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Terça-feira, 16 de abril de 2024

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Diário de Bordo dia 1

Treinamento no Pantanal que orienta líderes a tomar de decisão das empresas em meio a selva

Foto: Jardel Arruda - Olhar Direto/Conceito

Treinamento no Pantanal que orienta líderes a tomar de decisão das empresas em meio a selva
Ir ao Pantanal é sempre uma experiência nova. Não importa quantas vezes você já esteve no lugar, sempre surge algo novo, um jeito diferente que a natureza decide se revelar. No entanto, as vezes a novidade pode tomar forma de uma surpresa totalmente inimaginável. Quando arrumei minha mala e rumei para o escritório da pousada Araras Eco Lodge, antes das 13h daquela sexta-feira (10) da primeira metade de maio, não fazia ideia da verdade sobre os próximos dias.

Araras Eco Lodge consta em guia de associação nacional de hotéis, como "Roteiro de Charme"
No Araras Eco Lodge visitantes 'enfrentam' sua própria natureza e harmonizam com a fauna e flora

Mais tarde, naquele mesmo dia, estaria tendo a degustação disso através de uma trilha noturna. Um grupo de 14 pessoas, sendo 10 deles profissionais liberais com uma carreira sólida ou executivos de empresas como a Eletronorte, caminhavam em meio a noite pantaneira, com seus riscos e perigos, iluminados na maior parte do tempo só pela luz das estrelas.

Todos ali confiavam na experiência dos guias André von Thuronyi, um filho de aristocratas húngaros que nasceu no Brasil e se tornou pioneiro no ecoturismo com mais de 40 anos de experiência no ramo, e Aynore Soares, um militar da reserva da Infantaria de Selva do Exército Brasileiro, e dos coachs Marcelo Homci e Márcia Venturini, para adaptarem as situações de superação na selva pantaneira para a selva do mundo dos negócios.

Partida da cidade industrial ao Paraíso das Aves

 
Encontrei com minha parceira de viagem, a jornalista Stefanie Medeiros, em frente ao escritório da pousada Araras Eco Lodge, localizado na região dos hotéis de Várzea Grande. O ponto fica estrategicamente próximo ao Aeroporto Marechal Cândido Rondon, a porta de entrada do mundo exterior para o Pantanal. Quem vem de fora com intuito de fazer turismo, a menos que tenho feito uma improvável viagem de ônibus, chega em Mato Grosso por ali.

Nos poucos minutos que esperei por ela, os mais de 30 graus Celsius, somado a onda de poeira causada pelas obras do VLT que interditou metade da avenida João Ponce de Arruda, onde fica o escritório da pousada, que dava um tom avermelhado a atmosfera e complicava o trânsito local eram lembretes constantes de porque sair da cidade era uma boa ideia antes mesmo de se levar em conta toda beleza do Pantanal.

Assim que minha parceira chegou, fomos recebido por André von Thuronyi e descobrimos que participaríamos do primeiro evento fruto de uma parceria entre a Araras e as empresas MC Consultoria e Zetta Coaching. Seria um treinamento em Coaching e Team Building, com o diferencial de ser prático, em meio ao Pantanal e cheio de provas de superação.

“A ideia é tirar esses empresários do seu ambiente de conforto. Vamos colocar esse pessoal em situações reais em vão precisar tomar decisões. Imagina trazer todo mundo de uma empresa e colocar em uma prova de superação”, explicou Thuronyi, apontando seus braços esguios e ágeis, ora para um lado, ora para outro.

“Aí quem você esperava que fosse o líder não faz nada e uma outra pessoa toma as rédeas da situação. É uma possibilidade de conhecer melhor o seu pessoal e também de quem participar se auto conhecer e evoluir”, completou, para em seguida já sair correndo resolver outras questões. André não para nunca.

Andar para lá e para cá faz parte da personalidade que o fez sair de casa ainda adolescente, quando começou a trabalhar como guia no Rio de Janeiro para manter a faculdade de Engenharia Eletrônica. Depois de formado começou a guiar estrangeiros pela Amazônia, pelas Ilhas de Marajó, até descobrir o Pantanal e se apaixonar pelo ecossistema alagadiço para onde migram aves de todo continente americano.

E como essas aves, migrei de Várzea Grande, a cidade industrial, para o Pantanal, em um van de translado na qual eu e minha parceira fomos acompanhados pelo consultor Nelson Almeida, 54, sua namorada, a psicóloga e servidora do STF Mayra Valle, 49, que fariam parte do time de treinamento em coaching.

Além deles, Catherine Hamilton, uma observadora de pássaros de Nova York, EUA, que aproveitou a vinda ao Brasil para palestrar em São Paulo e decidiu conhecer o Pantanal. Curiosa, ela prestava atenção nas conversas dos brasileiros e rapidamente estava falando um bocado de português.

A primeira noite na pousada

Chegamos a pousada ao fim da tarde. A viagem foi um pouco mais longa que o normal devido às paradas no meio do caminho para tirar fotos de aves, jacarés e ribeirinhos pescando dentro de rios cheios de piranhas. Assim que desembarcamos da van fomos recebidos pelo guia residente e diretor de segurança da Araras Eco Lodge, Aynore Soares, que deu uma força com a bagagem de todos.

A beleza e o espírito da pousada pode ser sentido tão logo chega-se nela. Tão logo passamos pela placa onde estava escrito “Araras Eco Lodge” e entramos na estrada que entra na propriedade, avistamos capivaras caminhando pelo meio do pátio da sede.

Tranquilas, as capivaras não se incomodavam com a presença humana, com o ronco do carro que chegou, nem com os estranhos descendo do veículo. Nos dias seguintes elas se mostrariam ainda mais a vontade, passeando de frente à recepção, onde normalmente ficam conversando alguns hospedes no meio tempo entre uma atividade e outra.

Ao entrar no quarto, mais um sinal sobre como funciona o lugar. Nada de televisão. Ao invés de um “hotel-de-luxo-no-meio-do-mato”, estávamos em um refúgio ecológico, um lugar que combina a rusticidade da selva pantaneira com a sensação acolhedora de se estar em casa para desligar os “urbanoides” da vida na cidade.

Com todos devidamente acomodados, o grupo se reuniu em uma sala cujo teto é feito de palha e a parede uma telinha que serve para evitar a entrada de insetos. Um grupo heterogêneo, formado por executivos já consagrados e outros que assumiram recentemente o alto cargo de confiança ou então por profissionais liberais de carreira já sólida.

Estavam ali os já apresentados Nelson Almeida, Mayra Valle, o gerente geral da Unicred, Rogério Lang, o gerente geral da Agro Amazônia, Rafael Teixeira, 36, o superintendente da Eletronorte, Caetano Belém, o gerente regional do SPC, Fábio Granja, a chefe do Departamento de Comunicação da CDL, Honéia Vaz, e a psicóloga Cristina Carvalho, psicóloga da Anhambi Alimentos Norte.

Apresentações feitas, os quatro “instrutores” do treinamento, o master coach Marcelo Homsi, a consultora Márcia Venturini, o expedicionário André von Thuronyi e o guia Aynore Soares levaram a turma para o primeiro desafio: A trilha noturna. Cheia de surpresas, é claro.



André e Aynore lideravam o grupo em direção a noite sombria do pantanal, parando para mostrar insetos e outros animais noturnos, como morcegos, além de fazer todos contemplarem as estrelas. E a se guiar por elas também. Usar os elementos naturais para se guiar seria crucial nos dias seguintes durante uma das provas de superação.

Depois, quando todos já estavam longe da pousada, em uma estrada ladeada por um alagadiço e por um trecho totalmente preservado de selva, o responsável pela segurança do grupo, Aynore, simplesmente desapareceu no escuro.

Apesar da “pegadinha”, o grupo se manteve coeso e tranquilo. A presença de André foi suficiente para acalmar todos e, mesmo sem a presença de Aynore a maioria consegui convencer os relutantes a cruzar o trecho de selva por uma trilha.

Observamos uma árvore de mais de 20 metros de altura que parecia ter um útero, pronto para receber quem precisasse de ajuda. Alguns assustaram-se com os pássaros que deram rasantes sobre nossas cabeças. Mas todos continuaram.

Do outro lado, uma caminhonete ao estilo “safári na África” já nos esperava para levar todos de volta a pousada. Inclusive Aynore, que voltou ao grupo depois de ter seguido todos por uma trilha paralela pelo meio da mata, imitando sons de animais para passar despercebido e, claro, assustar todos. Primeiro desafio vencido, agora era hora de superar o segundo. Os mosquitos. Mas isso seria fichinha perto dos outros que viriam.
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