O artista Rai Campos, que também participou das intervenções artistas em Sinop, se manifestou por meio das redes sociais sobre a repercussão da ilustração do rosto de Greta Thunberg, pintado em um viaduto de Sinop. Ele questiona os moradores que se indignaram com as artes, perguntando porque não haviam restaurado o local antes da intervenção. Ele também aponta que a população local sequer se importava com o espaço e outros problemas em Mato Grosso, como as queimadas e o desmatamento.
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“Vocês nunca olharam para esse lado da cidade. Vocês não se incomodam com as queimadas e suas consequências. Não se incomodam com a violência nas comunidades! Não se incomodam com a destruição da biodiversidade, dos alimentos e medicinas que estão queimando na Amazônia”, escreve nas redes sociais.
O caso está ganhando repercussão nacional por conta de um grafite no viaduto da comunidade São Cristóvão, em Sinop, com o rosto da ativista sueca Greta Thunberg, feita pelo artista Matias Souza. Parte da população do município se indignou com o conteúdo, o que resultou na pressão dos vereadores para que o conteúdo fosse apagado.
A arte foi em resultado ao 1º Encontro Internacional de Graffiti — Matograff, que reuniu artistas de toda a América Latina na cidade, entre 24 e 26 de setembro. Todo o viaduto localizado no bairro São Cristóvão foi pintado, incluindo o trabalho do artista Rai Campos, que trouxe o rosto do cacique Raoni. Até o momento, somente o rosto de Greta Thunberg será apagado.
O diretor de cultura do município de Sinop, Daniel Coutinho, defende que o rosto da ativista sueca não condiz com as regras do evento, que tem como tema principal a fauna e a flora. “Não será apagado devido à censura. Esse é um projeto de incentivo à cultura que foi feito pelos grafiteiros do município. E o tema é a fauna e a flora. Eles iam trabalhar elementos voltados à natureza, à floresta Amazônia, insetos, animais, enfim”, explicou.
Sobre a outra criança que estaria também representada, Daniel afirmou que tem um contexto que a justifica. “Essa criança está simbolizando um contexto dentro da Amazônia. Ela está com uma cuia, uma cobra, então é um contexto geral. Agora, o lance da imagem da polêmica é a Greta mesmo, por ela estar em evidência, ter toda essa situação política... então eu penso que se tivesse sido uma menina qualquer desenhada lá, estaria fora do contexto também, mas talvez não teria causado toda essa polêmica”.
Ato em defesa das artes
Os membros da Associação dos Docententes da Universidade Estadual de Mato Grosso (Adunemat) também se manifestaram em apoio ao artista Matias. Nesta quarta-feira (02), no viaduto do bairro São Cristóvão será realizado um ato em defesa da liberdade de exepressão artista. A ação se soma ao ato nacional em defesa da educação, que já estava programada para este dia.