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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Notícias | Gastronomia

Carne de canguru é vendida em restaurantes e mercados da Austrália

“Não conheço nenhum outro país que coma seu próprio símbolo nacional.” Com essa frase, uma guia de turismo de Sydney resume o estranhamento que causa em muitos estrangeiros o fato de os australianos comerem carne de canguru.

O hábito, arraigado há milhares de anos entre os aborígenes da região, vem se tornando mais comum nas grandes cidades do país. O alimento, antes disponível apenas em alguns açougues especializados em carnes exóticas, já pode ser encontrado nas gôndolas dos grandes supermercados, na forma de bife, hambúrguer, espeto ou salsicha.

Alguns restaurantes também incluíram no cardápio pratos feitos de canguru. É o caso do Meat & Wine Co, uma rede de restaurantes com unidades nas cidades de Sydney e Melbourne. Entre os pratos principais, a primeira opção a aparecer no menu é o filé de canguru grelhado com molho de ervas, chutney de tomate.

A reportagem do G1 esteve em uma das unidades de Melbourne e pediu o prato. O filé veio à mesa acompanhado por batatas, legumes e anéis de cebola empanados. A carne estava suculenta e o gosto não diferia muito do de um filé bovino – o sabor era apenas um pouco mais acentuado.

Segundo o gerente do estabelecimento, o prato faz sucesso, especialmente entre os turistas asiáticos. Mas ele próprio nunca experimentou esse tipo de carne. “Os cangurus são uma praga. Eu os vejo como ratos gigantes”, diz.


Polêmica
De fato, o tema não é livre de controvérsia. Enquanto alguns australianos disseram ao G1 que acham natural consumir esse tipo de carne e que a incluem regularmente em sua lista de compras, outros ainda a consideram um tabu.

Alguns ativistas reclamam de que a comercialização desse tipo de carne fere os direitos dos animais, mas o governo afirma que a exploração comercial de algumas espécies é necessária para o equilíbrio do meio ambiente do país, já que eles são considerados quase uma praga em algumas regiões.
“A população de cangurus aumentou dramaticamente desde a chegada dos europeus ao país”, afirma o site do departamento de comércio australiano. “A exploração é conduzida sob controles ambientais estritos”, continua o site.

Das mais de 40 espécies de canguru presentes no país, a lei permite que apenas as quatro mais abundantes sejam comercializadas, em uma quantidade que depende de uma cota revisada anualmente. Esses animais não são criados em fazendas, mas abatidos na vida selvagem por caçadores licenciados.

Outro argumento a favor do consumo é que a carne de canguru é mais saudável do que outras carnes vermelhas, por ter grande quantidade de proteína, zinco e ferro e pouca gordura saturada – apenas 2% de sua composição, segundo a associação da indústria de canguru do país.

Por esse mesmo motivo, é preciso cozinhá-la com cuidado, porque ela pode ficar seca facilmente. A associação recomenda ensopar a carne em óleo por ao menos 15 minutos antes do cozimento e servi-la ao ponto para mal passada, vermelha por dentro.

O governo afirma que a carne é exportada para mais de 55 países. Rússia e União Europeia são os maiores mercados.

Além da carne, o couro a pele do canguru também são exportados e vendidos dentro da Austrália. Produtos com essa matéria-prima podem ser encontrados em mercados e lojas pelo país.
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