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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Várzea-grandense de 17 anos participa de campeonato brasileiro de Muay Thai neste domingo

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Várzea-grandense de 17 anos participa de campeonato brasileiro de Muay Thai neste domingo
Com apenas 17 anos, a várzea-grandense Vitória Brandão já tem uma vida cheia de responsabilidades. Estudando, trabalhando e vendendo quitutes para ter uma renda extra, ela consegue, ainda, tempo para treinar artes marciais. Neste domingo (30), ela participa do Campeonato Brasileiro de Muay Thai, que será realizado no Palácio das Artes. Também foi selecionada para o Campeonato Brasileiro de Boxe, mas, infelizmente, sua categoria não atingiu o número mínimo de inscritas – o que indigna a atleta, que nas horas vagas, ainda milita pelas causas que acredita.

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Os treinos de Vitória começaram há cerca de dois anos. Convidada por um amigo, ela decidiu fazer as aulas de Muay Thai, e se apaixonou. Antes disso, tinha treinado apenas taekwondo durante dois meses, em um projeto da ‘Rede Cidadã’. “Comecei no Muay Thai. Conheci o professor e aquela família da academia, e me apaixonei pela arte marcial”, contou ao Olhar Conceito.

Do Muay Thai, logo começou a fazer aulas de boxe, e, hoje, também treina kick boxing e taekwondo. Ela é bolsista do Centro de Treinamento Number One, e considerada um dos ‘destaques’ do CT. “Ela sempre se destacou, sempre foi guerreira. Sempre foi pra cima com muita vontade. A gente trouxe ela pra cá como bolsista desde o início”, explica o professor de muay thai, Renan Tavares. “A arte marcial eu tenho como ensinar, mas garra não. E essa menina sempre foi muito guerreira. Ela é nossa magrela, mas vai pra cima dos que pesam 90kg, de igual para igual. Ela não recua, não abaixa a cabeça. Ela toma pancada, mas quanto mais pancada você dá nela, com mais força ela vai pra cima. E isso é difícil de achar. Isso eu não tenho como ensinar”.



A garra de Vitória é vista também em sua rotina. Atualmente, ela estuda o terceiro ano do ensino médio no Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), trabalha como vendedora na ‘Inovare Moda Afro’, e como freelancer em alguns eventos e feiras. Além disso, frequentemente produz salgados e biscoitos para vender na escola.

“Desde o início do ano comecei a vender, porque a escola dá liberação no terceiro ano. Comecei vendendo biscoitinho, depois salgado”, conta. “Eu vou e volto de ônibus, e eu fazia tudo de madrugada. Fritava de madrugada pra chegar fresquinho. Eu planejava para dormir no ônibus no caminho para casa, uma horinha, chegava em casa, me arrumava e vinha pro treino. Depois chegava em casa umas onze horas, tomava banho e já fazia as coisas. E quando dava um tempinho eu dormia... no intervalo da escola, nestes horários”. Como agora está também fazendo os eventos da Inovare, Vitória deixou para produzir os quitutes com menos frequência.

Vitória lutando boxe (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Os treinos, no entanto, continuam quase todos os dias. “O treino aqui é segunda, terça e quinta-feira, das 20h30 às 21h30, mas a gente chega umas 19h30, e vai até tarde. Tem que praticar, acaba virando uma rotina”. Apesar de ter seus dias ‘certos’ de aula, a atleta conta que só não vai até o CT às sextas-feiras, quando ele é dedicado aos alunos de Jiu Jitsu.

Para não ficar confusa, segundo seu professor Renan, quando está chegando um campeonato, ela foca somente em uma das modalidades. “Todas as decisões que temos que tomar, a gente não joga para o atleta. A Vitória é minha representante, e tudo relacionado à arte dela sou eu que decido. Assim ela consegue focar e treinar. Já que ela já é uma menina batalhadora, o foco dela aqui é o treino”, afirma.

O Campeonato Nacional de Boxe, para o qual ela foi classificada, acontece entre os dias 29 de junho e 07 de julho, no Complexo Esportivo “Gustavo Cid Nunes Cunha”, localizado no bairro Lixeira. No entanto, não será possível participar. “A quantidade mínima de atletas era 6, mas não tem 6 atletas no Brasil na categoria dela para lutar. Tinha cinco, então foi cortada a categoria inteira”, lamenta o professor.



Para Vitória, isso mostra o quanto é necessário incentivar outras mulheres. “No caso do esporte é difícil ver mulher competindo. Geralmente elas fazem para emagrecer, ou por moda”, lamenta. “Acho que é falta de estímulo. Na nossa cultura se acha que esse esporte é mais voltado para homem, assim como o futebol. Não há tanto incentivo para o futebol feminino. Um exemplo é a copa... nem se compara com o alvoroço que teve na masculina”.

No próximo domingo (30), por outro lado, ela representa Mato Grosso no Campeonato Brasileiro de Muay Thai. Para o futuro, pensa em estudar nutrição e, também, se tornar professora de artes marciais. “Quero ter uma base de todas as artes marciais que eu conseguir. Aqui no CT a gente tem a oportunidade grande de treinar com vários professores e mestres juntos. De treinar com professor, mestre, de quinto, sexto Dan... que tem mais do que a sua idade em tempo de treino. Quero ter essa base no esporte para depois me tornar professora”, finaliza.

Os professores (esq. para dir.) João Rocha, da categorai de base de taewkondo; Lucas Santana, de kickboxing; Natan Martins, de boxe; e Renan Tavares, muay thai; Não está na foto o mestre de taewkondo Fábio Bumlai (Foto: Rogério Florentno / Olhar Direto)
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