CABO CANAVERAL, Estados Unidos - A sonda espacial New Horizons, da Nasa, está se aproximando rapidamente da complexa superfície de Plutão, cheia de relevos, sombras e zonas claras. O planeta-anão é o mais distante já explorado pela Humanidade.
Neste domingo, a Nasa liberou a imagem mais recente já capturada do astro, a cerca de 4 bilhões de quilômetros de distância dele. Nela, é possível ver de maneira mais nítida e detalhada formações circulares e intrigantes na superfície do planeta. Astrônomos acreditam que algumas delas possam ser crateras. As linhas precisas que delimitam as áreas escuras das claras ainda sugerem que possa haver penhascos no planeta.
A imagem traz clareza a quatro pontos escuros de Plutão, que estão no lado do planeta-anão que é virado para sua maior lua, Charon. A New Horizons vai perder esse lado de Plutão quando passar perto do astro, na terça-feira, o que significa que essa imagem é “a melhor visão que qualquer pessoa terá do lado mais distante de Plutão pelas próximas décadas”, segundo a Nasa.
De acordo com a agência espacial, os quatro pontos escuros são conectados a um cinturão que se estende por toda região equatorial de Plutão, e eles parecem ser quase iguais em tamanho e espaçamento. As áreas escuras devem ter cerca de 480 quilômetros de diâmetro.
— É estranho que eles estejam espaçados de modo regular — comenta o cientista Curt Niebur, do programa New Horizons, em um comunicado.
Pelo menos por enquanto, a fonte dessas manchas terá de permanecer um mistério.
— Nós não podemos dizer se elas são planaltos ou planícies, se são variações de brilho em uma superfície completamente lisa — afirma Jeff Moore, do Centro de Pesquisa Ames da Nasa.
A nova imagem mostra as manchas escuras em maior detalhe do que nunca. O terreno parece ser mais complexo do que os cientistas imaginavam, e as fronteiras entre as áreas escuras e brilhantes são “irregulares e bem definidas”, segundo a Nasa.
Os cientistas esperam, em breve, aprender mais sobre essas manchas escuras e claras, bem como sobre as crateras de impacto formadas quando pequenos objetos atingiram a superfície.
— Quando combinarmos imagens como esta, que mostram o lado mais distante de Plutão, com outras composições e cores já capturadas pela nave espacial, mas ainda não enviadas à Terra, esperamos ser capazes de ler a história da superfície de Plutão — diz Moore.
Da atual posição da New Horizons, a 4 bilhões de quilômetros da Terra, os sinais de rádio, viajando à velocidade da luz, levam quase quatro horas e meia para chegar ao nosso planeta. No entanto, nesse momento, a sonda, que está há nove anos viajando em direção a Plutão, não está gastando tempo ou energia enviando imagens ou dados captados por seus sete instrumentos científicos para o escritório da Nasa. Agora, a New Horizons está em piloto automático, concentrando todo o seu potencial para reunir informações valiosas que levarão a espaçonave ao ápice de sua missão: passar o mais perto possível de Plutão e de suas cinco luas e, então, registrar suas imagens. O grande encontro ocorrerá na terça-feira. Os dados serão transmitidos para a Terra durante os próximos 16 meses.
— Você tem que gostar muito de uma recompensa de longo prazo para estar nessa missão — brincou o cientista que chefia a operação, Alan Stern.
A nave espacial, do tamanho de um piano de cauda e pesando pouco mais de 454 quilos, não leva consigo um propulsor capaz de disparar foguetes para desacelerar sua velocidade e entrar na órbita de Plutão. Por isso, a sonda terá apenas uma chance de coletar a maior quantidade possível de informações ao apenas passar perto do planeta.
A expedição promete fazer a maior revelação espacial dos últimos 25 anos. Nenhuma descoberta tão grandiosa era feita desde que a sonda Voyager 2 lançou luz sobre Netuno em 1989.
A nave espacial mais rápida já lançada carrega o mais poderoso conjunto de instrumentos científicos já enviados em uma missão de reconhecimento de um mundo novo.