milhões, e o orçamento havia sido adquirido pelo Ministério da Educação, por meio de uma emenda parlamentar do então deputado federal Eliene Lima (PP).

O contrato foi assinado no dia 15 de março de 2010, pelo deputado e pelo então diretor-geral do IFMT, Ali Veggi, com um prazo de 390 dias para entrega. “Ocorre que ao longo do processo de reforma nós tivemos um embargo em função do projeto de incêndio e segurança. O que efetivamente ocorreu: a obra em si tinha um projeto, mas quando foi submetido ao Corpo de Bombeiros, eles, em sua análise, entendeu que a obra não era separada de toda a unidade do campus, e exigiu que também que toda a unidade tivesse esse projeto de incêndio e segurança”, explicou ao Olhar Conceito o atual diretor geral do IFMT campus Cuiabá, Cristóvam Albano da Silva Junior.

Cristóvam Albano (Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito)

Pouco depois de começar, a obra foi embargada. A partir daí, uma série de problemas se sucederam. “Teve que contratar o projeto, e pra isso, se você não tem um orçamento destinado, tem que aguardar um novo ano pra você colocar isso no orçamento. Projeto feito, é preciso preparar a licitação, e uma licitação aqui, quando bem sucedida, demora seis meses pra ocorrer”, explica o diretor.

Como se não bastasse, a empresa licitada quebrou o contrato, e recebeu pelo início da reforma, que já tinha começado. A Prefeitura de Cuiabá também exigiu que o espaço tivesse um estacionamento com uma quantidade mínima de vagas somente para o teatro. De acordo com Cristóvam, isso foi sanado com um Projeto de Lei aprovado na Câmara de Cuiabá, que entendia que “Prédios anteriores a essa lei não precisavam que estar submetidos a ela, principalmente prédios históricos, como aqui no centro de Cuiabá”.

E hoje?

Passados quase oito anos, o local, onde deveria estar o teatro reformado e aberto para 350 pessoas, está lacrado – depois de ter sofrido diversos furtos de cabos de energia. Os R$2 milhões iniciais, conseguidos por meio de emenda parlamentar, não podem mais ser recuperados, e a nova obra, com projeto de segurança e contra incêndio, está orçada em cerca de R$5 milhões. Dinheiro que o IFMT não possui.

“Como órgão público a gente teve que passar por todo um processo de licitação para projeto e tudo mais, o que coincidiu com o ínicio da crise econômica que a gente está tendo hoje, com o decréscimo orçamentário que a unidade está sofrendo”, lamenta o diretor. “Para você ter uma ideia, o nosso orçamento de 2017 girou em torno de 9 milhões, e para 2018 nós vamos ter que nos resolver somente com 7 milhões, aproximadamente 2 milhões desse ano para o próximo de decréscimo. E esse processo vem se agravando de 2012 pra cá”.

Segundo Cristóvam, o dinheiro da emenda parlamentar foi usado para pagar a empresa, que realizou parte da reforma, e o que ‘sobrou’ não é possível ser recuperado. “O orçamento de um ano para o outro, quando a gente não realiza, a gente dificilmente o resgata. Como isso é lá de 2010, eu acho que é quase impossível a gente ter o resgate disso aí, frente a tudo que já passou”, explica.

De lá para cá, segundo o diretor – que assumiu o cargo no início deste ano – a instituição precisou, por exemplo, gastar R$1 milhão para reformar os prédios estruturais, que têm mais de 70 anos. “Nós tivemos que priorizar aquilo ao que viemos pra fazer, que é o ensino, pesquisa e extensão, o atendimento direto aos nossos estudantes que hoje tem sido prioridade”.

Com tudo isso, o teatro vai ficando para trás. Hoje não há mais nenhuma amarra burocrática que impeça a obra de acontecer, mas não há, também, nenhuma previsão para que ela recomece. “Como eu falei pra você, o nosso orçamento para 2018 é de 7 milhões para os 12 meses de funcionamento da unidade. Nós estamos com essa expectativa, estamos tentando fatiar a obra em várias frentes, para que a gente possa correr atrás de alternativas. Gostaria até de deixar o apelo pra sociedade cuiabana. De repente a gente tem aí alunos egressos que passaram por aqui, tiveram a sua vida modificada graças ao período em que estiveram aqui, que de repente se sensibilizem e possam nos ajudar nesse sentido”, pede o diretor, “porque é uma obra que, se entregue, não tem aplicação de uso somente para o instituto, mas para toda comunidade cuiabana”, finaliza. 
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