Olhar Conceito

Sábado, 20 de abril de 2024

Notícias | Saúde e Beleza

todos pela vida

Projeto de prevenção ao suicídio oferece tratamento com preço simbólico a quem sofre de depressão

Foto: Reprodução / Clichês na Rua

Projeto de prevenção ao suicídio oferece tratamento com preço simbólico a quem sofre de depressão
Cansados de assistir inertes aos grandes índices de depressão e suicídio não só no resto do Brasil, mas em Cuiabá, e muitas vezes na ‘porta ao lado’, os voluntários do movimento ‘Clichês na Rua’ e a Biblioteca Estevão de Mendonça lançaram, na última segunda-feira (26), o projeto ‘Todos pela vida - Depressão e Suicídio, falar é a melhor opção’. Até o final do ano, a ideia é fazer palestras em escolas, uma marcha, e ainda oferecer tratamento com uma equipe multidisciplinar, a preço simbólico, para o maior número de pessoas possível.

Leia também:
Grupo de apoio a impactados pelo suicídios se reúne semanalmente no CVV Cuiabá

O ‘clichês na rua’ foi criado em 2015, por Talissa Briante, 29, Thiago Azevedo, 27, e Luane Brandão, 28, com a intenção de ‘transformar o mundo das pessoas através do amor’. Para isso, colavam ‘lambe lambes’ com frases motivacionais pelas ruas. Atualmente, além das colagens, eles também produzem roupas e doam parte do lucro a instituições de caridade.

Segundo Talissa, a parceria com a Biblioteca surgiu em um momento de sua vida em que três pessoas foram até ela dizendo que estavam em depressão ou que haviam tentado se suicidar. Duas semanas antes disso, ela havia se reunido com a coordenadora do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de Mato Grosso, Waldineia Almeida, 41, e as duas manifestaram a vontade de fazer um projeto juntas, mas não sabiam o que.

“A gente conheceu o trabalho do clichês através de um dos voluntários, o Marco Aurélio. Ele foi voluntario numa ação nossa de intervenção social pra comunidade, as ‘Férias na biblioteca’, e lá ele mostrou pra mim esse trabalho que eles faziam de lambe lambe. Eu quis saber mais como funcionava”, lembra a coordenadora.

Wanderleia e Talissa (Foto: Olhar Conceito)

Depois do encontro, as duas foram para casa e tiveram a mesma ideia. “Eu estava em casa e pensei, vou lá falar com ela, porque é da Secretaria de Cultura, vamos unir forças. Quando eu cheguei lá pra conversar, ela falou assim: ‘Talissa, eu queria fazer um projeto de depressão e suicídio’. E eu falei: ‘Uau, sério? Eu vim aqui pra falar isso pra você’”, lembra Talissa. Um mês depois de terem essa ideia, o projeto foi lançado, no mesmo dia em que a Biblioteca Estevão de Mendonça completou 106 anos.  

Lançamento do projeto (Foto: Arquivo Pessoal)

Todos pela vida

O cronograma do projeto começa efetivamente no próximo dia três de abril, terça-feira, com uma palestra dentro da Biblioteca, para estudantes do Colégio Nilo Póvoas. Quem vai ministrar a palestra são os voluntários do ‘Clichês na Rua’ e uma psicóloga. “[Falaremos] sobre o clichês, para que eles também queiram participar, porque quando as pessoas participam de um projeto social, eles se sentem parte de algo maior que eles, isso ajuda muito. Não só sobre isso, sobre conscientização, sobre encorajar a pessoa, o que o clichês faz no papel, a gente pode levar isso falando. E os psicólogos vão estar com a gente nas palestras”, explica Talissa.

Depois deste primeiro momento, o clichês vai também para dentro das escolas, colar os lambe lambes junto com os alunos. “Depois terá com o Liceu Cuiabano, e tem outras escolas já procurando”.

No dia três de junho, dois meses após o início das palestras, será realizada uma marcha nas ruas, para chamar a atenção da população em geral. Essa marcha será seguida do agendamento para triagem com a equipe técnica, no dia quatro.

“A gente quer levar primeiro a parte informacional. Eles conhecerem, saberem, e depois nós queremos fazer a identificação, as triagens para identificação da doença. Aí sim entra o corpo clínico, porque eles vão identificar, ensinar a conhecer os sinais da depressão”, explica Waldineia. Esta triagem acontecerá entre os dias 11 e 30 de junho, também na Biblioteca.

A partir do mês de julho será realizado o tratamento em si. Como o Conselho Nacional de Psicologia proíbe consultas gratuitas, segundo Wanderleia, elas serão oferecidas com preços simbólicos, por meio da psicologia social. “Essa é a nossa proposta inicial, mas a gente também vai buscar parcerias para que isso seja custeado por alguma empresa, por alguma unidade, pra que essa pessoa que não tenha condições de pagar fique sem pagar”, garante.

O tratamento será feito em conjunto por psicólogos, psiquiatras, nutricionistas e educadores físicos. “Porque nas nossas pesquisas a gente já percebeu, e é notório, que a depressão atinge o corpo, a alimentação, tudo isso pode causar a depressão... uma má alimentação, não realizar atividade física, tudo isso, a mente também, então a gente trabalha com esses especialistas”, explica a coordenadora.

O quarto passo do projeto será feito por meio da biblioterapia. “Tratar essa doença comportamental, a doença que abala a nossa mente, com a literatura, de forma lúdica, de forma literária, e compartilhada. A gente quer sair das bibliotecas e ir pros parques, pras praças, pro shopping, levar essa pessoa que está tratando pra contar uma história, pra ler um livro, pra eles verem que a experiência é boa, que está surtindo resultado, pra passar isso pra sociedade”.

Apesar de o cronograma ter as datas até dezembro, o projeto não tem a pretensão de parar em 2018, e nem somente na capital. “Essa é uma proposta que a gente quer iniciar em Cuiabá, mas a gente quer que se estenda a todo o estado. Como eu sou representante de todas as bibliotecas públicas do estado, as públicas municipais e a pública estadual - porque o Sistema Estadual é formado por 154 bibliotecas, dentro delas uma estadual, 142 municipais, e 11 comunitárias - a gente quer que isso se estenda às bibliotecas, que elas trabalhem em papel informacional de conhecimento, pra gente diminuir esse índice em nível estado. A gente quer ser referencia pro nosso país, que seja uma sementinha que vai germinar em outros campos”, finaliza a coordenadora.

Serviço

Cronograma

3 de abril (terça-feira) – Início das palestras (informacional e divulgação)
3 de junho (domingo) – Marcha nas ruas
4 de junho (segunda-feira) – Agendamento para triagem
11 a 30 de junho – Realização da triagem com psicólogos e ações de biblioterapia
Julho – Início do tratamento
Outubro / Novembro – Realização de intervenções de biblioterapia com os pacientes em tratamento
Dezembro – Avaliação do projeto
 
Informações: INSTAGRAM / FAN PAGE (Clichês na Rua)

Biblioteca Estevão de Mendonça - R. Antônio Maria Coelho, 251 - Centro, Cuiabá - MT, 78020-270
Telefone: (65) 3613-9235
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet