Mapas, fotografias e documentos sobre a fundação da cidade de Sinop (MT), músicas de Racionais MC’s e Don L (Rap), Siba (MPB), uma história em quadrinhos de Marcelo D’Salete e um conto de Machado de Assis dialogam em uma pesquisa científica sobre acesso à moradia apresentada no curso de Geografia (licenciatura) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
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“Uma análise documental sobre acesso à moradia e sua representação na produção do espaço social” traz diversos elementos da Geografia e das artes, pesquisados na monografia de Ariston Cassimiro da Silva, para conceituar as atuais formas de acesso à moradia e trazer reflexões sobre o contexto social, político e econômico.
Na pesquisa, a fundação de Sinop parte como um exemplo de um estudo de caso, servindo para delinear o contraponto de que seria possível alcançar o déficit habitacional zero, isto é, acesso à moradia digna a todas as pessoas.
“Governo nenhum pode alegar que é insolúvel o problema de alcance à moradia digna e para toda a população, pois basta observarmos a fundação de Sinop, em um período de intensidade produtiva menor que a atual, em que foi possível planejar e construir uma cidade longe de grandes centros urbanos, com financiamento do governo à época. Ou seja, o critério é qual projeto político e econômico se adere”, explica o pesquisador.
Os elementos das artes foram utilizados pelo pesquisador no sentido de representação na produção do espaço social, com letras de músicas, literatura e ilustração que trazem questões relacionadas à moradia, coletividade e socialização.
“[...] Tão acostumado a ganhar sempre. Pra gente nada é fácil nunca. A gente num ganha a gente vence. A gente é comunidade junta. A gente é mutirão em dias ruins (bora que bora!). Bailão em dias bons [...]”, diz trecho da música “favela venceu/citação: rap das armas”, por Don L.
O pesquisador também mergulhou na história registrada em documentos de 1974 sobre a fundação de Sinop (MT), catalogados no Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional (NDIHR) da UFMT.
O foco era a colonização particular com a atuação da empresa Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná S/A, que deu origem ao nome da cidade, fundado há exatamente 50 anos. Apoiado no Plano de Integração Nacional e no Estatuto da Terra, o projeto previa a colonização de mais de 50% do território nacional.
“Com este instrumento a mais, o Governo estabelece como meta prioritária o Plano de Integração Nacional, considerando a Colonização particular como uma das bases do sucesso deste programa, que constitui em síntese, no alargamento de nossa fronteira econômica pela ocupação de mais de 53% do território nacional”, conforme traz o documento intitulado “Informações sobre a Colonização na Gleba Celeste - Mato Grosso - Resumo da reunião patrocinada pela Secretaria de Planejamento do Estado de Mato Grosso”, publicação de junho de 1974, em Cuiabá.
Acesse a íntegra da pesquisa
“Uma análise documental sobre acesso à moradia e sua representação na produção do espaço social”.