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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Levando noções de disciplina e respeito, aulas de capoeira se espalham por Cuiabá

Foto: Arquivo pessoal

Mãe e filha na roda de capoeira no Parque das Águas

Mãe e filha na roda de capoeira no Parque das Águas

Foi em um fundo de quintal que o chapadense Visquival de Campos Martins, hoje com 42 anos, aprendeu as primeiras técnicas de capoeira. Hoje, trinta anos depois, ensina o que sabe a crianças, adolescentes e adultos de Cuiabá, já foi reconhecido em todo o país e deu aulas até mesmo na Espanha e na Alemanha.

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“Eu aprendi fazendo as aulas. Os primeiros passos, as movimentações básicas, e aí eu fui pro Centro Comunitário do meu próprio bairro, que fica no Araés. Lá a gente começou a treinar com um grupo de pessoas”, lembra o capoeirista. Segundo ele, no Araés ele treinou com um grupo de pessoas, até que sentiu a necessidade de buscar mais conhecimento. “Eu saí do centro pra treinar capoeira no Tijucal, treinei por um período de 8 a 10 anos, e lá eu busquei o inicio das minhas graduações”.

Foi no Tijucal que ‘Visqui’ foi batizado, obteve sua primeira graduação, e se formou como instrutor de capoeira, em 2002. Desde 1999, no entanto, ele já dava aulas, ainda como ‘graduado’, no Colégio Isaac Newton. “Lá estou até hoje, sou carteira assinada, professor da grade”.

Dois anos depois, em 2004, Visqui criou a ‘Associação Capoeira VIP’ que foi fundada no dia sete de novembro, em um evento no Goiabeiras Shopping. Com CNPJ e endereço fixo, a instituição trabalha com terceirizados, desenvolve oficinas de capoeira, apresentações, palestras, e, inclusive, o ‘Festival de Capoeira de Mato Grosso’, que vai para sua 13ª edição em 2018 (dias 17 e 18 de agosto, no anfiteatro do Liceu Cuiabano).

Foi também a partir desta associação que Visque criou o projeto ‘Capoeira VIP na escola’, com o intuito de levá-la aos estudantes de escolas públicas. Ele foi criado no Liceu Cuiabano, e hoje está, também, no Colégio Presidente Médice, no Pedro Gardes em Várzea Grande, no Nossa Senhora Aparecida, bairro Colorado, Colégio Antonia Tita, no Jardim Florianópolis, no Colégio Tereza Lobo, dentre outros, todos da rede municipal ou estadual.

O ‘Capoeira VIP na Escola’ já foi reconhecido nacionalmente quatro vezes. A primeira delas, em 2007, pelo Criança Esperança. A segunda, em 2010, quando receberam um ‘diploma de honra ao mérito pela vida’, da Secretaria Nacional de Políticas Públicas Anti-drogas (Senad).

Anos depois, recebeu o prêmio ‘ANU Dourado’, como maior projeto social do estado de Mato Grosso, pela Central Única das Favelas (CUFA). No Rio de Janeiro, disputaram o ‘ANU Preto’, maior prêmio nacional, e ficaram em quarto lugar. Por fim, em 2016, Visquival teve a honra de ser um dos condutores da Tocha Olímpica, também graças a seus feitos.



A capoeira

Segundo Visqui, a capoeira é uma luta disfarçada em dança que, principalmente com as crianças, trabalha a coordenação motora, a simetria de lado, desenvolve o trabalho em conjunto, a capacidade de percepção, o autocontrole, a segurança, a autoconfiança e a atenção. “São coisas que a criança vai absorver e que vão contribuir diretamente na sala de aula”, garante.

“Ela é uma luta disfarçada de dança. É esporte, é filosofia de vida, é manifestação cultural, é cultura popular brasileira, é educação”, explica. Segundo Visqui, a capoeira nasceu no século XVI no Brasil, por necessidade de sobrevivência dos escravos. “Na época da escravidão, muitos escravos fugiam da senzala e não queriam ser capturados. Pra não ser capturados, por si só eles desenvolveram uma técnica de defesa e ataque, com o instrumento de seu próprio corpo. Porque o homem branco tinha o conhecimento da arma branca e da arma de fogo, e por necessidade eles começaram a observar e tirar movimentos de animais”. O professor explica, ainda, que existe outra linha de pesquisa, que afirma que os indígenas já tinham essas técnicas. “Mas não se consegue provar, porque toda coleta de estudo feito pelos jesuítas na época, foi queimada por Rui Barbosa”.

Seguindo a história dos escravos fugidos, eles não podiam treinar a luta. Para disfarçar, introduziram o berimbau (instrumento oriundo da África) e as músicas na roda de capoeira. A atividade chegou a ser proibida durante o governo de Marechal Deodoro da Fonseca, e liberado por Getúlio Vargas.

“De lá pra cá, a capoeira ganhou em 2008 o reconhecimento de Patrimônio Imaterial Nacional, e em 2014, foi reconhecida como Patrimônio Imaterial Mundial pela Unesco, em Paris. Inclusive um vídeo que foi gravado em Cuiabá foi exposto lá no dia”, lembra.
Em Cuiabá, além das escolas, é possível treinar capoeira nos encontros realizados todas as sextas-feiras, às 20h, em frente ao Liceu Cuiabano, e uma vez por mês no Parque das Águas e no Parque Mãe Bonifácia, com entrada gratuita.



Além disso, o ‘Capoeira VIP’ promove oficinas, workshops e aulas particulares, além de se apresentarem em eventos. Mais informações pelo telefone: (65) 99959-2420, ou pela FAN PAGE.
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