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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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em casarão histórico

Furrundu, Nhá Benta e Pistache: Itália e Cuiabá se misturam em nova gelateria no Duque de Caxias

Foto: Reprodução

Furrundu, Nhá Benta e Pistache: Itália e Cuiabá se misturam em nova gelateria no Duque de Caxias
Em uma das memórias de infância narradas pela mãe, um vendedor de picolés era pago antes de passar pelo bairro, por conta da paixão que o cuiabano Claudemir Alves Teixeira Junior, de 33 anos, tinha pelos sorvetes. Claudemir dá risada e diz não se lembrar da cena, mas confessa que sempre foi apaixonado pela sobremesa gelada.

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Anos depois, já adulto, e ainda “fã número 1” dos sorvetes, como se define, decidiu preparar o próprio gelato com uma máquina trazida pela irmã dos Estados Unidos. O que começou como algo despretensioso, se transformou em negócio e, desde abril, os gelatos italianos feitos por Claudemir já podem ser consumidos na Napule Gelato Artesanal, no bairro Duque de Caxias, em Cuiabá. 

“Comecei a fazer sorvete porque eu gosto muito, sou fã número 1, como muito e sempre comi desde criança. Até que os amigos começaram a falar para eu vender. Quem quis começar a vender mesmo foi minha esposa. Ela deu um empurrão”. 

De tanto querer aprender a fazer sorvete, principalmente seu sabor favorito, Claudemir começou a se especializar na técnica de gelato italiano, chegando a fazer cursos com um profissional da Itália. Ele explica que a produção envolve cálculos exatos de proporção. 

“Tive que me especializar, porque não é simples fazer sorvete, cada ingrediente tem uma função, envolve um pouco de matemática por conta das proporções e eu faço sorvete com uma técnica italiana. O açúcar por exemplo, além de adoçar, ele traz cremosidade”. 

Gelado de Banoffee é um dos queridinhos dos clientes de Claudemir. (Foto: Reprodução)

No início, ele e a esposa atendiam apenas por delivery, chegando a entregar até 25 pedidos por dia. Claudemir ainda se lembra do primeiro sorvete que fez sozinho, em 2018. A receita escolhida foi o tradicional Fior di Latte, feito com leite e creme de leite. 

“Estava tentando aprender a fazer esse sorvete, que é meu favorito. Ele é simples, mas para mim, menos é mais. A máquina vinha com receita, mas era uma receita muito simples, que não era sorvete e eu fui estudar. Sei que chegou um dia que achei que o de Fior di Latte tinha ficado muito bom e comecei a fazer mais”.

Pedaço da Europa em Cuiabá 

No início, o cuiabano não tinha intenção de abrir a própria sorveteria por já ter empreendido no passado e saber das dificuldades que o aguardavam. No entanto, Claudemir se encantou pelo imóvel que antes abrigava o salão do cabeleireiro cuiabano Ulisses Calhao e começou a considerar alugar o ponto para transformá-lo na Napule Gelato Artesanal. 

“Até brincava com minha esposa que se fechasse o estabelecimento que tinha aqui, a gente ia lugar. Como não colocaram placa de aluguel, eu fui correr atrás do proprietário, que é o Ulisses Calhao. Aqui é um casarão bem tradicional, ele atendia aqui. As coisas acontecem muito rápido, se me perguntassem há dois anos, eu nem imaginava”. 

Para Claudemir, o casarão cuiabano antigo tem muitos detalhes que lembram as construções europeias. As colunas e a pintura em tons de branco e azul também fazem com que algumas pessoas sintam que encontraram “um pedacinho da Grécia” em Cuiabá.  

Apesar da semelhança, foi na Itália que o empresário buscou a maioria de suas inspirações. Começando pelo nome Napule, que significa Nápoles em italiano.  

“O nome da loja é uma referência à cidade de Nápoles, na Itália. Lá eles comem gelato até de manhã, é muito mais presente na cultura deles, então escolhi esse nome para relacionar com isso. A estética é europeia, quando vi esse casarão pela primeira vez, achei muito parecido com imóveis da Europa”. 

Gelateria funciona desde maio em um imóvel que faz parte da história de Cuiabá, no bairro Duque de Caxias. (Foto: Reprodução)

Assim como os italianos de Nápoles, Claudemir conta que o sorvete sempre esteve presente na geladeira de casa. “Eu comia um pote de sorvete por final de semana, no mínimo, antes de eu começar a fazer. Quando comecei a fazer, era um por dia”, brinca. 

No cardápio de sabores da Napule, clássicos da culinária italiana dividem espaço com doces típicos de Cuiabá, como o Furrundu. É o caso da Cassata Siciliana, inspirada em uma sobremesa tradicional da região da Sicília, na Itália. 

“Tem base de ricota, frutas cristalizadas e chocolate meio amargo. Na região da Sicília, é muito comum que as sobremesas tenham ricota. Tenho um sabor inspirado em uma bebida da Espanha, um sorvete branco de leite, com infusão de canela e raspas de limão siciliana. A base fica descansando por 24 horas antes da produção”. 

Ingredientes de qualidade para um gelato feito artesanalmente 

Como tem o paladar “apurado” para os sorvetes, Claudemir conta que tem facilidade para distinguir o uso de ingredientes industrializados como geleias e corantes, por exemplo. Por isso, ele preza pelo processo artesanal na maioria dos preparos que faz na Napule. Desde a geleia, passando pela pasta de pistache, que é feita com a noz importada, até a casquinha artesanal. 

“Não era minha intenção, eu só quis fazer o sorvete do jeito que gosto. Nosso sorvete é diferente, porque fazemos quase tudo aqui, como a calda de morango e a pasta de pistache, é tudo feito aqui na cozinha. Alguns lugares compram pote de calda e mesclam com o sorvete”. 

Claudemir conta que alguns sabores dão mais trabalho que outros durante o processo de produção, como o Nhá Benta, que é feito com chocolate belga e merengue artesanal. Para manter a qualidade, ele sempre coloca a mão na massa para produzir os gelatos. 

“Meu sorvete não tem corante nenhum, o de Frutas Vermelhas, tem o vermelho das frutas, e o abacate, tem o verde dele também. Tanto que nosso pistache não é tão verde, porque o pistache tem tons de marrom. Prezo por fazer um sorvete da melhor qualidade possível”. 

O Furrundu também compõe a lista de sabores mais procurados pelos clientes, assim como o Pistache e Chocolate Belga, que é feito com cacau Callebaut. Claudemir explica que, depois de aprender as técnicas da gelateria italiana, basta deixar a criatividade fluir na cozinha, como o sabor Flor de Figo, que nasceu de uma encomenda. 

“Sou formado em administração, então  sabia que daria muito trabalho abrir a sorveteria. Aqui eu produzo e vendo, então é um trabalho a mais que faz muita diferença. Mas estou feliz com os resultados”.
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