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era do consentimento

Cecília Neves desbrava a vagina: as bandeirantes de sutiã

17 Jun 2013 - 16:45

Especial para o Olhar Direto - Cecília Neves

Há algo de fascinante sobre as mulheres. Disseram-me esta semana que o maior fascínio que a beleza feminina exerce nas pessoas é o mistério, muitas vezes aliado à indisponibilidade, sorriso discreto e ligeiramente pervertido. Não concordo inteiramente: a caça é divertida em um bar com bons drinks, música e confidências trocadas entre amigos. Mas não gosto de caçar mulheres. E nem homens, aliás. Gosto de conhece-los.

“Há idade para tudo”, dizem nas igrejas, escolas e outras instituições que supostamente formam o caráter e te preenchem com a moral. Olhando para o mundo, dá para ver que não é o caso. Mas no meu, foi.

Apesar de gostar dos homens (ou do pessoas do sexo masculino) e tê-los em alta conta, vou deixá-los de lado hoje. Quero dedicar-me as mulheres, não só no texto, mas nas experiências. Por maior que fosse a curiosidade, não as conheci de perto, no sentido sexual e atrevido da palavra, por um muito tempo. Mas aos poucos, minhas amigas iam descobrindo este novo universo que se abria e tinha lábios, buracos, cores, cheiros e texturas.

-Mas como é que é? - eu perguntava cinco anos atrás, não conseguindo entender os segredos da vagina. Como, em sã consciência, alguém chuparia aquela região que ficava molhada e tinha cheiro próprio, forte?

-Não sei, é normal - respondia qualquer que fosse a amiga que tinha tido a última experiência bem sucedida com outra mulher - É bom.

-Não é nojento? - insistia ingenuamente, sem saber que não, não era nojento. A não ser que a mulher o fosse, mas nesse caso não é culpa da vagina. A imagem de meu antigo professor de biologia desenhando uma vagina no quadro e explicando doenças sexualmente transmissíveis não me saía da cabeça, muito menos as palavras que seguiram a explicação: “Cuidado antes de cair de boca”.
                                                                                                                                                                                                                              


A verdade é que eu tinha uma visão muito teórica da vagina. As que eu conhecia de vista ou de falar eram rosadas por dentro, com as pontinhas dos lábios interiores roxa, muito lubrificadas e sucetíveis a situações desagradáveis, como infecções, corrimento, coceira, pêlos pubianos inflamados ao redor... Tudo o que poderia acontecer naquela região que fosse visualmente repugnante e medicamente diagnosticado como “não caia de boca”, na minha cabeça, iria acontecer.

Graças aos peitos, o tempo passou e a curiosidade e atração por mulheres não diminuiu. Depois de receber o cartão branco de universitário e ter licença acadêmica para a experimentação sexual, a teoria finalmente entrou em prática. E como sempre, foi bem melhor. E completamente diferente dos slides de biologia.

O nome dela não era Amanda, mas é assim que vamos chama-la até o final deste texto. Amanda foi uma surpresa agradável e definitivamente inesperada. Éramos completas estranhas até o dia em que nos conhecemos, e nesse mesmo dia, nos descobrimos. E isso inclui a vagina.
















Nikolai já havia desmistificado o sexo oral para mim. O fazia com tanta vontade, tanto gosto, tanta fome, que a noção que eu tinha de a vagina ser nojenta já havia pego as malas e ido embora há tempos. Mas mesmo assim, nunca tinha ficado cara a cara com uma, até aquele momento.

Não sei se atingi um nível de escrita suficientemente maduro para descrever o que é uma vagina. Muito menos o que é experiência-la no sentido mais literal da palavra, não só no físico, com língua, mãos e outras partes do corpo, mas com o emocional também.

Estava lubrificada, obviamente. O cheiro não era ruim, era bom, peculiar. Era o cheiro da Amanda. O gosto era forte, mas ia se dissolvendo na boca. Dava para sentir uma fileira de anéis com os dedos, quando se entrava bem fundo.

Era diferente das que eu conhecia e, embora ninguém goste de mudanças, apreciei aquela de todas as maneiras que consegui pensar na hora. Amanda também ajudou, ela sabia mais do que eu sobre o assunto. Ela era ousada e direta de um jeito que eu jamais poderia ser. Fora do papel, pelo menos. Dizia coisas como “eu sou muito cachorra” ou “eu gosto de safadeza mesmo”. Éramos contrastantes em tudo, mas nunca me dei tão bem com outra mulher quanto com ela.



Se você pensou, por um momento que fosse, que isto seria um ode à vagina, bom... você estava certo. Mas a vagina não é perfeita. Para a vagina gostar de você, você simplesmente tem que gostar dela. E se você não gosta, então dificilmente vai ser uma coisa agradável para qualquer uma das partes envolvidas.

*Cecília Neves é escritora, curiosa sobre o sexo, escreve no Olhar Conceito aos domingos e quer que você compartilhe experiências pelo e-mail cecilia.neves25@gmail.com
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