Estudante da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Danilo Barreto resolveu transformar o seu Instagram em um espaço para compartilhar suas experiências enquanto artista visual e dar dicas para quem está começando. O artista tem diversos trabalhos espalhados por Cuiabá e em 2019 fez um intercâmbio para a Colômbia, onde se aprofundou em artes visuais.
Na rede social, Danilo tem uma série de vídeos que ensina a desenhar, mas também abre espaço para contar um pouco de suas experiências. A motivação de se expor dessa forma surgiu após voltar da Colômbia, quando se sentiu “obrigado moralmente” a compartilhar tudo que experienciou e aprendeu durante aquele período.
“Quando eu fiz o intercâmbio e estudei Artes Visuais fora, eu voltei sentindo muita vontade de compartilhar tudo o que eu vivi e aprendi lá. Como eu fui pela Universidade e ganhei bolsa, eu senti não só esse desejo em compartilhar o que experienciei e aprendi com as pessoas, como também senti uma ‘obrigação moral’ de tentar retribuir de volta a sociedade tudo o que me foi proporcionado”, conta ao Olhar Conceito.
Inicialmente, ele compartilhava seus conteúdos no Atelien, também no Instagram, mas por perceber um maior alcance em seu perfil pessoal, optou por levar todos os materiais para lá. “Com os dois perfis, eu acabava por focar hora em um, hora em outro, sem contar que o Instagram e seus algoritmos não colaboravam muito no meu desempenho com o Atelien”, detalha.
“Essa decisão não foi fácil. Eu tinha acabado de começar um projeto no Atelien que eu estava super animado - uma série de vídeos chamada "Como Desenhar Bem". Eu já tinha gravado algumas aulas e havia publicado duas, e isso me fez repensar várias vezes qual decisão tomar, já que eu havia convidado e divulgado para toda a minha audiência. Aí fiquei nisso, faço ou não faço? E fiz. Em resumo, foi isso”, explica.
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A série de vídeos “Como Desenhar Bem” foi migrada para o perfil pessoal, assim como os demais conteúdos que estavam previstos para o Atelien. O retorno do público tem sido ótimo, com pessoas elogiando a forma que ele ensina, tirando dúvidas ou até mesmo trocando referências. A exposição também tem sido positiva no sentido de abrir várias portas de trabalho com desenho, escultura, pintura e até mesmo fantasias.
O perfil também tem como objetivo conectar os artistas dessa nova geração com os antigos e Danilo confessa que sente falta de uma rede de apoio que faça essa conexão. O artista acredita que é preciso haver uma troca entre eles, de forma que suas vozes sejam ampliadas e as artes cheguem em mais pessoas.
“Que saiamos dos espaços físicos, de ateliês e das galerias, onde, o espaço é tão limitado, tanto para apreciadores, quanto para a própria comunidade artística, e ampliemos nossas vozes e nossas artes com mais muitas pessoas. Artes, assim, no plural mesmo, porque eu não acredito apenas em um tipo de arte. Felizmente, eu tive a oportunidade de trabalhar em um lugar que privilegia muito o fazer artístico, que é o Sesc Arsenal, e ali eu conheci tantos artistas incríveis e descobri tantas técnicas legais, que precisam ser propagadas. É o que tenho feito, é nessa intenção, de ampliar essa rede e gerar essas conexões”.
Natural do estado de São Paulo, Danilo se mudou para Cuiabá há alguns anos para cursar Comunicação Social na UFMT. Apesar de sua formação não ter muita relação com artes visuais, Danilo se encontrou como artista muito antes da vocação como comunicólogo. Ele vem de uma família que possui artesãos e, por este motivo, sempre teve muito contato com a arte.
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A veia artística deu sinais quando estudava no ensino fundamental e médio. A primeira pintura de parede aconteceu quando ainda morava em Vera Cruz, São Paulo. De lá para cá, passou a realizar trabalhos do tipo, cobrando um valor simbólico para arcar com os custos dos materiais. Em média, uma parede sai entre R$ 100 e R$ 250, levando cerca de dois dias de trabalho, mas a duração depende de fatores como tempo, número de cores a serem usadas e detalhes dados.
Seu maior sonho como artista é poder trabalhar em um carro de alegoria de escola de samba. Na Colômbia, ele teve a experiência de trabalhar em um carnaval, no início deste ano, mas explica que há diferenças quanto a festa brasileira. “Fui para o ateliê, acompanhei o processo de construção e fiquei ainda mais encantado. O ápice da minha vida seria trabalhar com carro de escola de samba”, conta.
“Eu sempre pensei que um artista precisava ter uma coisa própria, uma marca que era dele, ter um estilo de desenho próprio ou algo assim. Depois que eu comecei a trabalhar, fiz as esculturas e intercâmbio, eu entendi que ser artista é você estar entregue aquilo que está fazendo. Você não necessariamente precisa estar pintando para ter artista. [Em] todas as profissões, desde que você esteja entregue, você está sendo artista”.
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