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Sexta-feira, 17 de maio de 2024

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Consolidação: Baixada Santista, a 'segunda casa' do funk no Brasil

Consolidação: Baixada Santista, a 'segunda casa' do funk no Brasil
Em 2004, após quatro anos na prisão, Danilo, da dupla Danilo e Fabinho, saiu da cadeia e participou de seu primeiro show após o período de cárcere. O Clube Atlético Portuários de Santos, no litoral de São Paulo, conhecido por receber nomes importantes da música brasileira, recebeu os músicos após anos de hiato, com lotação máxima – cerca de 12 mil pessoas. O evento marcou um dos principais momentos da história do funk na Baixada Santista.


Após o show “apoteótico” da dupla Danilo e Fabinho, o funk se solidificou no litoral paulista, com a criação de uma identidade própria. O fim da violência nos bailes e a extinção das brigas “Lado A x Lado B” fizeram com que o público que não consumia o funk por medo passasse a tomar conta do nicho.

As pessoas também passaram a conhecer o “proibidão” – ritmo com letras referentes a facções criminosas e uso e consumo de drogas. Mesmo não sendo novidade, o estilo passou a figurar entre os mais consumidos pelos fãs de funk. Uma das duplas marcadas pelo ritmo foi Renatinho e Alemão, que chegou a ser intimada a prestar esclarecimentos ao Ministério Público. “Essas letras são como filmes, não há nada de crime nisso. Se o 'proibidão' é crime, essas séries de TV e filmes de ação, entre outras coisas que também falam sobre violência, são o quê?”, questiona Alemão.

Com mais consumidores, a procura por novos MCs aumentou. Duplas como Careca e Pixote, Bola e Betinho, Totto e Kbça, Cosme e Dingo, Cláudio e Ratinho e Renatinho e Alemão, além de nomes como Neguinho do Caxeta, Primo, Duda do Marapé, Dinho da VP e Barriga se destacavam como os principais expoentes do ritmo. E o sucesso ultrapassava as fronteiras do Estado. “Nós começamos, aos poucos, a entrar em outros estados, principalmente em Minas Gerais e alguns estados do Centro-Oeste. Passamos a entender o poder de alcance do funk da Baixada Santista”, afirma Renatinho, que também é intérprete da escola de samba União Imperial.

No entanto, mesmo com um nome cada vez mais forte em alguns pontos do país, o funk ainda enfrentava dificuldades para entrar no panorama musical da cidade de São Paulo – os paulistanos chamavam o ritmo de "rebola jaca". Muitos cantores do litoral relatam que enfrentavam a resistência de diversas casas de show, mesmo com o rap, principal som da periferia à época, em processo de reformulação. Porém, aos poucos, o estilo conseguiu se firmar também na Capital.

Na Baixada Santista, as primeiras casas especializadas em funk foram surgindo, substituindo os clubes que recebiam bailes antes da década de 90. Santos e São Vicente concentravam os principais nomes e casas de show do ritmo na primeira década dos anos 2000.

Com relação à divulgação, o funk continuava dependendo bastante das rádios e CDs – era normal ver coletâneas reunindo sucessos de vários MCs. No entanto, com o "boom" da internet, o ritmo conheceu uma outra maneira de se propagar. Um dos principais responsáveis pelo crescimento do funk para o resto do mundo foi o site funkmp3.net, criado por dois moradores da Baixada Santista, de forma independente. “Nunca esperamos que chegaríamos tão longe”, diz um dos autores da plataforma, Dennis Romano.
Nesta quinta-feira (28), o G1 publicará uma nova reportagem sobre o assunto. Na terceira matéria da série, famosos nomes do funk falarão sobre as "mortes de abril", que mudaram o cenário do ritmo na Baixada Santista. Não deixe de acessar!
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