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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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New Journalism

"A Sangue Frio": a história de um assassinato e o livro que revolucionou o jornalismo

Foto: Reprodução

Truman Capote

Truman Capote

A história é aterrorizante e poderia facilmente ser uma invenção de algum cineasta maluco ou roteirista de séries do CSI (Crime Scene Investigation – em português, investigação da cena do crime). Apesar de já ter sido mesmo adaptada para o cinema, a história de “A Sangue Frio” é real e foi relatada primeiramente por Truman Capote.

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O caso contado é o assassinato brutal de uma família inteira, pai, mãe e dois filhos, em uma cidade do interior do Kansas, Estados Unidos. A partir da primeira página do livro já se percebe a nobreza da obra. A narração é tão descritiva que se pode sentir os cheios, ouvir os sons e até mesmo ficar com medo dos assassinos.


                                                                                                                                               Família Clutter

A história é contada em quatro partes. A primeira apresenta os personagens (reais) aos leitores. A família Clutter e os outros moradores de Holcomb e, ao mesmo tempo, os assassinos Perry Smith e Richard Hickock (ou Dick). Para separar uma história da outra, Capote deixava duas linhas em branco antes de começar a falar do outro núcleo.

Conforme a narrativa avança, as duas histórias se cruzam – na noite do assassinato – e se separam novamente, até o momento em que os assassinos são pegos. A dúvida central da história, que nos mantém com os olhos pregados nas páginas, é o motivo do crime e, claro, como ele aconteceu.


                                                                                                                                                             Os assassinos: Perry Smith e Dick

Outro aspecto importante de “A sangue frio” vai além do crime em si. A forma que Truman Capote desenvolveu a reportagem foi incrível: após ler uma pequena nota no New York Times, o jornalista foi até Holcomb e entrevistou familiares das vítimas e dos assassinos, leu documentos oficiais, cartas, diários, observou e assistiu ao enforcamento dos criminosos. Com todo este trabalho, publicou os capítulos separadamente na revista The New Yorker.

Em setembro de 1965, o último capítulo foi publicado. A revista bateu recorde de vendas e em 1966 a grande reportagem foi publicada em livro. Este foi o primeiro livro de jornalismo literário, ou “New Journalism”.

Em 1967, um filme foi produzido contanto a mesma história. Outro legado da reportagem foi o filme “Capote”, que conta a história de como o jornalista produziu o livro. Lançado em 2005, “Capote” ganhou o Oscar de melhor ator, para Philip Seymour Hoffman.

Truman Capote mergulhou na história para produzir a obra prima que é “A Sangue Frio”. Segundo alguns boatos, ele teria se aproximado muito de Perry Smith e até tido um relacionamento amoroso com ele. A verdade absoluta, no entanto, é apenas a de que este livro revolucionou a forma de fazer jornalismo nos Estados Unidos e também ao redor do mundo.
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