As colagens do projeto “Das Margens do Pantanal” retratam personalidades e culturas importantes para a história do município de Cáceres (a 219 km de Cuiabá). O projeto foi contemplado pela Lei Aldir Blanc, por meio do edital MT Nascentes, da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT).
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“Das Margens do Pantanal” tem entre suas inspirações o mestre cururueiro Seu Lourenço, artesão da viola de cocho; a guerrilheira Jane Vanini, que deu a vida na luta contra ditaduras na América Latina; o andarilho-artista conhecido como Johnnie Walker; a comerciante Maria Aparecida e o pipoqueiro Vanderlei Oliveira, trabalhadores da Praça Barão.
Também estão entre os homenageados, jovens que fazem a Cáceres contemporânea, como a poeta Renata Marçala e o ator e dançarino Cadu (em memória) - pessoas queridas na cena LGBTQI+ cacerense -, músico pesquisador Henrique Maluf, que tem como missão espalhar o legado da cultura popular a novas gerações através do rasqueado de fronteira, entre outros.
As colagens estão expostas no Instagram e Facebook, enquanto a pandemia do novo coronavírus impede uma exibição física no município. Além da exposição, está previsto um curta-metragem documental que mostrará a confecção das obras e molduras.
“Achamos que seria imprescindível ‘virtualizar’ a exposição dessas obras em um momento de conscientização pelo isolamento social. Uma medida tomada em segurança da equipe e do público das margens do Pantanal”, destaca o artista Diego Vicente, proponente do projeto.
Os idealizadores
“Das margens do Pantanal” é um projeto que parte do trabalho de Rauni Vilaboas através do @lab_lamb, página de colagens no Instagram. Somam a ele os artistas e artesãos Diego Vicente e Ronaldo Gonçalves. Para a concepção das obras, eles se dividiram entre a criação das colagens digitais, o entalhe artesanal e a pintura das molduras e cavaletes, suportes produzidos sob medida para o projeto. Os artistas são amigos de longa data e companheiros de composições musicais na banda O Mormaço Severino. Durante suas trajetórias artísticas, se dedicam a reconstruir a cidade através de olhares periféricos.
Com ‘Das margens do Pantanal’, eles pretendem contribuir para reposicionar o olhar de uma cidade histórica, universitária e tradicional, colocando pessoas comuns, em suas mais diversas vivências, ofícios e gerações como figuras centrais de uma obra artística.
“Neste projeto buscamos dar visibilidade às pessoas ‘invisíveis’, as representando a partir de uma estética poética, humana e sensível para não deixar que elas caiam no esquecimento da história. Cáceres é uma cidade antiga e oficialmente lembrada apenas pelas famílias tradicionais, mas o cacerense vai além: ele é o pipoqueiro da praça, a travesti, o músico, a guerrilheira, todas essas pessoas renegadas também são cacerenses”, destaca Rauni Vilasboas.