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Sábado, 07 de dezembro de 2024

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Fotos tremidas de cybershot feitas por fotógrafo fazem sucesso em Cuiabá: ‘é a nostalgia dos anos 2000’

Foto: Reprodução

Fotos tremidas de cybershot feitas por fotógrafo fazem sucesso em Cuiabá: ‘é a nostalgia dos anos 2000’
As câmeras do tipo cybershot marcaram a geração do fotógrafo Dizão, de 35 anos, que costumava compartilhar as fotos que tirava em seu perfil no Fotolog, dois comportamentos que eram tendência nos anos 2000. Assim como a fotografia analógica foi substituída pela digital, a modernização fez com que as cybershots ficassem “esquecidas” até serem resgatadas pela nostalgia. 


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Movido pelo sentimento nostálgico, Dizão começou a usar uma câmera analógica para registrar a noite cuiabana. As fotos tremidas ou com flash estourado estampam momentos de descontração entre abraços, beijos, “closes” e gargalhadas. 

Ao Olhar Conceito, Dizão conta que voltou a usar a cybershot em momentos pontuais por gostar da estética que lembra a época em que ele baixava as fotos da câmera para o computador e, depois, publicava em seu Fotolog. Além de fazer a cobertura com cybershot no show da Marina Sena, em Cuiabá, ele também fotografou a Parada do Orgulho LGBT+, mas usando as câmeras mais modernas.  

“Sou de 88, venho dessa época em que a gente fotografa com ela, baixava as fotos no computador e compartilhava por e-mail ou Orkut. Não somos da época do Google Drive, por exemplo. Acho que a câmera cybershot está voltando com esse movimento das pessoas terem esse carinho, essa memória afetiva com a fotografia e com o equipamento, que não requer que a pessoa aprenda fotografia, você pode fotografar ali na brincadeira”. 

Estética brinca com a qualidade das fotos para registrar momentos descontraídos. (Foto: Dizão) 

Para Dizão, usar uma cybershot para registrar a noite e os “rolês” dos cuiabanos representa uma possibilidade dele também se divertir por trás da câmera. “Para mim, é estar com pessoas, trocar ideia, fotografar, colaborar para que elas posem, dirigir, falar para ficar mais grudadinho, abraçar, juntar um pouquinho mais, sorrir ou ser mais espontâneo, tudo isso para ter uma composição e um registro bonito, é uma lembrança para as pessoas que estão ali”. 

Por gostar de moda, o resgate da cybershot apresentou ao fotógrafo uma possibilidade de divulgar a estética cuiabana em suas redes sociais. Como no show da Marina Sena, conta Dizão, algo que lhe permitiu brincar ainda mais com a própria criatividade. 

“Queria muito mostrar os cuiabanos a um nível maior, porque algumas pessoas me seguem fora de Mato Grosso, mostrar como as pessoas se vestem para ir para o rolê, porque também tenho esse vínculo com moda, sempre gostei de fotografia de moda, sempre estudei de forma autodidata sobre a estética de fotos de estúdio para poder aprender e trazer para o meu trabalho”. 
 

Mãe como primeira referência 

O primeiro contato com fotografia de Dizão foi através da mãe, que costumava estar sempre com uma câmera analógica para registrar os bailes e passeios que fazia, além dos aniversários dos filhos. Foi em um desses momentos que Dizão pediu para “queimar alguns filmes”, dando os primeiros passos no que se tornaria uma profissão. 

“Nos aniversários, eu comecei a pedir para ela deixar eu fazer algumas fotos também, porque ela tirava fotos do aniversário do meu irmão, lembro muito claramente do aniversário do meu irmão mais novo. Nesse dia ela me deixou queimar alguns filmes, ela fotografava, fazia as fotos oficiais, e eu usava os quatro últimos para terminar os filmes. Foi aí que comecei a fotografar”. 

Quando completou 18 anos, a fotografia se tornou trabalho para Dizão, que chegou a atuar em uma empresa de fotos 3x4 no Centro de Cuiabá. Ele recebeu ajuda do marido, Mateus Hidalgo, para aprender a fotografar com as câmeras modernas daquela época. 

“Comprei minha primeira câmera com ajuda do meu irmão mais velho e o Mateus, que já tinha a experiência de fotografia, porque ele fez uma oficina de fotografia quando fazia Arquitetura na UFMT, me ensinou um pouquinho do que ele sabia sobre os ajustes básicos. Fui aperfeiçoando e comecei a fotografar no estúdio da empresa em que eu trabalhava, comentei que estava com uma câmera e queria fotografar um pouco mais. Na época, eu fazia revelação e restauração de fotos, eu era mais craque com tratamento de imagens, retoque e etc”. 



Apesar de estar fazendo sucesso com as fotos digitais dos rolês cuiabanos, Dizão tem uma longa trajetória na fotografia. Atuando profissionalmente desde 2009, ele era responsável por eternizar os momentos de duas cenas paralelas de Cuiabá: a ZumZum, antiga boate LGTB+, e o Cavernas Bar, onde o rock era a estrela das noites. 

Depois, ele se profissionalizou com fotografia de moda e passou mais de seis anos em uma empresa de formatura. “Com esse emprego, trabalhando dia e noite, foi quando consegui investir nos meus equipamentos. Hoje em dia, depois de todo esse tempo, nunca deixei de fazer as produções que eu tinha vontade de fazer, que eram mais autorais, que eram retratos”. 

Entre os trabalhos paralelos que são motivo de orgulho para Dizão, a parceria com a cantora Hendy Santana, uma das primeiras mulheres trans na cena do rock. “Hoje fotografo baladas da cena que está acontecendo agora, que já é uma nova geração, um novo movimento, mas nossa faixa etária continua na cena, estamos aí para fazer esse trabalho e fazer parte da cena, movimentar, trazer ideias e o olhar das cenas que já vivemos em Cuiabá”. 

Um dos ensinamentos “mais singelos”, como se refere, que recebeu da mãe foi sobre manter o olhar sensível para o que lhe rodeia. Com câmeras analógicas ou digitais, Dizão busca registrar em fotos o que vê com os próprios olhos, mas sempre mantendo a sensibilidade nos cliques. 

“A fotografia sempre me veio com esse lugar de observar o outro e, com a câmera poder registrar o que eu estava vendo. Acho que essa foi uma das coisas mais singelas que a minha mãe poderia ter me ensinado, que é estar atento às questões do outro também, vem desse lugar de respeito, empatia, humildade e amor também, porque acho que sem ele nosso trabalho acaba ficando mecânico, perdendo o brilho e as cores”.
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