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Sábado, 04 de maio de 2024

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Artista plástica dialoga com natureza em sua obras; Conheça Ruth Albernaz

Foto: Stéfanie Medeiros

Artista plástica dialoga com natureza em sua obras;  Conheça Ruth Albernaz
"Retiro semelhanças de árvores comigo. Não tenho habilidade pra clarezas. Preciso de obter sabedoria vegetal”, escreveu Manoel de Barros no “livro sobre o nada”. O poeta afetou a artista plástica Ruth Albernaz de tal forma que aparece em boa parte de suas obras. Mas este trecho em particular, não só “toca a alma” de Ruth, como também a define.

Ruth cresceu no “meio do mato”. Passou seus primeiros anos de vida brincando com a fauna e flora de Chapada dos Guimarães. E assim como a infância é o período mais marcante na vida e obra de Manoel de Barros, também é na de Ruth Albernaz.

Todas aquelas folhas, sementes, animais, cores, formas e volumes do serrado foram traduzidos com uma linguagem artística particular de Ruth, que não só abre uma porta de diálogo com a natureza, mas também nos mostra o olhar singular de uma artista sobre o mundo.

Além de artística plástica, Ruth também é bióloga. Escolheu o curso pela paixão que nutre até hoje pela natureza. Seu tema de mestrado foram os pássaros, figura tão recorrente em seu trabalho. Há outro detalhe de seus trabalhos que Ruth herdou da adolescência: os papéis.

Em um festival de inverno de Chapada, Ruth fez sua primeira oficina de papel artesanal. Ela tinha 13 anos na época. E foi neste período que começou a fazer arte de forma consciente. A fabricação de papéis artesanais, de diferentes texturas e cores, continua até hoje, de forma profissional.



A cada dois anos Ruth dedica-se a pesquisar novas técnicas e materiais para fazer o papel. Neste período, produz um estoque para ser usado até a próxima temporada de produção. No segundo andar de seu ateliê, que também é sua casa, Ruth tem um quarto onde guarda os papéis. São pilhas e mais pilhas das mais variadas cores, materiais e texturas.

Os papéis, mesmo depois de processados e finalizados, ainda guardam aquele característica peculiar que remete a natureza. Prova disso é que um ratinho, aproveitando-se do material abundante e flexível, fez uma casinha para si no quarto de estoque.

Depois deste período de produção e pesquisa de papéis, Ruth deixa a mente divagar e trabalhar. Ela usa diferentes suportes para seus rompantes artísticos: telas, caixas, pedras, lonas reutilizadas, banco, fotografias. Tudo vira arte nas mãos de Ruth. Seus desenhos têm outro nome: rabiscos.

Ruth também rabisca em cadernos. Mas neste caso, há mapas, anotações, trechos de poemas que gosta, trecho de poemas que escreve. O ateliê de Ruth também faz parte de sua obra: uma bagunça harmoniosa, uma junção de linguagens que se entendem. Na prateleira, todos os livros de seu ídolo, Manoel de Barros. Todos presentes do marido, que escreveu belas dedicatórias em cada um.

Cantinho de Ruth: o ateliê

O ateliê de Ruth fica atrás da Igreja Mãe dos Homens, na rua Floriano Peixoto. Ela divide o espaço com um consultório de psiquiatria. Mas a sala de espera e a ala comum são todas decoradas com obras suas. Inclusive com objetos que ela fez de material artesanal, como o baú onde se apóia a televisão.



Uma parede sem porta dá privacidade ao cantinho de Ruth. Nele, a prateleira com os livros e diversos objetos. Há outra estante na parede oposta com seus cadernos, confeccionados por ela mesma com os papéis artesanais. Uma mesa guarda as tintas, as colas, alguns recortes, anotações, colares e é onde Ruth trabalha.

Vestindo uma camisa social estampada, uma bermuda marrom e rasteiras, pulseiras e anéis artesanais, Ruth mostra seu cantinho ressaltando a importância dos ateliês.

Em Cuiabá, o espaço para expor obras artísticas é muito limitado. Por conta disto, o ateliê, além de local de trabalho, também serve como uma espécie de vitrine. Nele, o artista tem autonomia para produzir e para determinar o valor de seu trabalho, bem como para transmitir aos clientes a energia de suas obra.

O ateliê de Ruth atualmente é um espaço pequeno que fica nas salas da frente de sua casa. Por conta disto, tem planos de se mudar para um lugar maior e mais arejado em 2014.

Exposições

Apesar dos poucos espaços para exposição de trabalhos, Ruth foi selecionada para duas galerias temporárias. Uma delas, o “Salão de Artes de Mato Grosso”, aberto no dia 11 de dezembro. Duas peças de Ruth ficarão no Pavilhão das Artes até 21 de fevereiro do ano que vem.

Mas há outros planos para 2014. Ruth foi uma das cinco artistas selecionadas para montar uma galeria no Sesc Arsenal. A exposição ainda não tem data definida, pois será marcada de acordo com a agenda do Sesc. Porém, Ruth já trabalha no conceito e ideias da exposição, sem, no entanto, estragar a surpresa.

Serviço

Para conhecer um pouco mais do trabalho de Ruth, visite o blog da artista clicando aqui. 
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