Olhar Conceito

Segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Notícias | Comportamento

‘blue monday’

Janeiro tem a ‘segunda-feira mais triste do ano’ e psicóloga de Cuiabá dá dicas para enfrentar dias de desânimo

Foto: Reprodução

Janeiro tem a ‘segunda-feira mais triste do ano’ e psicóloga de Cuiabá dá dicas para enfrentar dias de desânimo
Depois de um longo período de festas e momentos de confraternização com familiares ou amigos, janeiro chega com a volta da rotina e impressão de ser um “mês infinito”, fazendo com que a terceira segunda-feira do ano ficasse conhecida como “Blue Monday”. A psicóloga Pricila Gonçalves de Sá, que atende em Cuiabá, dá dicas para enfrentar dias de desânimo como a “segunda-feira mais triste do ano”. 


Leia também 
Policial cuiabano 'se reencontra' na paixão por cafés especiais e vira entusiasta: "momento de descompressão"

A ideia surgiu em 2005, quando o psicólogo britânico Cliff Arnall desenvolveu uma fórmula que combinava fatores como clima, dívidas pós-festas de fim de ano, a queda nas resoluções de Ano Novo e a sensação de monotonia que janeiro pode trazer.

Apesar do termo ter surgido através da pesquisa de Arnal, Pricila ressalta que a teoria por trás da “blue monday” não apresenta respaldo científico sólido. No entanto, a psicóloga explica que no momento em que a “segunda-feira mais triste do ano” ganha as manchetes, é uma oportunidade para refletir sobre a importância de estratégias para lidar com emoções desconfortáveis, como tristeza ou fracasso. 

“O que me preocupa ainda é a população pegar isso como verdade e internalizar, tomar como verdade para si que hoje é a segunda-feira mais triste do ano e isso acabar influenciando no seu estado de humor”. 

“A tristeza, por exemplo, é considerada uma emoção desconfortável, não gosto de dizer que é uma emoção ruim, mas uma emoção desconfortável com uma valência negativa pelo viés da neurociência, porém, ela tem seus benefícios, seu efeito e sua necessidade. Essa emoção é fisiológica, você não consegue impedir que ela aconteça, é involuntária, você vai sentir no corpo de acordo com aquilo que você tem experimentado”, destaca Pricila. 

Arnall criou a fórmula como parte de uma campanha publicitária para uma agência de viagens. Apesar de sua base científica ser questionável, o termo Blue Monday ganhou força no imaginário coletivo. 

Volta à rotina 

A psicóloga explica que é comum que o desânimo de ter que retomar rotinas como trabalho, aulas ou exercícios físicos dê as caras no mês de janeiro. Para ela, tem menos a ver com a ideia de “janeiro infinito”. 

“Viemos de um período muito festivo e tendemos a estar mais acionados emocionalmente. Então, nesse momento a cidade está toda decorada, nós somos influenciados tanto internamente quanto externamente, então se estou em um ambiente festivo, a cidade decorada, todo mundo comprando e dando presentes, confraternizações, declarações de amor, amigo secreto… Essas comemorações fazem com que as pessoas não olhem para a vida em si e depois isso passa, ela precisa voltar para realidade. Aquelas pessoas que fizeram compra por impulso, depois vão sentir, por exemplo”. 

No entanto, Pricila ressalta que o mês de dezembro não representa apenas festas e momentos de descontração, já que boa parte da população também pode estar passando por dias ruins nesse período do ano. De acordo com a psicóloga, a questão está na “lente que amplia” os cenários. 

“Imagina o contexto que a família está em harmonia, por outro lado, existe um grupo de pessoas que podem estar ausentes das famílias, então a lente amplia para o outro lado. Em dezembro tem um grupo que está muito feliz e animado, mas também tem um grupo que está se sentindo muito sozinho, triste e depressivo”. 

“Mas o que acontece? Em janeiro esse primeiro grupo que estava tudo bem e de repente se sente mal em janeiro, é que ele não olhou para sua realidade, agora ele está tendo que olhar para fora e voltar para a rotina. A orientação para essa pessoa seria olhar para dentro”, explica. 

Para “olhar para dentro”, Pricila sugere atenção para o que precisa ser mudado e a importância de olhar para a tristeza. “Então, a pessoa precisa olhar para dentro de si: o que de fato não está bom na minha rotina ou no meu dia a dia? Se a gente usa apenas um recurso para dar um tchau para essa tristeza, colocar ela para longe e não olhar para isso, ela vai voltar em outro momento. A tristeza contínua pode levar a quadros de doenças psicológicas, de sofrimentos mais intensos”. 

Cinco pilares da vida 

Por conta do uso contínuo de redes sociais, por exemplo, a psicóloga nota uma dificuldade em olhar para dentro de si. Ela explica que encontrou uma maneira didática para ajudar os pacientes a olharem várias perspectivas, algo que chama de “cinco pilares da vida”, que são os aspectos sociais, espirituais, emocionais e físicos. 

No âmbito social entra a família, os amigos, o cônjuge. O âmbito espiritual, independente de religião, mas aquilo que transcende. O âmbito físico, financeiro… As pessoas precisam olhar para isso para saber de onde está vindo e por que essa sensação [de tristeza ou desânimo, por exemplo]”. 

Além disso, Pricila ressalta que ativações comportamentais, como a prática de exercício físico também podem ajudar a lidar com sentimentos desconfortáveis ao longo do ano. 

“O mais importante é olhar para dentro, além disso fazer ativações comportamentais vai contribuir para isso, exercício físico, independente da atividade, movimentar o corpo, se colocar como prioridade em alguns momentos. No consultório conseguimos abranger isso com mais profundidade, mas esses passos já vão ajudar”.
 
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet