Depois de mais de duas décadas na estrada como caminhoneiro, André Dutra, de 46 anos, decidiu que era hora de ficar mais perto da família quando a esposa, a professora Feliciana Carolina Cunha, de 58, se aposentou das salas de aula. Há um mês, o casal decidiu se aventurar no universo do empreendedorismo e abriram às portas do Café Quemel, que fica em uma galeria comercial na avenida Carmindo de Campos, em Cuiabá.
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A ideia de abrir uma cafeteria surgiu durante uma conversa entre o casal, que lembrou da paixão pelos cafés especiais. Assim que bateram o martelo, André comprou uma cafeteira semi profissional para treinar em casa e passou a se dedicar aos estudos sobre o tema. Foi assim que ele começou a fazer os primeiros desenhos com espuma nos cafés, técnica chamada de "latte art".
"Não fiz curso de barista ainda, mas estudei muito pela internet, compramos essa cafeteira semi profissional e comecei a treinar em casa. Para o leite ficar com aquela espuma legal, tem um ritual que você faz para ficar na medida, porque se a vaporização do leite não ficar perfeita, você não consegue fazer. Ainda tenho muito o que aprender, mas vou rabiscando aqui, fazendo um desenho ali. Estou fazendo dentro do que consigo".
Os grafismos feitos por ele nas bebidas do Café Quemel são entregues aos clientes como "um mimo", conta André. Quando entrega as xícaras desenhadas, as reações são imediatas.
"Eles agradecem, elogiam, tiram foto, isso é muito bacana", diz o ex-caminhoneiro.
"Eles levam isso como uma forma carinhosa de trazer o café até a mesa", completa Feliciana.
Sem medo de novos desafios
Bem humorados e companheiros de vida há 24 anos, André e a esposa não costumam ter medo de entrar de cabeça em novas aventuras, contanto que estejam juntos. Antes de abrir o café, o casal investiu em uma moto especial e entraram no motoclube Lunáticos do Asfalto, em Cuiabá. Juntos, eles viajaram pelo Brasil e planejam um roteiro pelo Chile.
As viagens de moto estão pausadas desde que eles abriram o café, além disso, como vão se tornar avós pela segunda vez, a necessidade de ficar perto da família se tornou ainda mais urgente para André e Feliciana. Por conta das experiências que vivem juntos, os dois não tiveram medo de abrir o Café Quemel.
"Temos muito pela frente, queira Deus. Precisava fazer alguma coisa, porque como passei muito tempo na estrada, quantos natais e aniversários passei longe, eu precisava trabalhar, jamais conseguiria ficar em casa", conta André.
"É uma rotina totalemte diferente da que a gente tinha, mas mudou para melhor, isso só vem somar com experiência para nós", diz Feliciana.
A professora aposentada explica que, como nunca empreenderam antes, os dois estão aprendendo com os desafios diários que aparecem. Sorridentes, o casal não esconde a felicidade ao compartilhar os detalhes da nova rotina. Juntos, eles abrem e fecham o café, além de se dedicarem para criar laços com a clientela.
"Ainda estamos começando, mas já temos muita gratidão pela inauguração, pela equipe que veio nos auxiliar, as pessoas da franquia que fazem o treinamento foram muito bons com a gente, se dedicaram, o João Pedro e a Lene, mãe dele, temos muito a agradecer a eles, o dono da franquia também uma excelente pessoa. Tudo que encontramos de dificuldade, sempre tem alguém que vem ajudar".
Café gelado se tornou carro-chefe
Em meio às semanas consecutivas em que os termômetros de Cuiabá marcam 40ºC ou mais, os cafés gelados feitos na cafeteria entraram na lista dos mais pedidos. Para a produção, André e Feliciana usam apenas café 100% arábica, que recebem a classificação de gourmets ou especiais pela Associação Brasileira de Indústria do Café (ABIC), que atesta o nível de pureza e qualidade.
"Nosso café é 100% arábica, não tem mistura, nossos cafés gelados estão sendo campeões de venda, o de caramelo salgado é o que mais vende, em segundo lugar temos o chocomenta, mas também temos de chocolate, capuccino, baunilha... E assim vai", descreve André.
Além dos cafés gelados, a cafeteria também tem frapês de diversos sabores como açaí, morango e maracujá. O cardápio ainda tem salgados e lanches feitos na chapa. Apesar de serem uma franqueados, um dos diferenciais para o casal foi a possibilidade de terem fornecedores cuiabanos para ajudar a fomentar a economia regional.
"Agente tinha a opção de pegar um fornecedor de fora, mas como o dono da franquia é uma pessoa que busca valorizar o comércio local, conseguimos pegar gente da nossa cidade para oferecer. Por que não comprar daqui? Por que comprar de fora? Por que o dinheiro tem que ir embora? Então isso foi muito legal. Estamos tentando trabalhar o máximo possível com atendimento de excelência", explica o ex-caminhoneiro.
Simpáticos e afeitos a uma boa conversa, o casal optou por não ter atendimento automatizado. Juntos, eles se dividem para atender as mesas e conquistar o afeto dos clientes. Feliciana brinca que, mesmo com pouco tempo de funcionamento, ela já identificou os rostos fiéis, que costumam aparecer até quatro vezes por semana.
"Estamos trabalhando para que isso realmente crie raiz e a gente permaneça por muitos anos", deseja a professora aposentada.