No cotidiano de Cuiabá, é recorrente sentir um certo desconforto por conta do calor. Tem sempre alguém reclamando dele. Mas há um grupo que cansado do que já virou clichê – dizer que está calor -, detectou que mais árvores seriam um alento às condições climáticas desfavoráveis.

Avenidas e praças históricas de Cuiabá servem de palco para mudança

Pensando nisso, lançou mão da arte para manifestar-se, a começar pelo nome que foi escolhido para ele, um tanto quanto poético. “Não reclame do calor, plante uma flor/ Quem planta árvore, colhe sombra”. Quando se lê ou se ouve, de pronto, se inicia um pensamento reflexivo. Afinal, o que temos feito para melhorar isso?

Em tom politizado, o grupo que completou um ano de atividade neste sábado - Dia da Independência- tem usado de criatividade para protestar e... poesia!. Eles questionam a falta de iniciativa do poder público e também, das obras de mobilidade que tem como foco a Copa do Mundo de 2014 e que impulsionaram a derrubada de várias árvores em Cuiabá. Sem elas, menos sombra, mais calor.

“Não concordamos com a forma que os governantes vêm lidando com as árvores que já estavam aqui há mais tempo que eles. Queremos que comecem imediatamente a rearborização das ruas de Cuiabá. Ainda não foi divulgada qual a proposta do governo Estadual (SECOPA) e municipal para amenizar as ilhas de calor em Cuiabá. Nossa intenção é contribuir com a reflexão da comunidade cuiabana a respeito do modelo de cidade que queremos”, diz uma das pessoas do movimento. A propósito, eles se identificam com nome de árvores, porque levam à risca a ideia de coletividade em que todos são autores e o grupo leva o crédito.

Para conquistar mais adesão à causa, recentemente criaram uma petição pública no Avaaz para pedir mais árvores para a capital. De pouco em pouco, a causa vai conquistando mais defensores. “Entre outras ações, tentamos pressionar a Prefeitura para que seja repensada a retirada de árvores como fizeram no recente no córrego 8 de abril. Inúmeros carandás - uma palmeira rara - foram todas mortas e ainda, cimentaram depois arrancaram e quebraram o serviço que tinham acabado de fazer com recurso público”, diz um dos integrantes do coletivo.

O principal intuito desta organização coletiva formada por biólogos, empresários, estudantes, artistas, jornalistas, publicitários, professores, médicos e quaisquer outras pessoas que queiram fazer parte, é incentivar que as famílias adotem uma ou mais árvores na calçada de suas casas. Quando não, realizam intervenções com plantio de mudas e poesias.

“São muitas pessoas envolvidas. São quase 1000 pessoas que recebem os informes da página e temos 20 administradores que postam na página”, diz outra pessoa do coletivo que surgiu no ano passado quando a temperatura de Cuiabá estava chegando a 45 graus e todo mundo reclamava pela internet. Foi então que Ruth Albernaz resolveu convocar uma reunião na Praça Clóvis Cardoso e um projeto piloto foi iniciado.

“Na rua 24 de outubro, rearborizamos um trecho próximo da casa das molduras, plantamos naquela região. Além disso, participamos da implantação de uma horta medicinal no Abrigo Bom Jesus junto com o Núcleo de Práticas Integrativas e complementares da UFMT. Também participamos da rearborização do entorno do IFMT - CENTRO - junto com alunos da instituição”.

Agora, eles se preparam para realizar mais intervenções na cidade, amparados pela poesia e pensamentos voltados à sustentabilidade.

Confira abaixo o texto da petição a ser entregue à gestão municipal e estadual. Assine aqui! 

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QUEREMOS ÁRVORES IMEDIATAMENTE

O município conta com apenas 30% de arborização nas ruas e equipamentos públicos, necessitando com urgência de um planejamento urbanístico/paisagístico e ações que priorizem arborização urbana em ilhas de calor, como por exemplo, o centro e adjacências. Há muitas alternativas para inserção de nichos verdes em espaço urbano. Com o replantio das árvores conseguiremos amenizar a temperatura e contribuir com a melhoria na qualidade de vida de todos. Todos juntos, governo e sociedade civil poderemos transformar a situação de calamidade. Ações: revitalizar o horto florestal com medidas emergenciais na quantidade de produção de mudas que serão disponibilizadas à população e à rearborização das vias públicas; sensibilizar a população a adotarem árvores na calçada de suas casas; rever o decreto 5.144 de 15 de fevereiro de 2012 principalmente quando limita o tamanho do calçamento, valendo que onde cabe um poste, cabe uma arbusto; repensar a arborização alternativa no centro histórico; em vias públicas aumentar a permeabilidade do solo para que as raízes não danifiquem as calçadas.