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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Artistas lamentam abandono da cultura com nova troca de secretário: ‘Não dá tempo de fazer mais nada'

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Artistas lamentam abandono da cultura com nova troca de secretário: ‘Não dá tempo de fazer mais nada'
Sem dinheiro, sem planejamento, sem esperança e agora sem gestor. É assim que cultura de Mato Grosso está, depois que o atual secretário, Kleber Lima, anunciou que vai deixar o cargo. Ainda não há um nome anunciado para substituí-lo, mas os artistas, que acreditaram na mudança, se vêem ‘largados às traças’.

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Kleber assumiu a pasta no dia 22 de janeiro. Em dezembro do ano anterior, no dia 27, compareceu a um jantar na casa do advogado e escritor Eduardo Mahon, para ouvir os anseios dos músicos, atores, pintores, poetas, fotógrafos e cineastas que estavam revoltados com a gestão anterior. Dentre os pedidos, um dos principais foi que o jornalista não os deixasse na mão.

Em entrevista ao Olhar Conceito, na manhã desta segunda-feira, o ainda secretário desconversou. “Eu não disse que não sairia. As pessoas só sabem quando entram. Eu só disse que não sairia pra ser marqueteiro do Pedro [Taques]”, afirmou, pelo telefone. Kleber também disse que não sabe quem entra em seu lugar, e que fez muito pouco no cargo porque “não houve tempo hábil e nem recursos. E não tem como fazer nada sem dinheiro”.

Para os artistas, o sentimento é de abandono, desde o início do governo. Eduardo Mahon, anfitrião do jantar, afirmou que o que aconteceu foi uma ‘sucessão de equívocos’. “A primeira parte da administração em termos de cultura teve alguns pontos bons, mas muitos equívocos. Nós fizemos um esforço para mapeá-los e apresentar um diagnóstico facilitado para o Kleber, porque a personalidade dele é uma personalidade proativa, e eu pensava o seguinte, como ele é proativo, é uma pessoa profundamente articulada, e a cultura está em tudo, mas a única coisa que ela não tem é alguém articulado pra juntar ponta com ponta”.

Neste curto tempo, Kleber conseguiu realizar o ‘Showdré’, quase sem verba nenhuma, com apoio e voluntariado dos artistas. “Mas não resolveu a questão dos museus, da descentralização de verba, não lançou um novo prêmio de literatura, não pagou várias pessoas", elenca o escritor. "Não resolveu nenhum problema. Mas com a longevidade eu achava que ele iria resolver, porque articulação não falta pro Kleber”, completa.

Não deu tempo, mas para a artista plástica Ruth Albernaz, independente do secretário, a situação continua a mesma. “Eu, como artista, quero fazer um apelo a Pedro Taques, que ele reveja esse posicionamento de manter os equipamentos fechados”, disse. “A cultura de Mato Grosso está entregue às traças. Ações efetivas eu não vi nenhuma. Vi alguns eventos, como o showdré, o Museu de Arte transformado em outra configuração, sem perguntar se a gente quer que aquilo deixe de ser um museu”.

Estão fechados, atualmente, o Museu de Arte de Mato Grosso, o Museu de Arte Sacra e o Museu Histórico. “É uma vergonha um estado do Brasil não ter um Museu de Arte para salvaguardar seu acervo. Cadê o acervo da Secretaria de Cultura? Está mofando em algum lugar. O Museu de Arte Sacra também, com as peças centenárias sendo destruídas pelo mofo. O Museu Histórico estava cheio de goteiras, deve estar acabado. Nós queremos saber o que Pedro Taques tem a nos dizer sobre esse abandono em relação aos equipamentos de cultura que são fundamentais para formação do público e para a ancoragem da cultura de Mato Grosso. Mato Grosso não tem políticas culturais eficientes. Estamos resistindo porque somos insistentes”, completou Ruth.

Ruth Albernaz (Foto: Reprodução)

Para Mahon, uma das possibilidades é a de Kleber ter visto que a situação era impossível de resolver. “Eu lamento muito por nós. Não por ele. Ele tem que ser candidato, que bom, mas lamento por nós, produtores, pessoas que escrevem, produzem", diz. "Se o Kleber tivesse desde o início poderia ter sido melhor. Lamentavelmente é uma sucessão de equívocos. Não dá tempo de fazer mais nada, acabou. A secretaria está com R$17 milhões a menos, não foi liberada emenda nenhuma, não houve tempo de fazer nenhuma articulação”, lamenta.
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