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Com desinteresse da nova geração, cursos de 'rede no tear' são solução para tradição não morrer

Da Redação - Isabela Mercuri

Colocar as linhas no tear é o primeiro desafio, que para Lucinei Antônioi Pereira, a famosa Giva, já não passa de um gesto automático. Natural da comunidade de Limpo Grande, a várzea-grandense aprendeu, com sua mãe, a fazer redes aos 12 anos. Hoje, com 47, ensina a técnica na Casa de Artes de Várzea Grande para que a tradição não morra.


Giva ensinando Heronilda (Foto: Rogério Florentino Pereiro / Olhar Direto)

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“Lá na minha comunidade, por exemplo, a minha mãe me ensinou, mas a minha filha não quer mais aprender”, contou ao Olhar Conceito, enquanto ministrava sua aula na manhã da última quinta-feira (3). Giva já deu aulas pelo governo do estado em diversas cidades de Mato Grosso.

Uma de suas alunas, Helonilda Cerqueiro, 57, quase desistiu no primeiro mês de aula. “Eu trabalho aqui na Casa de Artes há 22 anos, e faço crochê. Me interessei porque já mexia com linhas e acho lindo os bordados do tear, mas quase desisti ano passado porque é muito difícil! Eu quero parabenizar as rendeiras. Tem gente que acha caro pagar mil, mil e quinhentos reais em uma rede... hoje eu digo que pagaria três mil reais, de tanto trabalho que dá pra fazer”, afirmou.


Heronilda Cerqueiro (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)

Segundo a aluna, ela teve incentivo tanto da nova professora quanto da colega Valdirene Da Silva, uma das poucas que sobraram, já que o curso começou com 15 alunas e hoje, três meses depois, tem apenas três.

Val também tem experiência com crochê e ponto cruz, e depois de alguns meses de aula no tear comemora que já conseguiu fabricar seu tear e praticar a técnica em casa. Ela conta, ainda, que tem um filho e uma filha, e que a menina já se interessou pelas técnicas de artesanato, mas não quis aprender sobre o tear.


Valdirene da Silva (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)

Apesar da dificuldade declarada pelas alunas, Giva afirma que em um mês já é possível pegar as técnicas iniciais. As rendeiras de Várzea Grande formam um grupo muito importante para a cultura da cidade e a arte de tecer foi considerada, inclusive, Patrimônio Cultural da cidade.

Segundo a prefeita Lucimar Campos (DEM), esta arte só é encontrada aqui: “Você tem, por exemplo, as redes do nordeste, mas a gente sabe que são feitas num processo industrial. As redes de Várzea Grande são as melhores do Brasil, porque são feitas de forma 100% artesanal pelas rendeiras”, afirmou.

Quem quiser aprender a técnica pode se inscrever no curso gratuito da Casa de Artes de Várzea Grande. As aulas são ministradas de manhã e à tarde, duas vezes por semana. Mais informações pelo telefone (65) 3682-6640.
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