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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Sem acesso a auxílios, restaurantes chegam a perder 85% do faturamento e lutam para sobreviver

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

'Bistrô Pai e Mãe' é comandado por família

'Bistrô Pai e Mãe' é comandado por família

Na próxima semana Cuiabá completa um mês do decreto que obrigou os restaurantes e bares a fecharem as portas e atuarem somente com delivery e retirada de produtos. Na segunda-feira (20) o prefeito Emanuel Pinheiro deve tomar a decisão em relação aos próximos passos que, mesmo que flerte com uma reabertura do comércio – em suas palavras – deve ser lenta e gradual. Neste meio tempo, micro e pequenas empresas lutam para sobreviver, quebram a cabeça para inovar e ganhar a atenção dos clientes que, em meio à pandemia, também temem por seus salários e diminuem gradativamente os gastos. Para restaurantes familiares, que estão fora de muitos auxílios governamentais, as perdas tomam proporções gigantescas.

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É o caso, por exemplo, do ‘Bistrô Pai e Mãe’. Liderado pelo casal Valdete Campos, 55 e Dionisio de Sousa, 53, o restaurante funciona somente com o trabalho dos dois e o auxílio dos filhos. Segundo o proprietário, o rendimento deste mês caiu 85%, mesmo com a tentativa de implantar o delivery – algo que nunca haviam feito antes.
 
“Estou esperando que de repente venha algum plano que a gente consiga ser atingido”, contou ao Olhar Conceito. “Porque o governo enviou ajuda baseado em quem tem funcionário, para fazer os pagamentos. E aqui é só nós dois mesmo”. Como o bistrô familiar não tem ninguém trabalhando no sistema de carteira assinada – os quatro são sócios do pequeno negócio – fica difícil ser alcançado pelos benefícios. Ao mesmo tempo, também não se encaixam nas medidas que determinam o pagamento dos R$600 de auxílio. 
 
Para tentar sobreviver, então, Dionisio e Valdete decidiram fazer o delivery nas noites de quinta a sábado e almoço de domingo, o que ainda não deu certo. “É complicado pra gente porque a gente nunca teve delivery, e pra atingir alguém que estava acostumado a frequentar nosso bistrô fica mais difícil”, lamenta o empreendedor. Na próxima semana, o novo passo será o sistema ‘passe e pegue’ e, assim, se renovam as esperanças do casal enquanto um novo decreto não é editado, e a pandemia não dá trégua.
 
Metade cheio

 
Olhar a vida de uma perspectiva otimista sempre foi o mote do empresário Alexandre Cervi e isso, inclusive, está no nome de sua empresa, o ‘Metade Cheio’. De repente, seu bar-bistrô-centro cultural teve que transformar-se em um restaurante delivery, e as decisões que miram na sobrevivência devem ser tomadas a cada minuto.
 
A programação da casa, por exemplo, já foi retirada em 17 de março. Alguns dias depois, o bar foi fechado e implantou o sistema passe e pegue. Dali, passou para delivery, diminuição da carga horária e salário dos funcionários e o que mais fosse necessário. Em um mês, Alexandre já enxerga uma queda de mais da metade do faturamento. “Mais do que perdas, deixamos de ganhar o básico que sustenta nossa estrutura mínima. Como estamos completando agora um mês dessa nova situação, os balanços estão sendo feitos e a curva é exponencialmente descendente”, lamenta.
 
A empresa tem cinco funcionários registrados e Alexandre aderiu a algumas medidas governamentais, como prorrogação de impostos e taxas (Simples Nacional, IPTU), e redução da carga horária. Um colaborador foi suspenso. “Essas últimas medidas foram tomadas porque são basicamente as únicas opções em que o governo cobre de fato a diferença, dividindo literalmente os gastos com a empresa sem cortar drasticamente a renda do pessoal. As demais opções como crédito de emergência para empresários ou férias forçadas não foram de interesse por custarem caro e serem minimamente injustas - o empréstimo tem alta taxa de juros e não resolve de acordo com a queda da demanda atual, e além de estarmos adiantados nas férias, seria o pior recesso imaginável para qualquer trabalhador. E nós não temos condição também de parar em absoluto devido ao custo mínimo da casa, como um todo”, explica.
 
Para continuar funcionando, o agora restaurante delivery modificou o cardápio, trazendo novidades quase toda semana, e iniciou também uma linha de congelados e pré-prontos para conseguir atender com mais agilidade e preço acessível. Outra medida foi a venda de vouchers pré-pagos para consumo posterior quando a casa for reaberta.
 
“Vejo que, pra além da questão prioritária da saúde, o principal entrave nessa situação é o financeiro. Estamos reduzidos ao capital ou, com a impossibilidade das atividades em plena potência, a falta dele. A falência está batendo na porta de muitos e, com ela, sonhos e todo plantio por anos com muita dedicação estão em cheque. Algo precisa acontecer para não quebrarmos de vez e, sabendo que muitos custos são irredutíveis, espera-se do governo alguma interferência realmente expressiva no que cabe a eles - seja nos impostos federais, nas taxas municipais, nas concessionárias abusivas de luz e água - ou no mínimo uma reconfiguração nas categorias e margens econômicas para que os incentivos sejam mais proporcionais e menos burocráticos, fazendo com que a grana chegue em quem realmente precisa”, finaliza.
 
Serviço
 
Bistrô Pai e Mãe
Delivery: (65) 99273-5008
Informações: INSTAGRAM
Jantar de quinta a sábado; Almoço de domingo
 
Metade Cheio
Delivery: Uber Eats e iFood
WhatsApp: (65) 99642-3700 – Passe & Pegue
Horários: 17h30 às 23h  e 11h30 às 14h – Quinta a sábado
Informações: INSTAGRAM
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