O mês de fevereiro é marcado pelas cores roxa e laranja, em alusão à conscientização das doenças de alzheimer, lúpus, fibromialgia e leucemia. Pensando nisso, o
Olhar Conceito conversou com o médico reumatologista, Dr. Luiz Guedes, sobre a importância da disseminação sobre as doenças autoimunes e crônicas como o lúpus e a fibromialgia, tratadas na especialidade.
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O Lúpus é uma doença caracterizada como um distúrbio crônico que faz com que o organismo produza mais anticorpos que o necessário para manter o organismo em pleno funcionamento. Os anticorpos em excesso passam a atacar o organismo, causando inflamações nos rins, pulmões, pele e articulações.
Segundo o Ministério da Saúde, o Lúpus Sistêmico (Les) é a forma mais séria da doença e também a mais comum afetando aproximadamente 70% dos pacientes com Lúpus. Ele afeta principalmente mulheres, sendo 9 em 10 pacientes com o risco mais elevado durante a idade fértil.
Já a fibromialgia, ataca especificamente as articulações, causando dores por todo o corpo, principalmente nos músculos e tendões. A síndrome também provoca cansaço excessivo, alterações no sono, ansiedade e depressão. A doença pode aparecer depois de eventos graves como um trauma físico, psicológico ou mesmo uma infecção.
O motivo pelo qual pessoas desenvolvem a doença ainda é desconhecido. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) calcula que a fibromialgia afeta cerca de 3% da população. De cada 10 pacientes com fibromialgia, sete a nove são mulheres.
“O lúpus não tem cura, mas é uma doença que se controla e que pode entrar em remissão. Mas hoje em dia, os tratamentos estão se renovando, muitas pesquisas, coisas boas e novas perspectivas. Há tratamentos revolucionários, mas que infelizmente, ainda são muito caros, na casa dos milhões de dólares, mas o bom é que o avanço está aí. E a informação é vital para todo mundo”, explica o reumatologista.
Dr. Luiz complementa que o diagnóstico precoce e as pesquisas na família, de doenças geneticamente transmissíveis, são vitais. “Existe uma situação que é a predisposição genética, ou seja, parentes próximos com doenças autoimunes torna você suscetível a desenvolver, e se você tiver essa informação, se a saúde começar a sair do seu controle, tem que investigar.”
Alguns dos sintomas para se ficar atento são: queda de cabelo, inflamação das articulações, mal-estar, fadiga, dor de cabeça, febre recorrente, alterações na pele como sensibilidade ao sol, anemia, dores pelo corpo, entre outros.
Em relação à fibromialgia, o reumatologista explica que trata-se de uma sensibilidade extrema à dor. “Os exames são normais, mas a pessoa fica no constrangimento porque fala que vive com dores no corpo, e com isso, muitos não acreditam. Na falta de atenção, o paciente vai se afundando e pede ajuda para quem muitas vezes não entende. Ai ele entra num casulo, fica depressivo e com uma base emocional muito abalada”.
“A saga da fibromialgia é mais de constrangimento e assédio psicológico, porque ninguém acredita. A pessoa tem que perceber essa situação e a família precisa estar junto. E nisso o tratamento próprio é montado, geralmente com remédios na classe dos antidepressivos, porque os corticoides podem ser uma bomba no organismo daquela pessoa, por mais que tire a dor por alguns momentos”.
Os sintomas mais incidentes da doença são as dores crônicas, fadiga, alterações do humor, depressão, ciclos menstruais intensos, cólicas menstruais muito fortes, enxaquecas, intestino irregular, entre outros.
De acordo com o médico, os avanços nos recursos medicinais e as mudanças da sociedade possibilitam que os pacientes com estas doenças tenham um protagonismo maior no próprio tratamento.
“Esse é o movimento que está se fazendo hoje em dia, porque assim o paciente protagonista lida melhor com o patrimônio especial que ele tem, que é a saúde. E atualmente, com o acesso à informação, o paciente quer mais respostas do médico”, conta.
Com as campanhas de conscientização, o objetivo maior é informar a sociedade sobre as doenças que por mais que não tenham cura, possuem tratamentos que podem proporcionar uma melhor qualidade de vida para o paciente crônico.
“É preciso colocar na cabeça das pessoas, porque a falta de informação em um portador da doença gera a incerteza, o medo, a desconfiança e a preocupação, poque o paciente não sabe o que ele tem”, explica Dr. Luiz.
O diagnóstico de uma doença crônica e autoimune impacta muito a vida dos pacientes, pois ainda há o estigma de que o “mundo cai” com esse tipo de notícia.
“Para o paciente, naquela hora, ele pensa no que vai fazer, mas com as descobertas e pesquisas de informações, principalmente com a ajuda da internet, descobre-se que há muitos grupos de apoio de pessoas com o mesmo problema. Gente que passa por aquilo que ele tem, e nisso, ele vê que não é um bicho de sete cabeças”, disse o médico.
O apoio dos familiares e amigos é fundamental na luta dos pacientes com doenças crônicas, pois demanda uma mudança de rotina com adaptações à tratamentos médicos frequentes, como consultas, exames, eventuais internações, além dos ajustes no trabalho e área financeira. “É um mundo em que se a pessoa souber entrar direito, ela se situa e consegue enfrentar”.
Dr. Luiz Guedes é membro titular da Sociedade Brasileira de Reumatologia, Residência em Reumatologia e Doutor em Reumatologia pela Universidade de São Paulo/SP. Atuando há mais de 35 anos na prática clínica, ele atende no Hospital Júlio Müller e ainda participa de grupos de pesquisa no Brasil com trabalho em remédios inovadores.
O médico reumatologista fala diariamente sobre as doenças autoimunes em seu perfil do Instagram, explicando e disseminando informações sobre os tratamentos e sintomas no
@guedesreumatologia.