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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Dio antiguidades

Português guarda mais de mil relógios em antiquário no Centro: “Tinha medo de me atrasar”

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Dionísio

Dionísio

Quando Dionísio Pinto, hoje com 73 anos, morava em São Paulo, trabalhava como ajudante de cozinha em um restaurante próximo ao Mercado Municipal da cidade, e entrava às 5h da manhã. Mas não tinha relógio e, por isso, muitas vezes chegava cedo demais, por volta das 3h, orientando-se pela claridade do céu. Os relógios eram caros, e ele pensava: um dia terei muitos. Hoje, tem mais de mil.

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“Quando eu fui pra São Paulo, eu fui sem dinheiro”, lembra ele, que nasceu em Portugal, veio para o Brasil aos oito anos de idade e morou também em São José do Rio Preto. Dionísio ia para o trabalho a pé. “Dava uns cinco quilômetros, e eu passava nas lojas da Liberdade, João Mendes, Sé, Ladeira Porto Geraldo... e via as lojas de relógio e pensava: que falta me faz um relógio. Falei, um dia vou ter muitos. Estão todos aqui”.



‘Aqui’, que ele cita, é um galpão escondido na avenida Barão de Melgaço, no centro de Cuiabá, onde por muitos anos funcionava sua oficina de motos. Paralelo a seu trabalho com a oficina, Dio, como é conhecido, viajou o mundo inteiro, e sempre trazia algumas relíquias, que guardava junto a objetos pessoais.

“Eu tenho até hoje o livro da minha primeira comunhão. Eu gosto de guardar as coisas, de conservar as coisas. Tenho meus óculos Ray Ban que eu ganhei quando tinha 16 anos, e está comigo até hoje, tenho um canivete suíço que também ganhei com 16 anos”, lembra.  Todas as peças fazem parte de sua coleção.

Marília Bonna, do Fusca Sebo, em visita ao Dio Antiguidades (Foto: Thiago Sinohara)

Dentre os relógios, sua paixão, estão ingleses, franceses, suíços, belgas, portugueses, alemães, um de Trinidad & Tobago, e de todas as formas: de pulso, de parede, de pêndulo, e vinte e oito cucos. E quase todos funcionam, já que ele aprendeu a consertar. “Eu gosto de consertar relógios porque eu gosto de dar vida às coisas paradas”.

Relógio de cabeceira alemão (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Também estão em seu antiquário um sino de cristal da Antuérpia, uma poncheira francesa, uma licoreira inglesa, uma jarra iraquiana, uma jarra de água indiana, dois toneis de carvalho portugueses, discos, fitas de VHS, quadros uma guitarra portuguesa, uma motocicleta inglesa (BSA 1937) e muito, muito mais, que seriam necessários dias para ver e analisar.

Quadro de Casablanca (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Depois de viver anos com toda a sua pequena fortuna, Dionísio decidiu colocar tudo à venda. Em breve, quer levar seu acervo para Chapada dos Guimarães, onde vive atualmente. Quem quiser encontrá-lo pode marcar um horário, ou tentar a sorte indo até o galpão na Barão de Melgaço. Se estiver aberto, o visitante será bem recebido, e terá que provar as cachaças feitas por ele mesmo, curtidas no aniz e no nó de cachorro, ou na castanha do Brasil.

Serviço

Dio Antiguidades
R. Barão de Melgaço, 2329E - Centro Sul
Telefone: (65) 3321-9633
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