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Notícias / Artes visuais

Artista de Cuiabá denuncia calote na venda de obras de arte realizada por intermediários

Da Redação - Naiara Leonor

“Uma situação que já vem acontecendo há muito tempo, mas que ninguém se manifesta publicamente sobre o assunto”. Esse é parte do desabafo feito para a reportagem do Olhar Conceito pelo artista plástico Valques Rodrigues sobre um grupo de pessoas que vem aplicando golpes em artistas de Mato Grosso.

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Segundo Valques, esse grupo de pessoas está agindo em Cuiabá, Várzea Grande, Mato Grosso do Sul e já houve denúncias de artistas em Rondonópolis também. Essas pessoas que Valques preferiu não identificar, chegam ao artista com a proposta de intermediar a venda de obras entre eles e os clientes.

“Eles chegam e compram dois ou três quadrinhos e pagam na hora para conquistar a confiança do artista. Ai a pessoa fica animada e não recusa quando eles pedem para levar algumas obras para mostrar a possíveis compradores. Só que eles não voltam para pagar ou devolver o produto e o artista fica no prejuízo”, relata Valques.

O artista explica que a venda de arte funciona de duas maneiras: ou o artista vende a obra para esses intermediários por metade do preço para que eles revendam as obras, ou pagam uma porcentagem ao intermediário, que gira entre 25% e 30% do valor da peça. No primeiro caso o pagamento é feito na hora, já no segundo o intermediário leva a obra para oferecer à possíveis compradores, muitas vezes apenas com um contrato verbal. E é nesse momento que o calote acontece.

“Aí quando o artista vai entrar em contato para saber do dinheiro ou da devolução da obra vem as desculpas: estou doente, o cliente está doente, estou viajando, o cliente viajou, o cliente ainda não pagou, meu celular estragou”, explica Valques.

E essa situação já aconteceu com nomes conhecidos no meio da arte mato-grossense como Nilson Pimenta, Adão Domiciano, Aleixo Cortez, Gonçalo, Cherle Pimenta. Mas o principal alvo dessas pessoas são aqueles artistas menos conhecidos que veem nesses intermediários a chance de aumentar a venda de suas obras e a visibilidade de seus trabalhos.

“Os artistas que têm menos contatos no meio, que são menos conhecidos do público ficam reféns dessas pessoas, pois precisam vender seus trabalhos e acreditam que elas podem ajudar, ai acabam caindo no golpe”, diz Valques.

Valques Rodrigues diz que veio a público a pedido de outros amigos artistas que sofrem a muito tempo com a situação e que por conta do desgaste jurídico de acionar esses falsos intermediários judicialmente acabam perdendo seus trabalhos e dinheiro.

“Ninguém pensa que um tubo de tinta nacional custa R$25 e que só para deixar a tela branca gastamos em torno de R$100. Como ficam os artistas que vivem da arte e não recebem?”, desabafa Valques.

Para contornar a situação, Valques recomenda que os artistas tomem cuidado para quem entregam seus trabalhos e que os clientes entrem em contato com o próprio artista quando quiserem adquirir uma obra.

“As secretarias estaduais e municipais de cultura podem informar o contato dos artistas para quem desejar. Se lhe oferecerem uma obra de um artista qualquer, tente entrar em contato com ele para confirmar a autenticidade da peça e se ela está sendo comercializada legalmente”, pede Valques.
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