A artista visual interdisciplinar Mari Gemma De La Cruz propõe um olhar poético e crítico sobre o colapso ambiental do Cerrado em nova exposição. "Sob o Céu de Urucum há Esperança?", fica em cartaz no Parque das Águas, de 20 de outubro a 24 de novembro, a céu aberto.
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Com a iniciativa, a artista tem a intenção de transformar o espaço público em território de reflexão sobre a crise climática e a urgência de novas formas de convivência com o planeta.
A mostra com entrada gratuita e acessível durante período integral, reúne fotografias e vídeos da série premiada "Céu de Urucum", que já atravessaram fronteiras e receberam reconhecimento internacional. Entre os destaques, estão sua participação na 10ª edição do iNstantes – Festival Internacional de Fotografia de Avintes (Portugal, 2023), onde a série foi eleita uma das sete melhores exposições de fotografia do país, e os prêmios de 1º lugar no Festival de Fotografia de Florianópolis (2022) e no Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre (2022), entre outros.
O evento contará com audiodescrição, garantindo acessibilidade e inclusão de todos os públicos.
Arte, ecologia e responsabilidade coletiva
A mostra se articula em torno de valores éticos e estéticos alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas: valorização da igualdade de gênero e do protagonismo feminino nas artes, educação crítica e de qualidade, redução das desigualdades e preservação do Cerrado como território simbólico e ambiental.
No período da exposição será realizada a COP 30 (Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), em Belém do Pará, o que potencializará o olhar crítico e reflexivo do público. A artista realça que "a escolha do Parque das Águas como espaço expositivo reforça o propósito de democratizar o acesso à arte e integrar cultura e educação ambiental".
Ao propor uma ocupação artística ao ar livre, as artistas reafirmam o papel da cultura como força de transformação social. "Por meio da arte podemos imaginar o futuro e transformar o presente".
A exposição integra o projeto cultural contemplado pelo edital Viver Cultura – Expressões Artísticas (Lei Paulo Gustavo), com financiamento do Governo do Estado de Mato Grosso / SECEL e apoio da Prefeitura Municipal de Cuiabá / LIMPURB.
Encontros
Em sua primeira exibição em solo mato-grossense, a artista propõe um encontro polifônico, convidando as artistas Divanize Carboniere, Liandra Rossetti e Neide Silva a dialogarem com sua obra e ecoarem sua voz sobre as urgentes questões ambientais do nosso Estado.
Jovens estudantes do Instituto Federal de Mato Grosso – Campus Bela Vista, da disciplina Arte2 ministrada pelo artista e Prof. Dr. Marcelo Velasco, se juntaram a este coro, com vozes de esperança e os desejos por um mundo sustentável e com justiça socioambiental e após a realização de oficina, ministrada pelas artistas, quatro obras dos estudantes foram selecionadas para participar da exposição.
Um céu em chamas, um chamado à consciência
Inspiradas nas queimadas que devastam o Cerrado e tingem o céu de tons avermelhados como o urucum, a exposição parte da experiência sensível e política de viver sob um clima cada vez mais árido, quente e insalubre. As artistas transformam essa paisagem de fogo em um discurso visual de resistência, fazendo da arte um espaço de denúncia, de escuta e de regeneração simbólica.
Mesmo que as queimadas cessassem hoje, seus efeitos permaneceriam por décadas. Sob o Céu de Urucum há Esperança? nasce desse reconhecimento de que o colapso ambiental não é futuro, mas presente, e que precisamos imaginar e experimentar outras cosmopolíticas de convivência, responsabilidade e cuidado com o planeta.
