Com um show dinâmico que o próprio artista definiu como uma ‘salada musical’ dos seus projetos, o cantor, compositor, instrumentalista e cineasta Oswaldo Montenegro, se apresentou em Cuiabá na noite desta quinta-feira (21), no projeto Quinta Show, promovido pela Seta Produções. Sozinho no palco, sem a presença da flautista Madalena Salles – acometida por uma hérnia de disco – ele preencheu o espaço com todo vigor e inquietude que lhes são peculiares por meio do bate papos com a platéia e da interpretação de antigos sucessos e canções novas que emocionaram o público cuiabano.
“Com Mada, ou sem Mada (Madalena Salles) o show é sempre uma mistura porque eu vivo de fazer projetos. Pego nuances de todos eles, misturo tudo e faço uma salada no palco. São passagens do meu primeiro longa metragem, o Léo e Bia, do filme Solidões que lançamos agora em novembro, dos discos De Passagem e do novo, Canções de Amor, que estamos lançando agora”, explicou.
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Antes de se apresentar ele conversou com exclusividade com a reportagem do
Olhar Direto/Conceito sobre o show e seus novos projetos como o filme “Solidões”, que estreou no início de novembro em algumas capitais do País, com perspectiva para vir para Cuiabá. Além de escrever e dirigir o longa metragem, Montenegro também atua na obra como o ‘Diabo’ que vaga pelo mundo sozinho, com saudade de Deus.
“Descobri que ‘solidão’ é palavra mais usada em romances e canções. Quando se faz uma pesquisa sobre o medo então, ela ganha de assalto, de morte, ou seja, as pessoas têm medo de ficar sozinhas. Isso despertou meu interesse pelo tema e eu comecei a escrever várias histórias, sobre vários aspectos da solidão. A minha solidão é a minha ansiedade”.
Confira a íntegra da entrevista abaixo:
Olhar Conceito: Você produz muito, respira arte, o seu último CD o De Passagem, por exemplo, é inteiro com canções inéditas. Como é o seu processo de criação?
Oswaldo Montenegro: Eu normalmente componho em casa, agora o processo é bem variado. Eu sou um artista variado por que eu nasci no Rio de Janeiro, morei em Minas Gerais na infância e em Brasília na adolescência, então isso me torna um artista tipicamente brasileiro com tudo que isso tem de mistura. Na hora da criação isso é tudo muito misturado.
Olhar Conceito: E de onde vem inspiração para essa produção, para criar tantas letras e melodias?
Oswaldo Montenegro: Busco inspiração nas coisas que vejo por aí. Nas músicas a gente acaba sempre contando coisas que a gente viu, sobre o que se imaginou, sobre contaram pra gente, ou sobre o que a gente realmente viveu. É basicamente isso que vira música.
Olhar Conceito: Você se enquadraria, ou se definiria em um estilo musical?
Oswaldo Montenegro: Não. Sou um artista brasileiro e o Brasil têm muitos estilos, muitos ritmos. Eu vou fazendo o que dá na minha cabeça. Eu sou um artista que sigo o meu caminho e só vejo por onde andei depois que andei. Não
Olhar Conceito: Vamos falar do filme ‘Solidões’? Ele foi lançado este mês de novembro em algumas capitais dão País, mas esse não é o seu primeiro longa, o que você trouxe de experiência do ‘Léo e Bia’ e aplicou no Solidões para dar mais qualidade à produção?
Oswaldo Montenegro: A gente vai aprendendo com o tempo, mas não identifico especificamente uma coisa só. Eu sei que ‘Léo e Bia’ é muito diferente de ‘Solidões’ por que no primeiro filme era apenas uma história e no segundo são várias histórias entrelaçadas. Solidões são muitos episódios, sempre com esse mesmo tema, mas com personagens diferentes, com enfoques diferentes, então são dois filmes totalmente diversos.
Olhar Conceito: Por que trazer o tema solidão para um filme? Como foi o processo de criação de ‘Solidões’?
Oswaldo Montenegro: Decidi escrever sobre o tema quando eu fiz uma pesquisa e descobri que ‘solidão’ é palavra mais usada em romances e canções. Quando se faz uma pesquisa sobre o medo então, ela ganha de assalto, de morte, ou seja, as pessoas têm medo de ficar sozinhas. Isso despertou meu interesse pelo tema e eu comecei a escrever várias histórias, sobre vários aspectos da solidão. Escrevi sobe a solidão de uma cara no agreste do Pernambuco, a solidão de músico mineiro que vai para Rio de Janeiro tentar ser um astro e acaba sendo músico de rua. Falo também da solidão de uma mulher no bar que espera o namorado que não chega nunca, a solidão da mulher que perdeu a memória, e a solidão do Demônio, que vaga pelo mundo com saudades de Deus. Muitas solidões. Ficamos um ano gravando. Eu também atuo, no filme faço o papel do Diabo. Agora o filme já no ar em sete capitais e espero em breve poder colocá-lo em cartaz e Cuiabá.
Olhar Conceito: Qual é a sua solidão?
Oswaldo Montenegro: A minha solidão é minha ansiedade. Eu como artista sou muito ansioso e essa ansiedade não tenho como dividir com ninguém.
Olhar Conceito: Para finalizar, o que você consome musicalmente? Qual a avaliação que você faz do cenário musical brasileiro atual?
Oswaldo Montenegro: Não posso fazer essa avaliação por que há muito tempo não ouço nada. Acho que isso é uma falha minha, mas não sei o que toca na rádio. Eu consumo muito filme antigo e o que ouço e gosto, são as trilhas de filmes antigos. Só.