A primeira vez que viajou para a Disney World, em Orlando (EUA), a universitária Ana Caroline Ormond, de 21 anos, era pré-adolescente e se encantou pelo parque de diversões. Anos depois, ela descobriu através de uma amiga sobre a possibilidade de trabalhar na Disney e quando começou a pesquisar sobre os detalhes, o intercâmbio virou um dos sonhos de Ana Caroline.
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No ano passado, depois de passar por todas as etapas obrigatórias do processo seletivo, a universitária foi selecionada entre 500 brasileiros para trabalhar na Disneyland. Apenas duas cuiabanas estavam no grupo, que passou quatro meses entre novembro de 2023 e março deste ano.
“A primeira vez que fui para Disney foi em 2014, fui com minha família e com a família dessa amiga que me apresentou o programa, depois fui em 2017, em 2022 e fui para o programa em 2023 também, então a gente gosta muito de lá mesmo”.
Ao Olhar Conceito, ela conta que a seleção para trabalhar no parque é extremamente competitiva. No ano em que foi selecionada, a estimativa é de que mais de 10 mil brasileiros tenham se inscrito para ocupar uma das 500 vagas de trabalho.
“A gente começa tendo que se inscrever para uma palestra online, que é como conseguir ingresso para show, porque esgota em três minutos, então foi muito difícil. Em 2022, eu tentei e não consegui esse ingresso para palestra, então já tinha acabado meu sonho daquele ano. Em 2023 coloquei oito pessoas para me ajudarem a tentar conseguir, meu primo conseguiu para mim, porque você tem que digitar muito rápido todas as informações”.
Depois de conseguir o ingresso para a palestra, Ana Caroline participou da primeira entrevista com uma agência de turismo que faz a intermediação entre Disney e candidatos ao programa de intercâmbio. Em seguida, os aplicantes sentam para conversar com uma equipe do parque em uma nova etapa que é feita toda em inglês.
Ana Caroline trabalhou no Magic Kingdom em uma área temática de Aladdin. (Foto: Arquivo pessoal)
“É muita papelada, é visto que você tem que tirar, você gasta muito porque você tem que ir para outra cidade, eles não vêm para Cuiabá. Foi bem complicado o processo, mas graças a Deus deu tudo certo, consegui passar. É muito competitivo, porque são pessoas com as mesmas experiências que você teve, o mesmo currículo, então é muita gente boa competindo por poucas vagas”.
A cuiabana conta que no ano em que não conseguiu o ingresso para a primeira palestra, a seleção foi ainda mais competitiva, já que haviam mil vagas abertas. Quando recebeu a notícia de que havia sido aceita para o programa, Ana Caroline embarcou para os Estados Unidos e descobriu qual seria sua função no parque.
A jovem foi contratada como ‘attractions’, que são funcionários que cuidam de filas, brinquedos e controlam a multidão, além de terem muito contato direto com os visitantes, algo que pode ser bom para aumentar as habilidades de se comunicar em inglês.
Ana Caroline foi direcionada para trabalhar no Magic Kingdom, que é o parque onde fica instalado o castelo da Disney. Por lá, ela rodava entre várias atrações do Aladdin: o tapete mágico, a Tiki Room, que é um show de pássaros e a casa na árvore. A universitária ressalta que a responsabilidade era grande.
“Trabalhava nessas três atrações todo dia, rodando para não ficar na mesma o tempo todo. Minhas responsabilidades eram essas, ligar brinquedo, fechar brinquedo, eram responsabilidades bem grandes, a gente comandava, literalmente, não tinha ninguém ‘experimente’ perto da gente. A gente foi treinado por uma semana e, depois disso, a gente tinha que comandar a atração”.
Além de cuidar das atrações temáticas do filme Aladdin, a cuiabana também participava do show de fogos de artifício que acontece toda noite no Magic Kingdom. “Quem é attractions trabalha nesse show, a gente fica cuidando do fluxo das pessoas, dizendo onde elas podem ou não podem ir. Era muito legal, porque tinha oportunidade de assistir o show de fogos todos os dias”.
Ela recebia 16 dólares por hora de trabalho e explica que, o investimento que fez para participar do intercâmbio, é recuperado com o salário que recebe durante os meses de trabalho, algo que fez o programa valer ainda mais a pena para Ana Caroline. A cuiabana explica que muitas pessoas não conhecem a possibilidade de enriquecer o currículo profissional.
“Qualquer pessoa que está na universidade, que fale inglês, não precisa ser fluente, que tenha inglês básico, que consiga se comunicar, pode fazer esse intercâmbio, muita gente não sabe. E você consegue todo o dinheiro que você gastou de volta, porque você é pago lá, você recebe 16 dólares por hora, no ano que fui, então você consegue todo seu dinheiro de volta trabalhando nesse período lá”.
Para Ana Caroline, o principal ponto positivo do intercâmbio foi ter conhecido de perto o “jeito Disney de ser”. “A empresa foi incrível, me ensinou muito sobre valores, sobre ter valores definidos para conseguir contratar as pessoas certas, porque todo mundo lá tem o mesmo jeitinho, todo mundo é igual, falamos que é o ‘jeito Disney de ser’. Então, todo mundo tem esse ‘jeito Disney de ser’, de ter essa compaixão pelo cliente, eles ensinam muito a ter isso, de você saber se colocar no lugar do cliente e fazer com que aquela seja a melhor experiência da vida dele, porque pode ser a única vez dele no parque”.
A jovem já pensa nos próximos intercâmbios de trabalho, oportunidades em estações de esqui e no parque da Universal, por exemplo, estão entre os desejos de Ana Caroline, que também não esconde que voltaria a trabalhar na Disney.
“Com certeza faria outra vez se pudesse, mas infelizmente esse tipo de programa que fiz, você só pode fazer uma vez, quem é do Brasil, porque ele é muito concorrido aqui, então eles querem dar oportunidade para outras pessoas irem. Mas se eles abrissem de novo para pessoas antigas, como aconteceu em 2022, porque eles estavam precisando muito por conta da pandemia, faria de novo, com certeza”.