O Ponto de Cultura Acervo Indígena e Indigenista promove o bate-papo virtual Memórias de Meruri com Libério Boe, do povo Boe Bororo – Território indígena Meruri em Mato Grosso, no próximo sábado (23). A atividade marca as ações do Ponto de Cultura Acervo indígena e indigenista, que também disponibiliza a partir deste mês, o acervo visual do indigenista Antônio João de Jesus através do link: https://oraculocomunica.eco.br/acervoindigenista.

As atividades do projeto se iniciaram em janeiro deste ano e seguem em constante execução, mesmo com o encerramento do projeto. Antonio João pôde acompanhar a execução da proposta até seu falecimento, ocorrido em 4 de novembro de 2024.

Antônio João de Jesus, também conhecido como Merireu Meri Kajejeu (nome de batismo Boe Bororo) foi artista plástico e indigenista, reconhecendo e valorizando sua raiz indígena, ligada aos Boe Bororo, da região de Santo Antonio de Leverger e Mimoso pela parte materna.

Viveu com os Bororo em Rondonópolis, onde realizou diversos registros e enfatizou a história deste povo em Cuiabá e a relação com o morro Toroári – morro de Santo Antônio, localizado em Santo Antônio de Leverger, como sendo uma referência importante da cosmologia Boe.

Cuiabano, viveu no bairro do Porto, que teve seu cotidiano registrado em muitas de suas pinturas. Antonio João também foi ilustrador do livro Cuiabá, roteiro de lendas, de Dunga Rodrigues.

O Ponto de Cultura, foi criado por um grupo de profissionais indígenas que tem se dedicado a debater a produção de pesquisa pelos próprios indígenas e familiares de Antonio, compreendendo a necessidade de ampliar o reconhecimento de indigenistas no cenário do indigenismo e políticas para povos indígenas brasileiras, considerando que esses profissionais, construíram trajetórias importantes junto a diversos povos do país.

Do acervo, foram inicialmente selecionadas fotografias de diversos povos com quem o indigenista teve convivência, além de imagens de sua produção artística e uma catalogação de livros que fazem parte da sua biblioteca. A ideia é que o material possa ser consultado online, e a programação presencial, seja construída focando a Lei 11.645/08 – que obriga o ensino da história e cultura indígena nas escolas brasileiras.

Casa do Vituká – formação artística e cultural

As atividades do Ponto de cultura acontecem no novo espaço de formação artística e cultural de Cuiabá – a Casa do Vituká. Na cosmologia do povo indígena Terena, o Vituká é o bem-te-vi, ave que ouviu os seres humanos embaixo da terra e a partir daí os trouxe para cima da terra.

Esse espaço foi idealizado pela artista educadora Naine Terena, que apresenta uma vasta experiência em atividades formativas, em especial as realizadas com foco na difusão das culturas indígenas. Localizado no Parque Cuiabá, o espaço abriga o Ponto de Cultura acervo indígena e indigenista, a Oráculo Comunicação, educação e cultura e o Ateliê do artista Gustavo Caboco Wapixana, um dos artistas indígenas com maior projeção internacional na atualidade.

Juntos de outros indígenas, desenvolverão diversas atividades, divididas em temporadas , sendo a primeira 'revoada' [ou a primeira temporada], realizada de novembro 2024 a abril de 2025. A ideia é que o conjunto de profissionais indígenas e não indígenas ofereçam atividades que popularizem os povos indígenas de maneira didática e pedagógica e também, ofereça atividades para adultos, em especial mulheres, do Parque Cuiabá e bairros do entorno.

O bate papo conta com o apoio do Edital Sérgio Mamberti do Ministério da Cultura e a Casa abre as portas através de apoiadores diversos, assim como custeio próprio dos residentes, a partir da venda de obras de artes e produtos diversos.