O motorista de aplicativo João Márcio Gonçalves de Jesus, de 53 anos, acordou por volta de 5h30 para trabalhar nessa terça-feira (8), feriado do aniversário de 306 anos de Cuiabá. No final do dia, João Márcio precisou sair por uma das janelas e subir no teto do carro para impedir que o veículo fosse arrastado por uma enxurrada durante o temporal que alagou vários pontos da cidade, incluindo a avenida Prainha, por onde ele passava no momento.
O motorista foi filmado subindo no teto do veículo e as imagens impressionam. Ao Olhar Conceito, João explica que estava com uma passageira quando a água começou a invadir o carro. Desesperada, a mulher decidiu sair pela janela e tentar deixar o local. Temendo pelo prejuízo, ele decidiu ficar no local.
"Ele é alugado, por isso que fiquei segurando, se o carro fosse meu, acho que não tinha ficado lá, teria saído. Essa semana ia fazer 30 dias que estou com o carro, o cara ficou muito bravo com isso e eu me desesperei, agora imagina se eu tivesse perdido o carro".
João lembra que momentos antes da cena, os motoristas estavam passando normalmente pela avenida. No entanto, quando ele fazia o trajeto, uma enxurrada de água da chuva arrastou o carro.
"Veio de uma vez, não deu tempo de fazer nada. Quando tentei ir para trás, um ônibus veio e soltou uma onda, a onda me empurrou ainda mais para frente e não teve jeito, começou a entrar água dentro do carro, a mocinha começou a ficar desesperada. Disse que iria embora, porque era questão de sobrevivência, expliquei que ela poderia ir. O carro é alugado, eu não podia perder ele e fiquei ali segurando".
O motorista de aplicativo explica que a água já tinha tomado parte do interior do veículo, chegando na altura dos bancos. Já era impossível abrir as portas para sair. João estima que ficou 40 minutos em cima do carro esperando o alagamento dar trégua.
"A água já tava entrando quase pela janela, por baixo já estava cheio, na altura do banco, a água ficou acima do peito dela. O carro quase cobriu todo faltou pouca coisa para ele sumir na água".
Preocupado com o instrumento de trabalho, João conta que não temeu pela própria vida e teve com o prioridade impedir o carro alugado de ser arrastado pela enxurrada. Depois, quando viu a si mesmo subindo no teto do veículo, ele entendeu que correu risco reais.
"A hora que eu estava lá tive três medos: de uma rede de energia arrebentar e cair na água, de um raio cair e medo do carro ir embora. Depois que vi o vídeo de como fiquei em cima do carro, até onde a água tava, fiquei com medo de ter morrido. Depois que a gente vai pensar no risco que correu".
Para conseguir voltar para casa, algo que conseguiu apenas por volta das 22h, João precisou acionar um guincho. Como o carro ficou completamente submerso, ainda não foi possível ligar o veículo e mensurar o prejuízo. Sem condições de arcar com os gastos que vão chegar, o motorista de aplicativo e a família decidiram criar uma "vaquinha".
"As pessoas estão me ajudando, enviando Pix de R$ 50, R$ 100... a preocupação é água ter entrado no motor, porque não é barato. O carro está aqui parado, não posso ligar, tenho que esperar a água escorrer totalmente, porque é perigoso dar um curto e perder tudo. Dentro do carro ainda está cheio de água, estou sem poder trabalhar, não tem como, é mais um prejuizo".
"Foi a primeira vez [em um alagamento] e tomara que nunca mais aconteça, lamenta João.
Pix da vaquinha: 6592164019
Veja o vídeo:
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