Com quase 40 anos de vida dedicados à medicina, o cardiologista e clínico geral Marcelo Sandrin conta com um histórico de mais de 300 mil pacientes e avalia que o abolição do álcool, do fumo e do sal são imprescindíveis para garantir qualidade de vida à população. Defende ainda a adoção de medidas severas para coibir o uso por parte do Governo Federal, assim como o fomento a campanhas educativas e a desconstrução de valores que são massificados diariamente. Em meio a sua rotina diária, que se inicia às 4h30 da manhã e prossegue até às 20h ou mais, o médico passa ser colaborador do Olhar Conceito. Quinzenalmente, ele ocupará um espaço para fornecer dicas de saúde à população.  

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“Para saúde, de um modo global da população, não há dúvida, a primeira coisa a fazer abolir o fumo. Depois o álcool e a ingestão de sal. Três atitudes que poderiam fazer a diferença em um painel já antigo e repetido. Os maiores cientistas do mundo, 25% deles, foram unânimes, em afirmar que o ser humano teria de abolir o cigarro. Em termos individuais a coisa muda de figura: senão vale a máxima de parar de usar sal. Você pode reduzir em 50% de um dia par ao outro e não iria fazer a menor diferença. Um bebe vive seis meses só com o leite materno. Ele é ensinado a consumir sal”.

Recente pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que visitou cerca de 80 mil domicílios em 1.600 municípios de todo o país, apontou que o Brasil tem 31,3 milhões de hipertensos, 27,0 milhões de pessoas com problemas na coluna e 2,2 milhões de adultos que já sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Cerca de 12,5% da população foi diagnosticada com colesterol alto, 6,2% com diabetes e 4,2% com alguma doença cardiovascular. Os dados apontam ainda que eram fumantes diários 12,7% dos adultos e 17,5% eram ex-fumantes.

“Acho que temos de ir um pouco além. Tem que fazer como já aplicada em alguns países. Aplicar penalidades às pessoas que se expõem a álcool e fumo. Penso que a lei seca não vai virar em nada. No caso do tráfico, existe uma lei que é burlada continuamente. Aqui no Brasil, o usuário de drogas vive melhor do que o pobre coitado que trabalha como lixeiro. O cara quer fumar, se destruir, só que não vai ter assistência se tiver câncer de pulmão. Aumenta o imposto dele. O que tem sido feito, as seguradoras, por exemplo, se recusam a aceitar. Das duas uma: ou ele sobretaxa, nos EUA ele custa uma fortuna ou outra coisa que tem surgido no primeiro mundo, vamos tirar a boa vida do cara. Aquele que vai fumar, beber, usar droga vai repensar.”

Crítico, cita que “a abolição do álcool é a principal medida pelo 'bem do povo". "No sábado pela manhã as 5h15 da manhã. Um bêbado não viu que eles estavam parados no semáforo. Eu estava vindo pro hospital as 5h20 da manhã e me deparei com uma situação em que um bêbado atropelou e matou uma pessoa. Na realidade, também não são casos pontuais. O mais importante o álcool é o maior destruidor de famílias que existe no mundo”.

Questionado sobre as medidas de intervenção prementes ele e taxativo: “O governo precisa se menos desavergonhado. Por exemplo, no horário do futebol. A bebida é sempre associada ao álcool. E em segundo lugar: que eu use parte do dinheiro que dispõem para fazer campanhas educativas que mostrasse a realidade das coisa. O brasileiro vai se saturar de ver novas a televisão querer destruir as famílias e montar novas famílias, mas não vai ver dizer que você não deve usar álcool.

Ele exemplifica o verdadeiro bombardeio de mensagens subliminares veiculadas diariamente. “o que acontece com um artista, com um personagem de uma novela? Qualquer problema com um personagem. O mocinho brigou com a mocinha. O que acontece? O cara sempre faz? Pega um carrinho cheio de bebidas e toma uma talagada. No rei do gado, caiu o avião, o que se faz? Toma uma talagada de uísque. O que é isso? Mensagem subliminar e o que está fazendo? Enchendo o copinho de pinga como se fosse agua. Isso não é censura. Isso daí é você colocar uma ordem em quem não tem livre arbítrio. Porque ele deve ser garantido a quem tem o mínimo de consciência”.